Lucro de empresas cresce e renda de pessoas diminui durante pandemia na região de Ponta Grossa

O imposto de renda, como o próprio nome já sugere, incide sobre a renda dos trabalhadores (no caso de pessoas físicas) e sobre o lucro das empresas (no caso das pessoas jurídicas). Portanto, os dados de arrecadação do tributo mostram um cenário do comportamento de ganhos – e, na região de Ponta Grossa, no ano passado as pessoas jurídicas lucraram mais e os trabalhadores ganharam menos.

É o que apontam os dados disponibilizados pela delegacia regional da Receita Federal, que abrange 64 municípios. Comparando a arrecadação de 2019 e 2020, enquanto que o IRPF variou 4,45% a menos que a inflação (IPCA), o IRPJ cresceu 26%, já com a diminuição inflacionária.

“O imposto de renda sobre a pessoa jurídica [IRPJ] incide sobre o lucro das empresas. Como não houve nenhum aumento de alíquota, esse aumento regional reflete um crescimento no lucro. Durante a pandemia a gente ouvia sobre um aumento das vendas de mercados e comércio eletrônico, o que é curioso é que ao mesmo muitas pessoas tiveram queda de renda”, avaliou o delegado regional da Receita, Demetrius de Moura Soares.

Segundo ele, o segmento de empresas que mais se destacou na arrecadação de IRPJ foi o comércio, varejista e atacadista. “O auxílio emergencial certamente contribuiu para mitigar os efeitos negativos da pandemia”, analisa.

Ainda de acordo com Soares o aumento na arrecadação do IRPJ foi um fenômeno registrado em toda a 9ª região fiscal – que abrange os estados do Paraná e Santa Catarina. “No Paraná tivemos o melhor desempenho na arrecadação desse tributo”, contou o delegado à reportagem do jornal Diário dos Campos e portal dcmais.

Região de Ponta Grossa lidera alta na arrecadação federal no PR e SC

A Receita Federal recolhe contribuições previdenciárias e arrecadação fazendária. Entre os tributos específicos estão o imposto de renda, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o Programa de Integração Social (PIS).

Juntos, eles somaram uma arrecadação federal de R$ 5,19 bilhões em 2020, 5,05% a mais que em 2019 já com o desconto da inflação. “Os principais contribuintes deste resultado foram o comércio, varejista e atacadista, a fabricação de papel e celulose e o transporte e armazenamento de cargas”, afirma o delegado Demetrius de Moura Soares.

Nominalmente (sem o desconto da inflação), a variação foi de 9,57%, a maior entre toda a região fiscal da delegacia regional – em outras palavras, a região de Ponta Grossa foi a que obteve o maior crescimento entre todas as paranaenses e catarinenses.

Os resultados nominais foram os seguintes entre as delegacias: Ponta Grossa (+9,56%), Joinville (+9,1%), Joaçaba (+8,3%), Maringá (+5,7%), Cascavel (+5%), Londrina (-0,2%), Curitiba (-0,8%), Florianópolis (-2%) e Blumenau (-12,9%).

Motivo

O principal motivo para esse destaque da delegacia de Ponta Grossa foi o pagamento de R$ 280 milhões de uma empresa que estava em atraso com a Receita Federal. A indústria, não identificada pela Receita devido ao sigilo fiscal, devia IPI de janeiro/2018 a outubro/2020 e acertou as contas com o fisco em novembro.

Apesar disso, não é possível descontar os R$ 280 milhões do valor total para então comparar o desempenho com outras regiões por dois motivos: primeiramente porque uma parte dos R$ 280 milhões corresponde à atividade de 2020 e não foi especificada pela Receita e, em segundo lugar, porque as outras delegacias também podem ter registrado casos como esse, detalhe ao qual a delegacia regional não possui acesso rápido.

Por Millena Sartori/dcmais