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Bairro Colônia Dona Luiza reúne casos e causos de Ponta Grossa

Legenda: Natália vive no bairro há 61 anos/ José Aldinan

O Bairro Colônia Dona Luiza guarda marcas de fé, em uma região de Ponta Grossa que cresceu, especialmente, com a chegada de imigrantes alemães. No final do século XIX, quando o Município adquiriu as terras para assentamento de famílias, a área ainda era denominada Cercado de Santa Maria. Muitos dos imigrantes alemães, que residiam então na Colônia Tavares Bastos, optaram por se mudar para a nova área, a qual recebeu o nome Colônia Dona Luiza.

Em meio a histórias e boatos que envolvem a formação do bairro, a escritora Isolde Maria Waldmann destacou, em seu livro “História do Bairro Colônia Dona Luiza”, alguns dos aspectos mais característicos da localidade. Segundo ela, foi preciso uma pesquisa de 15 dias para descobrir quem foi Dona Luíza.

“Ao final, o levantamento apontou que ela foi esposa de um parente do Barão de Guaraúna, que tinha terras no município. Quando o marido faleceu e as propriedades foram adquiridas para colonização, o nome da mulher ficou”, diz.

Eucalipto centenário

Talvez a religiosidade seja uma das principais características do Bairro Colônia Dona Luiza. No local foi instalado o Seminário Verbo Divino, em ponto elevado que recebeu o nome “Colina dos Frades”. O Cemitério Santa Luiza, na Rua Júlia da Costa, recebeu os corpos dos primeiros moradores da localidade. Na entrada do seminário, ergue-se um eucalipto centenário, supostamente plantado pelos alemães, sobre o qual se contam histórias e lendas. Em uma delas, uma mulher teria recebido uma cura milagrosa de um câncer de mama, ao pendurar as medidas de seus seios na árvore. Depois disso, “duas mamicas” surgiram no tronco do eucalipto. Também conta-se que uma mulher misteriosa era avistada, à noite, na copa da árvore. Entre fatos e boatos, a árvore não pode ser derrubada, já que o decreto 560/2001 a declara “imune de corte”.

Natália

Apegada à réplica de uma igreja e ao crucifixo, Natália da Silva Stremel, 80 anos, vive há seis décadas no Bairro Colônia Dona Luiza. Para ela, o eucalipto é santo, mas não por causa de histórias inventadas. “Pelo menos três carros em alta velocidade bateram contra a árvore, e chegaram a subir em direção à copa. Mas os motoristas não morreram”, recorda a moradora, que tem residência quase em frente ao eucalipto.

Quando veio morar no local, a Rua Júlia da Costa era de terra e se chamava “Estrada para o Tibagi”. Havia três casas, o pequeno cemitério com cerca de madeira, um campo com pasto em área pertencente aos padres.

O bairro hoje

O Bairro Colônia Dona Luiza conta hoje com a Cadeia Pública Hildebrando de Souza, a Penitenciária Estadual de Ponta Grossa, e recebe as obras de mais uma unidade prisional. A região é predominantemente habitacional. No antigo seminário foi instalado o Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP). Também é endereço do parque de máquinas da prefeitura e diversos condomínios.

Isolde Maria Waldmann

Isolde Maria Waldmann nasceu em Campo Alegre (SC), em 31 de Março de 1940. Mas foi em Ponta Grossa que viveu, estudou e trabalhou a maior parte de sua vida. Durante 26 anos trabalhou na Prefeitura de Ponta Grossa, onde atuou nos segmentos de Saúde (como auxiliar de Enfermagem), Educação e Cultura (assistente cultural). É professora de História, especializada em História do Brasil. Lecionou por vários anos em Pitanga e em Ponta Grossa. Tem 26 livros editados e 10 antologias de participação. É membro perpétuo da Academia de Letras dos Campos Gerais (ALCG) e membro efetivo da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes (APLA). Atualmente reside na Vila Ana Rita, no Bairro Uvaranas.

Foto da escritora Isolde Maria Waldmann, autografando um de seus livros
Isolde Maria Waldmann, escritora e pesquisadora dos bairros de Ponta Grossa / FOTO: José Aldinan

Coleção

Isolde Maria Waldmann escreveu 15 livros que contam parte da história dos bairros de Ponta Grossa. O DC realizou, com base em sua pesquisa, uma série de reportagens com o mesmo tema. A autora considerou legislação em vigor até o início dos anos 2000, motivo pelo qual deixou de abordar o Bairro Piriquitos (vizinho aos bairros Chapada e Boa Vista), cuja criação legal só ocorreu em 2009. Os livros da coleção são produção independente, e podem ser adquiridos diretamente com a autora, pelo telefone (42) 3222-2213.

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