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Ponta Grossa registra queda menor que a brasileira no consumo de álcool durante a pandemia

Enquanto que no país o potencial de consumo do segmento baixou 26,9% em um ano, em PG a queda foi de apenas 6,1%

Foto: Divulgação

O potencial de consumo de bebidas alcoólicas vem crescendo rigorosamente no Brasil nos últimos anos. Entre 2016 e 2019 os gastos no setor dispararam de R$ 25,3 bilhões para R$ 30,6 bilhões em todas as classes sociais – mas em 2020, devido às medidas de distanciamento social e cancelamento de eventos decorrentes do combate à pandemia, o total baixou para R$ 22,3 bilhões, um recuo de 26,9% em comparação ao ano anterior – decréscimo que foi bem menor entre os ponta-grossenses.

Em Ponta Grossa o potencial de consumo de bebidas alcoólicas, que era de R$ 53,26 milhões em 2019, baixou apenas 6,1% de um ano para o outro, chegando a R$ 50,03 milhões no primeiro ano da pandemia. E esta é a variação nominal, que não considera a inflação do período – que em 2020 foi de 4,52% (IPCA).

Os dados são do IPC Maps, empresa especializada em potencial de consumo com base em dados oficiais.

Para Marcos Pazzini, responsável pelo estudo, a projeção é que esse tipo de consumo volte a subir, já que seu declínio é atribuído somente à recessão provocada pela pandemia, assim como aconteceu com a maioria dos setores econômicos. “A procura por bebidas alcoólicas está muito mais ligada a hábitos de consumo de parte da população, principalmente a mais jovem, que vincula diversão ao álcool”, considera o especialista.

Abuso

Apesar de o consumo em geral apontar queda, principalmente por conta do cancelamento de festas e eventos e as medidas de restrição em bares e restaurantes, o abuso de bebidas alcoólicas foi alto na pandemia para 42% dos brasileiros.

Pesquisa da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), de 2020, mostra que 52,8% das pessoas usam a substância como método para relaxar de algum sintoma emocional, como ansiedade, nervosismo, insônia, preocupação e irritabilidade – situação que aumentaram com o estresse do isolamento e do risco da pandemia.

Outro dado do levantamento que chama a atenção é o chamado “beber pesado esporádico” (BPE), que é caracterizado como consumir mais de cinco doses por vez; ou seja, mais do que 1,7 litro de cerveja, 750 mililitros (ml) de vinho ou 225 ml de destilado. Segundo a publicação, 35% dos entrevistados com idades entre 30 e 39 anos relataram aumento na frequência deste comportamento.

Bebidas

O estudo da OPAS também aponta que as bebidas preferidas dos confinados são cerveja (48,7%) e vinho (29,3%). No caso do álcool ilícito, aquele contrabandeado ou produzido ilegalmente e do informal (produção caseira em pequena escala), a frequência de consumo mais do que dobrou, passando de 2,2% para 4,9% ao mês. Vale lembrar que muitos desses produtos costumam ter maior teor de etanol e custo baixo, o que acaba por estimular o exagero.

Impactos econômicos

Além da saúde humana, essas variações no consumo de bebidas alcoólicas também interferem na economia da atividade. Como apontado pelo estudo da OPAS a cerveja é a queridinha de 48,7% dos brasileiros, mas grande parte dos abusos ocorreu com as bebidas que pertencem à outra metade deste índice, afetando também o mercado cervejeiro.

Já em julho a reportagem do Diário dos Campos e portal dcmais conversou com cinco microcervejeiros da Ponta Grossa, que relataram perdas médias de 70% nas suas vendas, faturamento e produções.

Pelo menos a nível estadual este índice se repetiu até o final do ano: em dezembro a Associação das Microcervejarias do Estado do Paraná (Procerva) publicou um estudo realizado com 46 empresas paranaenses que aponta quedas de 70% ou mais nas vendas, que culminaram em redução nas equipes e salários dos colaboradores.

Multinacionais de PG

Entre as grandes produtoras o cenário também foi negativo. “Grande parte do volume de cervejas no Brasil é vendida em bares e restaurantes, que precisaram fechar suas portas para evitar aglomerações, e não foi possível compensar todo esse volume apenas com as vendas nos supermercados”, informou a Heineken Brasil à reportagem do DC.

A cervejaria, que está aplicando R$ 875 milhões na sua unidade ponta-grossense para ampliar em 75% a capacidade produtiva, anunciou o investimento exatamente 10 dias antes de o primeiro caso de covid-19 ser confirmado em Ponta Grossa – quando ninguém imaginava a proporção que a pandemia poderia tomar.

Já a Ambev, que no último mês confirmou um investimento de R$ 350 milhões para também ampliar a sua capacidade produtiva em Ponta Grossa, requereu a licença de ampliação em setembro de 2020 – portanto já vinha programando o incremento há um bom tempo.

Também questionada pela reportagem sobre o variação das vendas durante a pandemia, a cervejaria não retornou até o fechamento desta matéria. Mas, em julho, disse ao DC que o volume consolidado da companhia, em comparação ao mesmo período de 2019, tinha uma queda de 5,6%.

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