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Isolamento social dos idosos é necessário, mas pode desencadear outros problemas

Ao mesmo tempo que os idosos devem manter distanciamento social, a psicóloga Juliana Mariano Ribeiro, diz que esse isolamento pode desencadear outros problemas: "É possível afirmar que a dificuldade em manter um convívio social eleva o índice de estresse, desencadeia irritabilidade, ansiedade, entre outros sintomas".

De acordo com dados do Conselho Estadual dos Direitos do Idoso (CEDI), do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2010), o Paraná possui 1.316.554 habitantes com mais de 60 anos, estatística que representa 11,2% da população do estado. Deste total, segundo dados Fundação Municipal de Promoção ao Idoso (FAPI), 22.885 idosos residem em Ponta Grossa.

A psicóloga alerta à necessidade de familiares próximos ao idoso manterem contato frequente e ficarem atentos aos sintomas que podem desencadear uma patologia, como a depressão. "Quadros em que o idoso se apresenta constantemente triste, com falta de interesse ou prazer nas atividades que lhe interessavam antes e insônia recorrente podem ser alguns indícios", esclarece Mariano sobre os principais sintomas.

Juliana explica que, neste momento, o apoio emocional da família e amigos, seja através de ligações ou chamadas de vídeo, se faz essencial. "Importante ressaltar a necessidade de se manter em movimento, realizando os afazeres domiciliares diários, praticando alguma atividade física (se possível), se ocupando de tarefas que lhe proporcionem prazer, como: leitura, meditação, confecção de artesanato e ouvir música", destaca.

A psicóloga da Ponta Grossa finaliza ressaltando a importância de ter paciência na hora de explicar a situação atual aos idosos, para evitar que, muitas vezes, acabem acreditando e disseminando fake news, causando, ainda mais desconforto a eles. "A situação é bastante delicada, mas não se trata de repassar informações incutindo medo nos idosos, mas proporcionar um diálogo esclarecedor sobre as circunstâncias, se for preciso, utilizando exemplos ou vídeo de profissionais da saúde".

Valdomiro Oliveira, um senhor de 93 anos residente em Ponta Grossa, no bairro de Olarias, onde mora há 60 anos, está isolado desde o início da pandemia e sai uma vez ao mês para atividades essenciais, como ir ao mercado. Oliveira relembra que, antes da pandemia, se sentia mais vivo e até mais novo por conta das atividades diárias. Hoje, afirma estar muito parado: "Eu costumava ir em bailes, excursões, no bar, almoços em família. Sempre tinha algo para fazer todos os dias, dificilmente eu ficava parado em casa".

Seu Valdomiro tem quatro filhos, 10 netos e 10 bisnetos que o visitavam frequentemente na casa em que ele vive com a esposa. Durante o isolamento ele tem contato com mais frequência apenas com os filhos: "A maioria é aposentada também e não está trabalhando, então tem contato com menos pessoas, meus netos trabalham muito com o público e tem medo de me trazer a doença", considera.

A neta, de 21 anos, de Valdomiro, Milena Oliveira, afirma estar há três meses sem ver o avô. "Há três anos ele ficou viúvo da minha avó e desde então nossa ligação ficou mais forte, como ele morava sozinho eu o visitava todos os dias e ia em algumas excursões com ele porque sei que ele adora e os filhos não queriam que ele fosse sozinho", explica a neta.

Milena também esclarece que a maior apreensão da família é que seu Valdomiro se sinta sozinho, por conta das visitas estarem reduzidas, no entanto entendem que a maior parte da família tem contanto com outras pessoas e devido à idade temem levar a doença para ele que, apesar de ser saudável e disposto, pode reagir negativamente à doença.

As casas de abrigo de PG mantém isolamento dos idosos. Veja

Reportagem produzida pela estudante do último ano de Jornalismo Bruna Kosmenko, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), estagiária regulamentada do Diário dos Campos sob supervisão do editor-chefe Walter Téle Menechino.

 

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