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Estudo sugere criação de site gratuito para divulgar prestadores de serviços de Ponta Grossa

Baseados em pesquisas feitas com empresários locais, especialistas traçaram políticas públicas que visam impulsionar economia de Ponta Grossa, principalmente através de pequenas empresas

Foto: Divulgação

Dando sequência à série de reportagens especiais sobre o estudo que propõe políticas públicas para a retomada do crescimento econômico de Ponta Grossa no pós-pandemia, o Diário dos Campos explica hoje quais são as sugestões relacionadas às atividades produtivas e seus encadeamentos. Este relatório técnico é assinado pela prof. Dra. Augusta Pelinski Raiher, economista especializada em Desenvolvimento Regional e Agronegócio.

“Foram feitas análises de fatores que podem induzir o dinamismo das atividades produtivas no curto (focando no comércio e serviço) e no médio prazo (indústria e serviço) em Ponta Grossa. Neste último, o foco centrou-se no fortalecimento dos encadeamentos produtivos locais”, explica o estudo.

Esta proposta a médio prazo prevê a realização de ações que induzam a um ciclo de compras da própria cidade, com a criação e/ou atração de indústrias e prestadoras de serviços que pertençam aos setores que já são fortes na cidade, como o metalmecânico, por exemplo, e a promoção de encontros periódicos que aproximem os compradores dos vendedores.

A justificativa é encontrada nas pesquisas feitas com os empresários locais: praticamente 4 a cada 5 indústrias disseram que não compram bens intermediários de Ponta Grossa; entre elas, 79% justificaram não existir produção local do que precisam e 19% afirmaram existe, mas o preço é mais alto do que em outros lugares – e quando questionadas se existissem produtos locais com a mesma qualidade e preço daqueles comprados de fora do município a resposta foi unânime, com 100% afirmando que comprariam de ponta-grossenses.

Além deste fomento ao ciclo de relações entre empresas de Ponta Grossa, que de acordo com a proposta seria viabilizado através da intermediação do governo municipal e de entidades como o Sebrae e universidades, o estudo também sugere a “redução de tributação de impostos municipais, mediante estudo de impacto de renúncia fiscal, aplicado às empresas que contratem empresas locais de bens, obras e prestação de serviços”.

Políticas a curto prazo

A curto prazo são propostas ações divididas em três temáticas: a inserção, principalmente das pequenas empresas, no comércio eletrônico e plataformas digitais; a inserção dos empresários de Ponta Grossa nas compras públicas locais; e a massificação de sistemas de gerenciamento de negócios para garantir a saúde financeira das empresas.

Plataformas digitais

No campo do comércio eletrônico, durante as pesquisas com os empresários, percebeu-se que 26% dos comerciantes não têm atendimento online, percentual ainda maior entre os prestadores de serviços, que chega a quase metade (45%).

“Empresas que conseguiram se diferenciar, investindo na sua venda/atendimento on-line, tiveram, em geral, menores impactos no seu faturamento. Importante ressaltar que esse tipo de venda e de contato com o consumidor é uma tendência, a qual, mesmo após a pandemia, espera-se que permaneça. Por isso, as empresas precisam se adaptar visando aumentar suas chances de sucesso e permanência no mercado”, afirma o relatório técnico assinado pela prof. Dra. Augusta.

Com este cenário, foram sugeridas e criação de um site coletivo, com a divulgação de empresas do setor de serviço local e a formação/capacitação das empresas para participarem de plataformas digitais de vendas on-line ou aplicativos (já que já existem sites locais voltados ao comércio). A ideia é de que a Prefeitura identifique as empresas e hospede o site coletivo – criando um espaço dentro do seu próprio site que funcione como uma espécie de catálogo de empresas e profissionais autônomos, oferecido de forma gratuita – e universidades locais, Sebrae e outras entidades contribuam com assessoria, cursos e divulgação da plataforma.

Compras públicas

“Uma segunda forma de aquecer a atividade produtiva no curto prazo refere-se à inclusão das empresas ponta-grossenses nas compras públicas, mitigando os vazamentos de renda e gerando um efeito multiplicador na economia”, aponta o estudo.

Isso seria feito pelas mesmas instituições indicadas no tópico anterior, que deveriam formar/capacitar as empresas (principalmente as micro e pequenas) para participarem de compras públicas, formar associações para o mesmo propósito, criar um site que elenque de forma simples as oportunidades disponíveis, priorizar a contratação de empresas locais nas compras públicas (hoje há uma lei municipal que prioriza a participação de pequenos negócios, mas sem identificar de onde são) e fazer ao máximo pregões presenciais devido à maior facilidade de entendimento do processo.

A política é baseada no resultado da pesquisa que apontou que hoje mais de 90% das empresas não estão participando desse mercado – a pesar de 26% afirmarem que não o fazem porque seus produtos/serviços não se encaixam na demanda pública, 19,5% dizem que o motivo é o desconhecimento da legislação e do processo e para 13,4% não ter formação é o segundo item que mais limita essa inclusão dos empresários nas licitações públicas.

Gerenciamento dos negócios

Um dos resultados das pesquisas feitas junto aos empresários locais que preocupou os especialistas a ponto de fazê-los elaborar uma política pública voltada a isso é de que apenas 40% das empresas têm gerenciamento de fato (automatizado), com um elevado percentual que ainda faz o controle manual (37%) e uma parte (23%) que não aplica nenhuma técnica de gestão. “A saúde financeira dos empreendimentos depende não apenas da inserção das empresas no mercado, mas também da administração que fazem de seus negócios”, aponta o relatório.

A ideia é que universidades, Sebrae e outras entidades construam de sistemas de gerenciamento e capacitação dos empresários – principalmente os de micro e pequeno porte – e os acompanhem no período de incubação.

O estudo

Após a realização de três pesquisas junto a empresários da cidade para medir o impacto das medidas de combate à covid-19 na economia local, uma parceria entre entidades de Ponta Grossa (CDEPG, Prefeitura Municipal, ACIPG, Sebrae e UEPG) elaborou um estudo que propõe políticas públicas para a retomada do crescimento econômico da cidade no pós-pandemia.

O trabalho possui 215 páginas e divide as ações em seis dimensões: Atividades Produtivas e seus Encadeamentos; Exportações; Investimentos; Inovação; Qualificação; e Reorganização de Espaços Produtivos e Jornada de Trabalho, que estão sendo detalhadas em uma série de reportagens especiais produzidas pelo portal dcmais o jornal Diário dos Campos.

O próximo passo do estudo é realizar reuniões para viabilizar a prática das medidas apontadas no plano de retomada econômica; um dos objetivos é solicitar que a proposta faça parte do plano de governo do próximo prefeito de Ponta Grossa. Para isso, ele será encaminhado aos atuais candidatos para que ele possa ser integrado ao plano definitivo de governo, entregue ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) logo após as eleições.

Confira a matéria publicada ontem (5) que resume a iniciativa neste link.

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