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Ponta Grossa quer ampliar acesso a linhas de crédito empresariais

Pesquisas feitas com empresários locais basearam a produção de políticas públicas que visam recuperar economia local com foco nos pequenos negócios

Foto: Arquivo DC

Durante a pandemia um terço das empresas de Ponta Grossa acessou algum tipo de crédito para recompor fluxo de caixa e/ou financiar a folha de pagamento. Este é um dos resultados da série de pesquisas feitas através de questionários e que baseou o estudo que propõe políticas públicas para a retomada do crescimento econômico no pós-pandemia. O relatório técnico do eixo que trata sobre investimentos é assinado pelo prof. Dr. Emerson Martins Hilgemberg, economista que é chefe do Setor de Ciências Sociais Aplicadas da UEPG.

A pesquisa também investigou as razões pelas quais as empresas não fizeram uso das linhas de crédito emergenciais: cerca de 54% declararam não necessitar do crédito, 18,15% tentaram acessar, mas não tinham garantias pra dar na obtenção do financiamento, 8,93% disseram que não ficaram sabendo dos créditos que poderiam acessar, 7,14% afirmaram não saber como acessar e 11,61% atribuíram a outros motivos.

“A ausência de garantias é um problema importante para todos os setores exceto o industrial. Além disso, é possível ainda verificar que as dificuldades financeiras que impedem o acesso ao crédito estão basicamente concentradas nos pequenos negócios [MEIs e MEs]”, aponta o estudo.

Novos investimentos

A pesquisa também aponta que pouco mais de a metade (51,39%) dessas empresas que responderam o questionário fizeram algum investimento no ano passado, porcentagem progressiva por porte: enquanto que entre os MEIs apenas 32,3% conseguiram fazê-lo, entre as grandes 91,3% responderam afirmativamente.

“É importante notar que a crise parece não ter afetado a propensão a investir das empresas pesquisadas. Cerca de 85,26% delas declararam que pretendem realizar algum investimento no seu negócio”, relata o estudo, destacando que “é importante também mencionar que parcela considerável das empresas que investiram em 2019 pretende continuar investindo e parecem não estabelecer uma linha de corte baseada na pandemia”.

Entre as que não têm planos de investimentos, o maior impedimento citado é a incerteza quanto ao futuro, que afeta 58,11% empresas. “De acordo com as respostas, as condições de caixa da empresa importam mais que as taxas de juros em todos os setores analisados”, complementa o relatório técnico assinado por Hilgemberg.

Proposições

Considerando os resultados da pesquisa e outros dados técnicos, o estudo sugere políticas públicos de curto e médio prazo. Uma delas é focar no ensino ao acesso às linhas de crédito disponíveis, com foco em MEIs e MEs. “Em que pese o fato de que já existem iniciativas, tais como a Sala do Empreendedor de Ponta Grossa ou o aplicativo Linhas de Crédito desenvolvido pelo SEBRAE, a pesquisa indicou que ainda há uma parcela importante de pequenos empreendedores que desconhecem tais iniciativas”, aponta o relatório técnico.

“Além disso, também seria importante promover o aumento do volume de crédito ofertado nestas linhas específicas, além de reforçar as políticas de fundo de aval, na medida em que a incapacidade do empresário em prover garantias mostrou ser um fator limitante na obtenção de crédito”, sugere a publicação. Que também cita que ações como a garantia de financiamentos concedidos por instituições financeiras devem ser melhor divulgadas e ampliadas.

Além de citar o fomento à participação de pequenos negócios em compras públicas, assim como outro eixo do estudo já abordado pela série de reportagens especiais do Diário dos Campos sobre o tema, há ainda a proposta de desenvolvimento de programas de mentoria empresarial destinados ao pequeno empreendedor. “Neste modelo, empresários já estabelecidos poderiam atuar como padrinhos de uma empresa, compartilhando seus conhecimentos adquiridos com a experiência, aconselhando os mais novos sobre os pontos fortes e fracos dos seus negócios”, aponta o Plano.

Médio prazo

A médio prazo, a proposta é focar no desenvolvimento da capacidade empreendedora da população. “Uma iniciativa importante poderia ser a inclusão do empreendedorismo na educação municipal e estadual, bem como políticas públicas visando aumentar o acesso ao empreendedorismo por parte de grupos sub-representados, tais como mulheres, negros e deficientes físicos”, conclui o relatório técnico voltado a investimentos.

O estudo

Após a realização de três pesquisas junto a empresários da cidade para medir o impacto das medidas de combate à covid-19 na economia local, uma parceria entre entidades de Ponta Grossa (CDEPG, Prefeitura Municipal, ACIPG, Sebrae e UEPG) elaborou um estudo que propõe políticas públicas para a retomada do crescimento econômico da cidade no pós-pandemia.

O trabalho possui 215 páginas e divide as ações em seis dimensões: Atividades Produtivas e seus Encadeamentos; Exportações; Investimentos; Inovação; Qualificação; e Reorganização de Espaços Produtivos e Jornada de Trabalho, que estão sendo detalhadas em uma série de reportagens especiais produzidas pelo portal dcmais o jornal Diário dos Campos.

Agora, as entidades envolvidas no projeto buscam viabilizar a aplicação das medidas apontadas no plano de retomada econômica. Uma das formas é solicitar que a proposta faça parte do plano de governo do próximo prefeito de Ponta Grossa; por isso, ele será encaminhado aos atuais candidatos para que possa ser integrado ao plano definitivo de governo, entregue ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) logo após as eleições.

Confira as outras reportagens da série:

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