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Pesquisa detecta no Alagados agrotóxicos proibidos há 30 anos

Divulgação UEPG

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) distribuiu à imprensa, nesta quarta-feira (3), texto que menciona os resultados de uma pesquisa desenvolvida entre os anos de 2014 e 2018 que apontou a presença de agrotóxicos ilegais na Represa do Alagados.

Embora tenha sido concluída há pouco mais de dois anos, a pesquisa agora foi transformada em artigo e submetida a análise em revista especializada, o que motivou a divulgação pela UEPG. A reportagem do Diário dos Campos e portal dcmais consultou a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), que informou realizar pesquisas rotineiras na qualidade da água distribuída à população, e que não há prejuízo ao consumo humano.

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Conforme detalhado pela universidade, Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) encontraram vestígios de agrotóxicos ilegais em lambaris e suas ovas, na represa do Alagados. Dentre as substâncias encontradas nos peixes está o agrotóxico diclorodifeniltricloroetano, conhecido como DDT, proibido no Brasil desde 1985.

As pesquisas são resultado de projetos vinculados ao grupo de pesquisa Química Analítica Ambiental e Sanitária. “A gente vem pesquisando o Alagados desde 2014, quando um aluno de doutorado fez uma pesquisa em relação a determinação de metais pesados nas carpas e carás do Alagados”, lembra o professor Sandro Xavier de Campos, coordenador do grupo. A pesquisa verificou concentrações de chumbo e cádmio nos órgãos desses peixes.

“Mais recentemente, uma aluna de doutorado pesquisou a respeito de agrotóxicos da classe dos organoclorados, que se enquadram à Convenção de Estocolmo em relação à eliminação de poluentes orgânicos persistentes (POPs)”, conta Campos. A pesquisa de Tatiana Roselena de Oliveira se dedicou a estudar um método analítico para determinar a contaminação de peixes por esses agrotóxicos.

Tatiana iniciou o doutorado em 2013 e sua tese foi defendida em 2018. A coleta realizada na represa do Alagados ocorreu em 2017. “Nós separamos o lambari em três partes: o músculo, a carne mesmo; as ovas e os demais órgãos, que nós chamamos de vísceras”, explica Oliveira. A análise realizada confirmou a presença de agrotóxicos organoclorados nos tecidos. “Nas vísceras e nas ovas, a concentração foi maior, pelas próprias características desses tecidos”, complementa.

Lambaris

Apesar das concentrações encontradas estarem dentro dos limites permitidos pela Anvisa e outros órgãos internacionais, os pesquisadores aplicaram um modelo matemático e verificaram que o consumo constante desses peixes colocaria o consumidor em grande risco de saúde. “Esses compostos têm a capacidade de se acumular no organismo e podem ser carcinogênicos”, alerta Oliveira.

Três décadas

“O mais alarmante é encontrar esses agrotóxicos de uso proibido há mais de 30 anos”, considera o professor. Conforme Campos, essas substâncias podem entrar no reservatório por várias vias e chegam ao fundo da represa através de sedimentação. “Os peixes vão lá, revolvem o fundo e têm contato com esses compostos. Por isso, o nome de Poluentes Orgânicos Persistentes, que podem ficar por décadas no meio ambiente”, detalha.

Apesar da análise ter focado somente nos peixes, a pesquisa também revela a contaminação da represa. “Nós detectamos esses compostos em partes por bilhão, são quantidades muito pequenas. Mas esses compostos são acumulativos e é essa detecção é preocupante”, adiciona Oliveira.

Em nota, a Sanepar se posicionou sobre o tema:

A Sanepar segue as determinações do Ministério da Saúde no que diz respeito ao controle da qualidade da água, de acordo com os parâmetros estabelecidos na Portaria nº05/17, que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.
As análises são feitas de hora em hora, tanto da água que entra na estação de tratamento como da que é distribuída para a população. O processo de tratamento da água remove qualquer tipo de contaminante, tornando a água potável e com ótima qualidade e segurança para consumo humano, de acordo com o que determina o Ministério da Saúde.
A responsabilidade de fiscalização da Represa está a cargo do Instituto Água e Terra do Paraná (IAT).

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