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Bairro Olarias possibilitou o crescimento de Ponta Grossa

Nei Haus viu crescimento do bairro nos últimos 70 anos. (Foto: José Aldinan)

O Bairro Olarias, em Ponta Grossa, carrega em seu nome o registro de um dos períodos nos quais a cidade mais cresceu. A consolidação do uso da malha ferroviária em Ponta Grossa ocasionou, no final do século XIX, uma alta demanda por novas edificações. A madeira já não era suficiente. Era preciso tijolos e telhas de barro.

Nesse contexto, havia uma região, até então conhecida como “Bairro Chinês”, na qual foram encontradas importantes fontes de argila de boa qualidade, matéria-prima ideal para a fabricação dos tijolos que permitiriam a expansão do cenário urbano de Ponta Grossa.

História do Bairro Olarias, em Ponta Grossa

A escritora Isolde Maria Waldmann, autora do livro “História do Bairro de Olarias”, apresenta uma teoria para o primeiro nome da região. “Diziam que havia na região um casal de chineses, conhecidos por usarem chapéus bem grandes, e que faziam parte de uma comunidade que brigava muito”, diz.

Aos 71 anos, Nei Haus é um dos moradores do atual Bairro Olarias, mas recorda quando a nomenclatura ainda não era consenso. “Meus pais só se referiam à região como Bairro Chinês. Quando eu tinha uns 11 anos é que o lugar passou a ser conhecido mais como Bairro Olarias”, diz, se referindo ao período no qual a localidade estava consolidada como área de fabricação de tijolos.

Ainda hoje, chaminés das antigas olarias podem ser vistas, esquecidas em meio à vegetação de locais abandonados, ou cujo uso mudou totalmente. Algumas fazem parte dos imóveis tombados como patrimônio cultural. O perfil do bairro foi mudando a partir do final da década de 1970, quando as olarias começaram a ser desativadas. O barro na região foi ficando escasso, as atividades eram poluentes e degradavam o meio ambiente, enquanto leis ambientais se tornavam mais rígidas.

Pelotaços

Nei Haus morava diante de um curtume, quando criança. Ele presenciou as mudanças na região. “Era um mau cheiro aqui… Nesse calor era insuportável. Depois se instalou aqui a Incopa [indústria de óleos]. Por muito tempo os maquinários ficaram aqui, onde agora há um condomínio residencial”, revela. Lembra, quase com incredulidade, os tempos que ainda moleque ia até a olaria e pedia “barro sovado” pra fazer pelotas e atirar nos passarinhos, usando setra. Eram, definitivamente, outros tempos.

Perfil atual

O Bairro Olarias hoje conta com supermercado, tem como referência a sede da Biblioteca Pública Municipal e Conservatório de Música, e recebeu recentemente a formação artificial do Lago de Olarias, onde foi constituído um dos principais parques da cidade. O local foi estabelecido para ser um cartão postal da cidade. O bairro também conta com uma das unidades da Faculdade Cescage.

Isolde Maria Waldmann

Isolde Maria Waldmann nasceu em Campo Alegre (SC), em 31 de Março de 1940. Mas foi em Ponta Grossa que viveu, estudou e trabalhou a maior parte de sua vida. Durante 26 anos trabalhou na Prefeitura de Ponta Grossa, onde atuou nos segmentos de Saúde (como auxiliar de Enfermagem), Educação e Cultura (assistente cultural). É professora de História, especializada em História do Brasil. Lecionou por vários anos em Pitanga e em Ponta Grossa. Tem 26 livros editados e 10 antologias de participação. É membro perpétuo da Academia de Letras dos Campos Gerais (ALCG) e membro efetivo da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes (APLA). Atualmente reside na Vila Ana Rita, no Bairro Uvaranas.

Foto da escritora Isolde Maria Waldmann, autografando um de seus livros
Isolde Maria Waldmann, escritora e pesquisadora dos bairros de Ponta Grossa / FOTO: José Aldinan

Coleção

Isolde Maria Waldmann escreveu 15 livros que contam parte da história dos bairros de Ponta Grossa. O DC realizou, com base em sua pesquisa, uma série de reportagens com o mesmo tema. A autora considerou legislação em vigor até o início dos anos 2000, motivo pelo qual deixou de abordar o Bairro Piriquitos (vizinho aos bairros Chapada e Boa Vista), cuja criação legal só ocorreu em 2009. Os livros da coleção são produção independente, e podem ser adquiridos diretamente com a autora, pelo telefone (42) 3222-2213.

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