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Bullying na escola: como perceber os sinais

Para que os pais possam detectar se seus filhos estão sofrendo com bullying na escola, a psicóloga Heloisa Christina Mehl Gonçalves, representante do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) nos Campos Gerais, explica que existem sinais sutis que podem ajudar a combater o problema.

“O fundalmental é que os pais tenham um bom relacionamento com os filhos, sempre procurem conversar com eles [desde a primeira infância], para que isso não fique mais difícil na adolescência e na pré-adolescência. Se esse relacionamento for bom, os jovens estarão confortáveis para falar sobre seus problemas”, diz Heloisa.

 

Personalidade intensa

Segundo Heloisa, essa proximidade é a chave para a detecção rápida de sinais de transtornos psicológicos originados na escola, e podem evitar situações mais graves no futuro. Isso porque a mudança no comportamento da criança ou adoelscente é o principal indicativo de que há algo errado no ambiente escolar. Para perceber isso, é preciso ser próximo da criança.

“Em momentos de ansiedade, características de personalidade são intensificadas. Se o jovem é agressivo, se torna subitamente mais ríspido ainda. Se é uma criança retraída, passa a se fechar ainda mais”, detalha.

 

ATENÇÃO PARA SINAIS SUTIS

– Crianças podem se manifestar através de desenhos. Fique atento aos temas representados nos cadernos. Às vezes ele desenha um colega agredindo outro, mas está se referindo a si mesmo.

– Adolescentes e pré-adolescentes costumam ser mais retraídos. Se isso ficar ainda mais intenso de forma repentina, procure saber o que está havendo. Pode ser um indicativo de que ele é vítima de bullying.

– Se a criança não quiser mais ir à escola, ou as notas tiveram caído demais, procure conversar para entender o motivo. Converse com a direção da escola para tentar encontrar as razões desse comportamento.

– Alterações no apetite: comer pouco ou comer demais; mudanças no padrão de sono: insônia ou sonolência excessiva também podem indicar um desânimo resultado de bullying. Investigue as causas

 

Intimidação

A palavra de origem inglesa bullying ganhou popularidade no Brasil especialmente nos últimos 15 anos, servindo para definir um conjunto de atos que incluem ameaça, intimidação, opressão e maltrato. O tema costuma ser debatido quando se trata de crianças em idade escolar porque, sendo a instituição de ensino uma espécie de microcosmos da vida em sociedade, acaba sendo também o ambiente no qual o bullying surge pela primeira vez.

No passado, a humilhação entre colegas de sala de aula em virtude de comportamentos ou aparências peculiares, eram vistos como aceitáveis. Causavam desconforto e traumas, mas não eram alvo de discussões mais profundas. Hoje, há especialistas que se concentram no tema, já que existem casos em que o bullying se tornou o germe para suicídio e até atos de violência em massa, praticados muitas vezes de forma aleatória e imprevisível.

 

Projeto de destaque

Em um esforço para prevenir o desenvolvimento do bullying, a escola municipal Ruth Holzmann Ribas, em Ponta Grossa, desenvolveu um projeto trabalhado com crianças entre cinco e dez anos, ao longo do ano de 2018. A iniciativa foi da professora Lucirene de Oliveira Gonçalves, que procurou incluir o tema na disciplina de artes.

“Comecei com um questionário que foi respondido pelas mães dos alunos, por professores e funcionários, e pelos próprios alunos. A intenção era apontar o que poderia ser melhorado na escola. Entre os mais de 16 itens, a falta de respeito entre colegas foi uma das principais. Decidimos, então, trabalhar com as crianças sobre tudo que envolvesse valores”, conta Lucirene, que desmembrou o assunto em bullying, cooperação e respeito na vida em sociedade.

 

Participação familiar

Apesar de notar mudanças no comportamento dos alunos ao longo do ano, a professora entende que os resultados do projeto tendem a aparecer a longo prazo. Ela também considera que o combate ao bullying e o respeito às diferenças só funciona se esses ensinamentos estiverem sendo replicadas no ambiente familiar.

“Procuramos incluir os pais em apresentações artísticas, e poucos disseram não. Eles precisam fazer parte desse trabalho para evitar a discriminação pela aparência física, pela diversidade cultural ou em função das crenças religiosas”, acrescenta. As atividades envolveram 160 alunos, e incluíram dinâmicas de musicalização e abraços.

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