Uma situação grave foi denunciada ao Jornal Diário dos Campos, na tarde de terça-feira (24). Trata-se da contaminação da nascente do Rio Cará-Cará, localizado próximo ao Aterro Controlado do Botuquara. Moradores da comunidade Emiliano Zapata, localizada próximo do aterro, informaram que o córrego, que deságua no rio, traz lixo e chorume, referentes a 5ª célula, para dentro da comunidade.
“Já faz um tempo que temos presenciado esta situação. Sempre que dá uma chuva forte, o lixo do aterro escorre com o chorume e vai rio afora. Não tem parada alguma. É normal presenciarmos sacolas, pneus, sapatos e até mesmo colchões”, disse um morador da comunidade que não quis ser identificado.
Além da possível contaminação das plantações da Emiliano Zapata, o morador destaca um problema ainda mais amplo que poderá afetar toda a sociedade. “O arroio percorre todo o rio, contaminando tudo. A preocupação não é somente local, mas também de toda a sociedade. O aterro não é mais controlado e está bem abandonado pelo o que percebemos”, relata.
Preocupação
O engenheiro agrônomo, Guilherme Mazer, trabalha na comunidade Emiliano Zapata e confirma a gravidade da situação. “Neste último mês, deu uma chuva forte e diversos lixos foram trazidos pra cá. Mais a frente da área nós vemos os canos que jogam chorume da 5ª célula diretamente no solo”, comenta.
Guilherme, que também é membro do Fórum das Águas, ressalta que irá tratar sobre o assunto em reunião do órgão prevista para acontecer na noite de quarta-feira (25), às 19h30, no Sindicato dos Comerciários. “Vamos deliberar algumas ações referentes a esta situação. É um risco para a saúde de todos”, ressalta.
Contaminação
O professor do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Carlos Hugo Rocha, explica que o amontoado de lixo no aterro, que seria depositado em lugar inadequado, acaba sendo levado em épocas de chuva forte. “Nestas épocas em que chove muito, a enxurrada provoca a erosão e os lixos são levados rio adentro contaminando tudo. É uma situação de retrocesso e negligência por parte do poder público com relação a comunidade e ao Rio Cará-Cará”, comenta.
Possível solução
O secretário de Meio Ambiente, Paulo Barros, disse que desconhece a situação, mas aponta que fará uma vistoria no aterro para verificar de onde provém o lixo levado para dentro da comunidade.
“A 5ª célula está operando impermeabilizada e o chorume está sendo levado para dentro das lagoas. Não acredito que o lixo seja proveniente da célula. No entanto, determinei que o nosso engenheiro dê uma olhada no local para verificar qual a origem desses resíduos. Se comprovado que seja do aterro, vamos acionar a empresa Ponta Grossa Ambiental (PGA), responsável pelo aterro, para que faça a captação e limpeza”, disse o secretário.
O DC tentou contato com a Ponta Grossa Ambiental para falar sobre o assunto, porém, a empresa pediu para que a reportagem conversasse somente com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente.