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No dia dos avós, idosos seguem isolados nas casas de abrigo

Neste domingo (26) é celebrado o dia dos avós. Apesar da data comemorativa, o cenário atípico causado pelo novo coronavírus faz com que as festividades fiquem um pouco de lado e dê lugar para reflexões sobre a saúde e a segurança dos idosos neste tempo de pandemia, principalmente daqueles que estão em asilos e casas de abrigo.

 

De acordo com o IBGE, este ano a estimativa é que 9,83 % da população paranaense já tenham 65 anos ou mais. Essa parcela é uma das mais afetadas pela pandemia por fazer parte do grupo de risco.
 

O Paraná acumula mais de 1,5 mil mortes em decorrência da covid-19 e as pessoas com mais de 60 anos representam 74% das vítimas. Em Ponta Grossa, dos nove óbitos registrados, quatro pacientes tinham mais de 60 anos.

 

Sem a vacina, o isolamento social têm sido o melhor método de prevenção para o grupo de risco. De acordo com a Fundação Municipal de Assistência Social, há 205 idosos em Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIs) e 130 em instituições privadas.

 

A orientação da Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa (FASPG) é que não sejam permitidas visitas durante a pandemia. Em Ponta Grossa, há quatro instituições filantrópicas e oito particulares que abrigam idosos.

 

Balbina Branco

 

A assistente social e responsável técnica no Lar das Vovózinhas Balbina Branco, Bianca Schoemberger, conta como mudou o cotidiano da instituição que atende 44 idosas. "Algumas entendem o que está acontecendo e sempre perguntam quando isso vai acabar e tudo vai voltar ao normal", diz. As visitações ao local estão suspensas por tempo indeterminado. "O contato dos familiares com as idosas se dá por ligação telefônica ou chamada de vídeo", conta.

 

Até as idas ao médico têm acontecido somente em caso de extrema necessidade."Quando possível, o médico se desloca até a instituição para realizar a consulta, em ambiente privativo. O médico tem contato exclusivamente com a idosa atendida e uma cuidadora", completa.

 

Os cuidados com a higienização do local também foram redobrados. "Diariamente os ambientes, em especial o chão, é higienizado com solução contendo hipoclorito. As mesas, bancadas, maçanetas, telefones, torneiras, tudo é desinfectado constantemente com álcool 70%. Na instituição foram distribuídos vários frascos com álcool em gel", relata a assistente social.

 

Bianca afirma que de maneira geral a situação de saúde das idosas está boa."O que tem impactado de maneira relevante é a falta de contato com o público externo, visto que constantemente recebíamos a visita de voluntários", diz. Para contornar a situação, atividades físicas, cognitivas, de lazer e culturais são desenvolvidas por uma equipe multiprofissional que conta com educador físico, fisioterapeuta e psicóloga. "São elaboradas festas e almoços temáticos, como festa junina, dia da feijoada, tarde do bingo com premiações. O ambiente sempre é decorado de acordo com o tema".

 

Outro cuidado é com a autoestima das idosas, as cuidadoras viraram também cabeleireiras e manicures. "A vaidade é muito presente entre elas. É realizado corte e tintura dos cabelos, pintura das unhas, também foi realizada a tarde da beleza, com limpeza de pele e hidratação facial e capilar", diz.

 

Paulo de Tarso

 

A Assistente Social, Camila Gomes de Barros, comenta que o cotidiano na Casa do Idoso Paulo de Tarso, que atende 35 idosos, também foi alterada completamente. Como no Lar das Vovózinhas, a instituição segue com as visitas e atividades externas suspensas e o contato com os familiares acontece de forma remota.”Para manter o vínculo”, diz.

 

Ela ressalta que o dia a dia dos profissionais da instituição também mudou. “Ao entrar na instituição todos os colaboradores devem limpar os calçados, em seguida lavar as mãos, trocar a roupa do trajeto pelo uniforme, trocar a máscara do trajeto por uma limpa e usar álcool em gel, em seguida passar pela enfermeira para aferir os sinais e temperatura”, explica. E ao sair do local, os cuidados devem continuar. “Fora do horário de trabalho evitar aglomerações e sempre que possível optar por ficar em casa”, afirma.

 

Segundo a assistente social, os idosos sentem falta principalmente do contato pessoal com os familiares e os voluntários que os visitam, assim como dos passeios externos. “Não há como negar que os idosos estão fragilizados pelo isolamento social”, relata.

Esse é o caso de José Carlos Lopes, de 79 anos, que reside há 2 anos na Paulo de Tarso. “Sempre sinto um pouco de saudades da família, eles vinham visitar bastante e agora não estão vindo nada. Fico triste, né!? Mas a gente tem ligado bastante para eles”, comenta.

 

As saídas ao banco do Seu José foi reduzida para apenas uma vez por mês. “O táxi vem e eu já estou de máscara”. Porém, questionado se ele sente falta de algo que fazia antes da pandemia, o idoso soltou um sonoro “não”. E a mensagem que ele quer repassar para as pessoas sobre essa nova doença é a importância do cuidado. “É uma tragédia do mundo. Tem que se cuidar muito”, afirma.

 

Doações

 

As duas assistentes sociais relataram que com a pandemia dificultou o recebimento de doações nas instituições. “Nossos voluntários não estão podendo frequentar a instituição, então não só as atividades ficaram comprometidas como as doações também”, explica Camila. No Lar das Vovózinhas Balbina Branco, após um período de queda, as doações começaram a crescer. “As pessoas têm demonstrado grande generosidade e empatia com as idosas, doando fraldas, itens de higiene, itens de limpeza, alimentos, máscaras, álcool, cobertas, gorros”, relata Bianca. Porém, as doações continuam bem-vindas, pois há materiais que são sempre necessários.

O isolamento social para os idosos, apesar de importante, pode desencadear outros problemas. Entenda na matéria

 

SERVIÇO

A Casa do Idoso Paulo de Tarso: Rua Brasília, 86, Vila Marina. Telefone (42) 3235-2843

O Lar das Vovózinhas: Rua Siqueira Campos, 455, Uvaranas . Telefone (42) 3226-3345.

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