O Bairro Uvaranas é um dos mais populosos de Ponta Grossa, e também um dos que mais se expandiram, especialmente nos últimos 50 anos, embora sua origem seja bastante antiga, ainda referente ao século XVIII, inicialmente por ocupação de paulistas e portugueses. Imigrantes russos, poloneses e ucranianos fizeram parte de sua primeira formação, mas o destaque foram os imigrantes italianos. Até meados do século XX, a região era referência em eventos e lazer.
Bairro Uvaranas
A ocupação tornou-se mais comum no entorno de três pontos de referência: a Fazenda-Modelo (instalada em 1912 para pesquisas em agropecuária), o Quartel-General do Exército (atual 13º Batalhão de Infantaria Blindada, também instalado em 1912) e o prado de corridas (Hipódromo Ponta-grossense ou Jóquei Clube, fundado há quase 200 anos).
Antônio Carlos de Oliveira, 62 anos, viu de perto essa transformação. Ele nasceu e cresceu no Jóquei Clube. “Meu pai foi jóquei, eu fui jóquei e tratador de cavalos, e meu filho se tornou jóquei”, diz Toninho, como é conhecido na região. Nascido em Ponta Grossa, ele recorda que, por alguns anos, viveu em Londrina com seu pai. Aos 14 anos, estava de volta ao Jóquei Clube de Ponta Grossa, onde cuida dos animais até hoje. O turfe foi, por várias décadas, uma das principais formas de entretenimento e pretexto para interações sociais.
“Era muito gente que vinha para assistir às competições, fazer apostas. Pessoas de toda a cidade, de municípios vizinhos, de Curitiba. Eram seis, sete páreos no dia”, recorda Toninho, que viu o bairro crescendo, especialmente no entorno do Jóquei Clube e do 13 BIB. O imóvel e ‘tombado pelo Compac, mas foi danificado após vendaval e segue sem previsão de recuperação. Atividades esportivas também estão interrompidas. Dessa forma, Uvaranas era a região que recebia grandes eventos, e congregava amantes do esporte e pessoas em busca de entretenimento.
Origem do nome
A pesquisadora Isolde Maria Waldmann, em seu livro “História do Bairro Uvaranas”, atribui o nome da localidade, em parte, à influência do cultivo de uvas pelos italianos na região. No entanto, a grande incidência de uma planta chamada uvaranas (ou varana) espécie de palmito, também é apontada como fonte de inspiração para o nome.
Perfil atual do bairro
O maior complexo de ensino superior em Ponta Grossa é o campus de Uvaranas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Diversos cursos e estruturas de ensino estão na área destinada, até início dos anos 1980, à realização de exposições agropecuárias. O bairro conta com duas vias principais: a Avenida General Carlos Cavalcanti e a Avenida Bispo Dom Geraldo Pellanda, sendo que a primeira possui características comerciais, além de fazer a ligação com o Centro. Na região estão o Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais e o Hospital São Camilo, que são as duas maiores estruturas em atendimento médico de alta complexidade.
Isolde Maria Waldmann
Isolde Maria Waldmann nasceu em Campo Alegre (SC), em 31 de Março de 1940. Mas foi em Ponta Grossa que viveu, estudou e trabalhou a maior parte de sua vida. Durante 26 anos trabalhou na Prefeitura de Ponta Grossa, onde atuou nos segmentos de Saúde (como auxiliar de Enfermagem), Educação e Cultura (assistente cultural). É professora de História, especializada em História do Brasil. Lecionou por vários anos em Pitanga e em Ponta Grossa. Tem 26 livros editados e 10 antologias de participação. É membro perpétuo da Academia de Letras dos Campos Gerais (ALCG) e membro efetivo da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes (APLA). Atualmente reside na Vila Ana Rita, no Bairro Uvaranas.
Coleção
Isolde Maria Waldmann escreveu 15 livros que contam parte da história dos bairros de Ponta Grossa. O DC realizou, com base em sua pesquisa, uma série de reportagens com o mesmo tema. A autora considerou legislação em vigor até o início dos anos 2000, motivo pelo qual deixou de abordar o Bairro Piriquitos (vizinho aos bairros Chapada e Boa Vista), cuja criação legal só ocorreu em 2009. Os livros da coleção são produção independente, e podem ser adquiridos diretamente com a autora, pelo telefone (42) 3222-2213.
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