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“Queremos organizar as informações para quem tem interesse em exportar”, diz Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa

Estudo técnico baseado em pesquisas feitas com empresários locais traça políticas públicas que visam impulsionar economia de Ponta Grossa, principalmente através de pequenos negócios

Vice-presidente do Conselho e uma das coordenadoras do projeto, Priscilla Garbelini Jaronski concedeu uma entrevista ao vivo ao DC (Foto: José Aldinan)

Dando sequência à série de reportagens especiais sobre o estudo que propõe políticas públicas para a retomada do crescimento econômico de Ponta Grossa no pós-pandemia, o Diário dos Campos explica hoje quais são as sugestões relacionadas ao comércio exterior, principalmente em relação ao fomento das exportações. Este relatório técnico é assinado pelo prof. Dr. Alex Sander Souza do Carmo, economista especializado em, comércio internacional, desenvolvimento econômico e políticas sociais.

De acordo com informações oficiais apresentadas pelo estudo, em 2019 Ponta Grossa exportou US$ 1,19 bilhão, sendo a maior parte (82,6%) referente a produtos alimentares, vegetais e papel. Ao mesmo tempo, US$ 470,3 milhões foram importados, com máquinas e materiais elétricos, produtos de indústrias químicas e plásticos e borrachas representando 68,1% deste total. Este desempenho fez com que o município ocupasse a quinta posição entre os maiores exportadores do Paraná, e a sexta entre os que mais importaram.

Conforme destaca o relatório, este resultado possui o aspecto negativo de que o processo de inserção internacional das empresas de Ponta Grossa está relacionado ao fato de que a maior parte (77,3%) dos produtos exportados é de baixa tecnologia, enquanto que as importações do município estão concentradas (61,9%) em produtos de maior conteúdo tecnológico e maior valor agregado.

“Considerando os dados aqui salientados, os desafios que devem ser enfrentados pelos empresários e autoridades locais é o desenvolvimento de políticas que não apenas aumentam o número de empresas exportadoras no município, mas além disso, é importante pensar em estratégias para alterar a estrutura da pauta de exportação, passando a agregar maior conteúdo tecnológico e valor agregados nos produtos exportados”, aponta Carmo.

Inserção de mais empresas neste mercado

Em pesquisa feita junto a empresários da cidade, mais de a metade dos industriais que responderam o questionário afirmaram que não fizeram nenhuma venda ao exterior nos últimos dois anos. A maioria das empresas (72,1%) disse que não exporta porque o seu produto/serviço não é possível de ser exportado – fator justificado pelo economista pelo fato de que “a maior parte das empresas respondentes é oriunda do setor de serviços e oferta serviços denominados não transacionáveis (como frete, corte de cabelo, entre outros)”.

O segundo fator mais mencionado foi a falta de interesse em exportar o seu produto/serviço (13%). “Talvez, o fato de lidar com um mercado desconhecido, práticas burocráticas excessivas, idioma estrangeiro, etc., podem contribuir para o elevado desinteresse das firmas em iniciar um processo de internacionalização. Assim, políticas que criem um ambiente exportador no município, discutindo os desafios e os benefícios da inserção internacional para o crescimento da empresa, serão fundamentais para mudar o interesse destes empresários”, destaca o relatório técnico.

Outro ponto ressaltado é que 15% das empresas afirmaram que possuem interesse em exportar, mas não o fazem por algum fator limitante, seja a falta de demanda por seu produto/serviço (6,9%), desconhecimento das práticas de comércio internacional (5,7%) ou dificuldades com o idioma estrangeiro (2,3%).

Soluções

Com base nas respostas obtidas e analisadas o estudo propõe duas propostas de políticas públicas: a criação de fóruns de discussão entre entidades e empresas exportadoras ou interessadas em exportar, para incentivar o debate também acerca do que poderia ser feito para desburocratizar os processos, e o oferecimento de cursos de capacitação para os mesmos empresários, mas com foco nas micro, pequenas e médias empresas.

“A gente percebe que o produto produzido aqui é de qualidade, mas muitas vezes não é projetado para o mercado internacional muitas vezes por falta de conhecimento de estratégias que são envolvidas nesse procedimento. Exportar não significa tomar essa decisão: exige um preparo grande da empresa que pretende fazer isso”, disse a vice-presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa (CDEPG), Priscilla Garbelini Jaronski, que foi uma das coordenadoras do estudo e concedeu uma entrevista ao DC nesta quarta-feira (7).

“Queremos trazer uma aproximação maior das informações pra trazer alternativa para as empresas monetizarem e aquecerem a economia com a possibilidade de exportação de produtos que têm qualidade e a gente percebe que têm mercado. Queremos organizar as informações para o produtor que percebe que há essa demanda externa”, explicou ela.

O estudo

Após a realização de três pesquisas junto a empresários da cidade para medir o impacto das medidas de combate à covid-19 na economia local, uma parceria entre entidades de Ponta Grossa (CDEPG, Prefeitura Municipal, ACIPG, Sebrae e UEPG) elaborou um estudo que propõe políticas públicas para a retomada do crescimento econômico da cidade no pós-pandemia.

O trabalho possui 215 páginas e divide as ações em seis dimensões: Atividades Produtivas e seus Encadeamentos; Exportações; Investimentos; Inovação; Qualificação; e Reorganização de Espaços Produtivos e Jornada de Trabalho, que estão sendo detalhadas em uma série de reportagens especiais produzidas pelo portal dcmais o jornal Diário dos Campos.

O próximo passo do estudo é realizar reuniões para viabilizar a prática das medidas apontadas no plano de retomada econômica; um dos objetivos é solicitar que a proposta faça parte do plano de governo do próximo prefeito de Ponta Grossa. Para isso, ele será encaminhado aos atuais candidatos para que ele possa ser integrado ao plano definitivo de governo, entregue ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) logo após as eleições.

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