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Bairro Cará-Cará cresceu com a chegada de indústrias em Ponta Grossa

Sr. Maneco, na Rua Boeing, uma das vias abertas pelo então prefeito Cyro Martins. (Foto: José Aldinan)

O Bairro Cará-Cará de Ponta Grossa se desenvolveu especialmente a partir do final da década de 1960, com a formação do Distrito Industrial Cyro Martins, às margens da BR-376. A prefeitura estabeleceu a área como sendo ideal para a instalação de grandes empresas. Aliás, foi o prefeito Cyro Martins um dos primeiros a estabelecer loteamento na região. À medida que as indústrias se instalavam, seus funcionários fixavam moradia.

Isso fez com que as casas ficassem mais próximas das indústrias e do Aeroporto Sant’Ana, e mais distantes do Centro de Ponta Grossa. Aos 80 anos, Edvardo Rogalski, conhecido como Maneco, recorda que foi morar no Bairro Cará-Cará nos anos 1960, quando só havia cinco casas na região.

“Eu trabalhava na rede ferroviária. Fazia o tratamento de dormentes e resolvi morar perto da estação que havia aqui”, recorda. Quando as indústrias chegaram, o número de habitações começou a aumentar. “Hoje nós temos empresas até dentro do bairro”, diz. Nas proximidades estão multinacionais como Tetra Pak, Beaulieu do Brasil, Heineken, Bo Packaging Brasil, entre outras de vários segmentos.

Edvardo mora na esquina das ruas Boeing e Cherokee. A primeira faz referência ao aeroporto, e a segunda, embora se refira a tribo indígena da América do Norte, faz referência aos primeiros habitantes da região.

A pesquisadora Isolde Maria Waldmann, em seu livro “História do Bairro Cará-Cará”, destaca que foram os indígenas os primeiros moradores da localidade. Documentos apontam que o explorador espanhol Álvaro Nunes Cabeza de Vaca passou pela região dos Campos Gerais, em 1541, com uma equipe de soldados e 12 animais de cargas. Em seu diário de viagem, narrou o encontro com três tribos de índios que lhe ofereceram alimento e serviço de guia até o Paraguai.

Indígenas

A influência indígena está presente no nome do Bairro. Cará-Cará, ou carcará, é termo do tupi-guarani que também dá nome a espécie de ave de rapina comum na região, e significa “ave que rasga com as unhas”. O bairro também tem seu limite junto ao Parque de Vila Velha, cuja lenda de formação envolve um romance proibido entre jovens indígenas de tribos rivais.

OVNIs

Na década de 1970, o avistamento de Objetos Voadores Não-Identificados era um assunto popular. O Bairro Cará-Cará, já nas imediações da Vila Vendrami, foi descrito como um dos possíveis locais onde teria pousado um disco voador. Segundo a escritora Isolde Waldmann, muitos repórteres foram ao local da suposta aterrissagem. “Foi dito que as fotografias saíram queimadas e que a maioria das testemunhas não quiseram falar sobre o assunto”, descreveu em seu livro. A autora conversou com moradores, anos depois, que disseram ter sido uma brincadeira de quatro crianças que fizeram um jogo de luzes para amedrontar os vizinhos.

Isolde Maria Waldmann

Isolde Maria Waldmann nasceu em Campo Alegre (SC), em 31 de Março de 1940. Mas foi em Ponta Grossa que viveu, estudou e trabalhou a maior parte de sua vida. Durante 26 anos trabalhou na Prefeitura de Ponta Grossa, onde atuou nos segmentos de Saúde (como auxiliar de Enfermagem), Educação e Cultura (assistente cultural). É professora de História, especializada em História do Brasil. Lecionou por vários anos em Pitanga e em Ponta Grossa. Tem 26 livros editados e 10 antologias de participação. É membro perpétuo da Academia de Letras dos Campos Gerais (ALCG) e membro efetivo da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes (APLA). Atualmente reside na Vila Ana Rita, no Bairro Uvaranas.

Foto da escritora Isolde Maria Waldmann, autografando um de seus livros
Isolde Maria Waldmann, escritora e pesquisadora dos bairros de Ponta Grossa / FOTO: José Aldinan

Coleção

Isolde Maria Waldmann escreveu 15 livros que contam parte da história dos bairros de Ponta Grossa. O DC realizou, com base em sua pesquisa, uma série de reportagens com o mesmo tema. A autora considerou legislação em vigor até o início dos anos 2000, motivo pelo qual deixou de abordar o Bairro Piriquitos (vizinho aos bairros Chapada e Boa Vista), cuja criação legal só ocorreu em 2009. Os livros da coleção são produção independente, e podem ser adquiridos diretamente com a autora, pelo telefone (42) 3222-2213.

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