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Total de mortes no primeiro trimestre dobra em relação a 2020

Arte: dcmais

Ponta Grossa fechou o primeiro trimestre de 2021 com 1.082 certidões de óbitos emitidas. É o número mais alto dos últimos sete anos, quando o Registro Civil passou a divulgar publicamente os dados de todo o país. Desse montante, 428 vidas se perderam em decorrência da covid-19 (39,5%). Mesmo desconsiderando a doença da pandemia, a quantidade de mortes no município está elevada em relação aos últimos anos, o que acende alertas.

No mesmo período do ano passado, quando o vírus ainda não apresentava letalidade em Ponta Grossa, a cidade teve 533 mortes por diferentes razões. Esse padrão era o mesmo em 2019, com 580 óbitos, e em 2018, com 563. Já em 2021, 654 pessoas morreram por outras razões. Não é possível afirmar todas as causas, mas os dados mostram que existe um excedente de mortes em relação aos anos anteriores. Uma preocupação que surge nesta fase é em relação à falta de atendimento hospitalar e às sequelas deixadas em pacientes que tiveram a covid-19.

Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular identificou que 39% dos profissionais da área atenderam pelo menos um caso de trombose venosa ou embolia em pacientes que testaram positivo para covid.

“Muitas obstruções arteriais de braços, antebraços e mãos ocorrem em maior proporção, assim como dos membros inferiores, que normalmente já são mais frequentes. Os sintomas mais comuns nesses casos agudos são pontadas, fisgadas internas, frialdade e palidez da extremidade acometida”, explica o cirurgião vascular Marcelo Burihan.

Por isso, pessoas com pré-disposição à trombose, quando diagnosticadas com a covid, precisam de acompanhamento com especialistas. A intenção é evitar a coagulação excessiva durante a infecção.

Em geral, os casos de trombose aparecem até quatro semanas após a recuperação da doença causada pelo coronavírus e a incidência chega a ser três vezes maior em pacientes com covid severa. Se não cuidado, o trombo pode levar à amputação do membro ou até à morte. Episódios assim não entram nas estatísticas municipais, estaduais e nacionais da covid-19, mas possuem ligação com o vírus.

Recuperação plena?

Ponta Grossa tem 18.587 pacientes recuperados nos dados da Fundação Municipal de Saúde (FMS), mas há exemplos dentro desta quantia que demoraram a se recuperar de fato. Sônia Aparecida Ferreira dos Santos, de 66 anos, teve dificuldades para se locomover e para falar. Já o professor de Educação Física, Dalmo Souza, de 51 anos, ficou três semanas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após a melhora da doença, enfrentou queda de cabelo, cansaço e aumento do volume do coração. “No começo dos sintomas, quando ainda nem tinha feito teste da doença, percebi o paladar prejudicado também”, recorda.

Já familiares de um paciente idoso que entrou em óbito sete meses após ter testado positivo para covid-19 dizem que a saúde do bisavô da família, de 87 anos, nunca mais foi a mesma. Eles não quiseram se identificar, mas relataram que o familiar teve a doença em junho, se recuperou do vírus, mas desde então órgãos vitais como pulmão e coração não funcionaram da mesma forma.

“Temos certeza que é consequência da covid. Se não fosse a contaminação, ele iria viver por muito tempo ainda. Tinha uma saúde forte. Depois de quase sete meses ainda estava fragilizado”, diz a nora do idoso. Ele morreu em janeiro e não entrou nas estatísticas oficiais da doença.

Mortes em março aumentam 167%

O levantamento do Diário dos Campos comprova que março foi o mês mais mortal da covid-19 em Ponta Grossa. Foram confirmadas até o dia 31 um total de 246 mortes em decorrência da doença – média de quase oito por dia. Contabilizando todos os óbitos do município, março terminou com 486, número mais elevado dos últimos anos. Em relação ao mesmo mês do ano passado, que teve 182 perdas, o crescimento é de 167%.

Já as 1.082 perdas de todo o primeiro trimestre de 2021 representam aumento de 103% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando 533 certidões de óbito foram emitidas no município.

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