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Bairro Centro de Ponta Grossa cresceu no entorno de colina

Foto de Érica Gabriele Boiano, sentada em banco da Praça Marechal Floriano Peixo, tendo ao fundo o obelisco que homenageia os fundadores de Ponta Grossa
Érica Gabriele Boiano frequenta praça que homenageia fundadores da cidade / FOTO: José Aldinan

Todo ponta-grossense, desde a mais tenra idade, fica sabendo que a cidade de Ponta Grossa tem suas origens relacionados a uma lenda, segundo a qual pioneiros soltaram um casal de pombas brancas para definir qual seria o lugar onde seria iniciado o povoado. Para a escritora Isolde Maria Waldmann, autora do livro “História do Bairro Centro”, a narrativa não é apenas uma lenda.

A obra foi lançada em Ponta Grossa no mês passado, e integra uma coleção de 15 livretos que contam parte da história dos bairros da cidade. Após pesquisar documentos antigos da cidade, Isolde afirma que a ocupação efetiva na região teve origem no início do século XVIII, quando portugueses requisitaram do rei de Portugal Dom João III as primeiras sesmarias.

História do Bairro Centro de Ponta Grossa

Alguns dos primeiros fazendeiros da região formaram um comissão e solicitaram ao imperador D. Pedro I a elevação da região a Freguesia. Isso ocorreu em 15 de setembro de 1823, data que ainda hoje é comemorada como aniversário da cidade. Mais ou menos nessa época foi escolhido o local do centro da cidade.

“Os principais ocupantes do território (…) resolveram, após troca de ideias, soltar um casal de pombos e onde eles pousassem seria dado início ao núcleo residencial e ao bairro. Neste local foi ‘plantada’ uma cruz, no ponto culminante da colina, onde hoje se encontra a Praça Floriano Peixoto e a Matriz da Igreja Nossa Senhora Sant’Ana, padroeira da cidade”, relata a escritora, que acredita ser verdadeira a história das pombinhas.

Rota dos tropeiros

O Bairro Centro não foi, portanto, o local onde Ponta Grossa teve início. Os tropeiros, exaustos da viagem, inicialmente não tinham motivos para passar pelo ponto mais alto da cidade, aquela colina coberta de vegetação, portanto apelidada de “ponta grossa”. A passagem dos muares contornava a região, passando pela antiga “Estrada do Maracanã” (imediações onde hoje está a Estrada do Alagados), em direção ao Rio Pitangui. Nesse trajeto foi erguida a Capela Santa Bárbara, ainda no século XVIII, edificação religiosa mais antiga ainda existente no município.

Crescimento do Centro

Posteriormente, as missas passaram a ocorrer na Casa das Telhas, estrutura religiosa erguida por volta de 1812 na região do Jardim Carvalho, e que desviou a rota dos tropeiros por diversas regiões que hoje constituem os bairros da cidade, incluindo o Centro. As tropas passavam pela atual Rua Augusto Ribas. A Casa das Telhas foi substituída pela igreja matriz, poucos anos depois, como principal espaço religioso. Aos poucos, o entorno foi ganhando volume em edificações. Foram delineadas ruas, estabelecidos pontos de comércio, áreas de lazer, e esse crescimento do Centro para os demais bairros só foi se consolidar com a instalação das ferrovias, no final do século XIX. Atualmente, predominam comércio e serviços, além de algumas das principais opções de lazer e cultura.

Criação do Bairro Centro

As primeiras leis do município não delimitavam a área do Bairro Centro. A escritora Isolde Waldmann se baseou no Decreto 322/1984, que estabeleceu a divisão de Ponta Grossa em 14 bairros. Somente no ano 2009, por iniciativa do prefeito Pedro Wosgrau Filho, a lei municipal 9.865 delimitou o Bairro Centro, que é bastante antigo, mas foi um dos últimos a serem descritos em lei.

A área tem, em alguns dos seus extremos, a rotatória da rodoviária, o Arroio Universidade, o cruzamento das ruas Catão Monclaro e Conselheiro Barradas, a Rua Ermelino de Leão, a esquina da Rua Silva Jardim com Rua Sant’Ana, o cruzamento da Balduíno Taques com Padre João Lux. Na Praça da Catedral, um obelisco homenageia os fundadores da cidade, mas a placa de metal que descrevia seu significado foi furtada.

Érica Gabriele Boiano, 20 anos, frequenta praça, mas não sabia do que se tratava. “Tenho muitos amigos que cursam História, e viemos aqui, fizemos algumas fotos, mas eu não sabia dessa importância do monumento”, diz a estudante de Engenharia de Materiais.

Isolde Maria Waldmann

Isolde Maria Waldmann nasceu em Campo Alegre (SC), em 31 de Março de 1940. Mas foi em Ponta Grossa que viveu, estudou e trabalhou a maior parte de sua vida. Durante 26 anos trabalhou na Prefeitura de Ponta Grossa, onde atuou nos segmentos de Saúde (como auxiliar de Enfermagem), Educação e Cultura (assistente cultural). É professora de História, especializada em História do Brasil. Lecionou por vários anos em Pitanga e em Ponta Grossa. Tem 26 livros editados e 10 antologias de participação. É membro perpétuo da Academia de Letras dos Campos Gerais (ALCG) e membro efetivo da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes (APLA). Atualmente reside na Vila Ana Rita, no Bairro Uvaranas.

Foto da escritora Isolde Maria Waldmann, autografando um de seus livros
Isolde Maria Waldmann, escritora e pesquisadora dos bairros de Ponta Grossa / FOTO: José Aldinan

Coleção

Isolde Maria Waldmann escreveu 15 livros que contam parte da história dos bairros de Ponta Grossa. O DC realizou, com base em sua pesquisa, uma série de reportagens com o mesmo tema. A autora considerou legislação em vigor até o início dos anos 2000, motivo pelo qual deixou de abordar o Bairro Piriquitos (vizinho aos bairros Chapada e Boa Vista), cuja criação legal só ocorreu em 2009. Os livros da coleção são produção independente, e podem ser adquiridos diretamente com a autora, pelo telefone (42) 3222-2213.

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