Parece cena de filme de faroeste, mas é Ponta Grossa. Uma família acaba de parar a carroça puxada por dois cavalos, diante de uma torneira pública. A tarde é ensolarada e pede água, talvez para as pessoas, talvez para os cavalos. O líquido transborda, escorre para a rua de terra e mantém o solo naquele trecho sempre úmido. Uma depressão na rua forma valeta onde a carroça permanece parada.
Enquanto isso, dois cavaleiros passam, um após o outro. As botas e chapéus se destacam. O menino junto à torneira se vira para ver o movimento do cavaleiro que vai à frente.
As casas de madeira predominam no entorno. Uma cerca, também de madeira, impede a entrada em uma grande área central, do outro lado do cruzamento. Ao fundo, um imóvel imponente, em alvenaria, se sobressai. Um palacete. Entre esse imóvel e a rua está um terreno baldio, uma área verde em declive.
PG antes e depois
A foto, compartilhada no grupo Ponta Grossa Memória Viva, administrado pelo Diário dos Campos, foi capturada, provavelmente, entre o final do século XIX e início do século XX. O imóvel em alvenaria, até 1905, pertenceu a Emílio Fiscardi. Naquele ano, vendeu o prédio para as Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo. Ali, elas instalaram o Colégio Sant’Ana, que depois seria substituído pelo Colégio São Luiz. Hoje no local, após reformas que modificaram sua arquitetura, funciona o CEEBJA Prof. Paschoal Salles Rosa.
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A praça e o Calçadão
No lugar do terreno cercado, seria instalado o Largo do Rosário, atualmente Praça Barão do Rio Branco (Ponto Azul). Os cavalos descansam onde hoje fica o extremo do Calçadão da Rua Coronel Cláudio, no encontro com a Rua Engenheiro Schamber. Onde antes a família retirava água de graça, hoje seria preciso pagar. O local abriga uma pastelaria e lanchonete que oferece “Sucos – Salgados – Bebidas – Lanches”.
Prédios e terreno baldio
O terreno baldio deu lugar ao Edifício Princesa e ao Cine Império, este último demolido em 2014. Dessa forma, mais de um século depois, o imóvel voltou a ser terreno baldio. Há agora fios de energia elétrica suspensos, mais prédios, mais carros, árvores. Plantas ornamentais e camelôs impedem enxergar à distância.
Em obras
A área próxima da depressão na rua, que há mais de cem anos incomodava os transeuntes, coincidentemente está em obras. Os calceteiros estão adequando, nesta semana, o piso em petit-pavé, quase no exato ponto onde os cavalos repousavam com a carroça. Se um viajante do tempo viesse de 1900 e chegasse hoje a Ponta Grossa, no mesmo local, fixaria os olhos na placa que diz “Mais uma obra para melhora sua vida”. Ao retirar o cachimbo da boca, provavelmente, comentaria: “até que enfim”.
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