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Enquanto a produção industrial do país cai, Ponta Grossa fabrica mais caminhões e pizzas

Apesar de enfrentar dificuldades como abastecimento de matéria-prima, fabricantes locais não suspenderam atividades

Maiores dificuldades foram com matéria-prima e remanejamento de pessoal (foto: Arquivo DC)

Dificuldades geradas pelas medidas de combate à pandemia provocaram a suspensão de produção de diversas indústrias brasileiras, mesmo em cidades que, assim como Ponta Grossa, decretaram que a atividade é essencial. Um exemplo são as montadoras de automóveis, já que pelo menos oito (Honda, Toyota, Nissan, Volkswagen, Mercedes-Benz, Renault, Volvo e Scania) anunciaram paralisação nas últimas semanas. Porém, o mesmo não ocorreu em Ponta Grossa: de acordo com representantes do setor ouvidos pela reportagem do jornal Diário dos Campos e portal dcmais, não houve casos de cortes em linhas produtivas na cidade; apesar de algumas empresas diminuírem o ritmo de produção, outras chegaram a aumentá-lo.

“No caso da indústria automotiva, o que mais pegou foi que grande parte dessas empresas são somente montadoras, recebem peças do mundo inteiro e montam no Brasil – e com a falta de material, acabaram sofrendo. Aqui estamos com alguns segmentos super acelerados, tendo mais demandas, como é o caso da construção civil, metalmecânica, madeireiras – que tiveram crescimento em exportações e aproveitam dólar alto. Alimentos nem se fala, principalmente aqueles processados, que vendem em supermercados”, avalia Marcos Gueibel, coordenador da Câmara Técnica de Indústria e Comércio Exterior do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grosas (CDEPG).

A mesma visão é compartilhada pela diretora executiva da Casa da Indústria de Ponta Grossa, que representa sindicatos patronais da cidade. “Normal dentro da perspectiva não está, mas não tivemos uma afetação tão grande como em outras cidades que tiveram decretos, onde o escoamento foi prejudicado de alguma forma”, compara Priscilla Garbelini Jaronski. Segundo ela, os problemas foram mais pontuais – mas nenhum afetou o funcionamento das fábricas. Um deles é a falta de transporte público na cidade, que foi suspenso desde o dia 18 de março e agora segue sem rodar devido à greve dos funcionários. “Conseguimos preparar as empresas para essa situação e antecipar as adaptações”, conta Priscilla.

Matérias-primas

O consenso entre eles é que um dos maiores empecilhos da indústria – mas que mesmo assim não provocou paralisação – é a falta e o decorrente encarecimento de matérias-primas, como é o caso do aço, por exemplo, que quase triplicou de preço em um ano.

O presidente do Sindimetal de Ponta Grossa, Álvaro Scheffer, afirma que não houve paralisações devido às dificuldades com matérias-primas, mas que tiveram que ser feitas readequações de produção. “As indústrias também afastaram funcionários com comorbidades e aqueles acima de 60 anos, além de adotar home office para setores administrativos. Tudo isso traz algum transtorno”, lembra ele.

Segundo Marcos Gueibel, a falta de aço aconteceu devido à paralisação de indústrias no ano passado – mas mesmo com a retomada produtiva, os preços seguem altos. “Estamos esperando um movimento de redução nos preços, porque o valor do aço acaba impactando em muitos produtos, e não tem como repassar esse aumento proporcional pro cliente final”, destaca o conselheiro do CDEPG.

Exemplos positivos

Apesar das dificuldades enfrentadas, principalmente logísticas e de pessoal, algumas empresas têm crescido em meio à pandemia. Dois exemplos de Ponta Grossa são a DAF Caminhões e a BRF Foods.

No caso da DAF, contrastando às montadoras que suspenderam produções, a indústria sediada em Ponta Grossa lançou dois modelos de caminhões desde agosto de 2020 e cresceu 38% apenas no segmento acima de 40 toneladas – e, para isso, investiu novos recursos em maquinários, treinamentos e pelo menos mais cem contratações em dois anos.

Já no caso da BRF, que tem a sua maior fábrica de pizzas do país instalada no bairro Uvaranas, foi batido recorde de produção das “redondas”, alcançando 6 mil pizzas por hora. Para dar conta deste aumento e também da produção de lasanhas e tortas doces e salgadas, em 2020 o número de colaboradores da unidade passou de 900 para cerca de 1,2 mil, e o expediente foi estendido também aos sábados.

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