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Mortes em domicílio mais que triplicam em Ponta Grossa durante a pandemia

Por Danilo Kossoski

O número de mortes registradas em residências em Ponta Grossa mais que triplicou durante o período que corresponde ao início da pandemia da covid-19, conforme levantamento realizado pelo Diário dos Campos a partir do portal da transparência da Associação Nacional de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen).

A análise considerou o período compreendido entre os dias 16 de março e 30 de abril, sendo o dia 16 a data da primeira morte suspeita* pela doença no Paraná.

Conforme as estatísticas, o município registrou 22 mortes em residência no período analisado, em 2019. Em 2020, no mesmo período, foram 73 mortes em residência.

De acordo com assessoria de imprensa da Arpen, esse dado se refere a todos os óbitos por causas naturais, o que exclui mortes violentas, a exemplo de homicídios e acidentes em rodovias. A entidade não aponta explicações para o aumento nas mortes, uma vez que elas, aparentemente, não têm relação direta com a covid-19.

Cabe destacar que neste ano, dos 73 óbitos, um foi por pneumonia, um por insuficiência respiratória e um por causa indeterminada. Os óbitos também aumentaram, quando se analisa as mortes ocorridas em ambiente hospitalar. Em 2019, no período analisado, foram 121 mortes em hospital. Neste ano, foram 173. O aumento foi de 39,6%.

Em meio aos números de 2020 estão duas mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), 39 por pneumonia, 7 por insuficiência respiratória e 34 por septicemia (infecção generalizada). A Arpen informou que não faz análise sobre os números obtidos no portal, e que apenas apresenta as estatísticas.

O prefeito Marcelo Rangel destacou que os números não ocorre devido à covid-19, mas pode ter relação com a cultura da população. “Temos um histórico de muitos idosos que moram sozinho, e não deixam suas casas para morar com outras pessoas, por questões culturais”, supôs.

PG não tem óbito por covid-19

O painel disponibilizado pela Arpen em seu portal da transparência foi criado para permitir análise no período da pandemia. No entanto, até semana passada não havia nenhum caso de covid-19 em Ponta Grossa.

No sábado (9) entrou registro de óbito por covid-19 no portal, contrariando a informação oficial da Sesa-PR e da prefeitura de Ponta Grossa, de que não há óbito pela doença no município.

A reportagem do DC contatou os quatro cartórios de registro da cidade, e verificou que o caso em questão era considerado suspeito, mas que exames provaram que era caso negativo para covid-19. O cartório informou que comunicaria a retificação nessa terça-feira, e a expectativa é que a correção no portal ocorra nos próximos dias.

*Variação

No painel da covid-19, a Arpen detalha que até mesmo casos informados como suspeitos na Declaração de Óbito são somados às estatísticas da covid-19, o que causa uma variação significativa nos dados de morte pela doença, quando feita a comparação com outros órgãos oficiais.

Para os cartórios, o primeiro caso no Paraná foi registrado em 16 de março. Para a Sesa, o primeiro óbito foi dia 25 de março, conforme registrado nos boletins oficiais.

Análise dos números

O jornal O Estado de S. Paulo já havia apresentado informações a respeito de óbitos em domicílio no início do mês.

Conforme verificado pelo veículo, também junto à Arpen, o número de pessoas que morreram em casa desde o início da pandemia de covid-19 no Brasil aumentou 14,6% em relação ao ano passado, segundo registros dos cartórios brasileiros.

A alta é ainda maior em Estados com alta incidência da doença. No Amazonas, o número de mortes em casa cresceu 94,7%. No Rio de Janeiro, o aumento foi de 34,8%.

Para especialistas ouvidos pelo Estado, parte desse aumento está relacionada a mortes por outras doenças que foram negligenciadas pelos próprios doentes ou por serviços de saúde.

"Muitos podem estar sentindo uma dor no peito, um mal-estar, algum sintoma que, em outra ocasião, faria a pessoa ir ao pronto-socorro. Mas agora ela não vai porque está com medo do coronavírus", sugeriu Frederico Fernandes, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.

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