A primavera deve ter variações bruscas de temperaturas e chuvas abaixo da normalidade no Paraná. A estação começa às 22h04 desta quinta-feira (22) e termina em 21 de dezembro às 18h48 e, segundo a previsão do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), começa com tempo estável na maioria das regiões, com algumas chuvas isoladas na área da divisa com Santa Catarina.
Está previsto dia ensolarado nas regiões de Guaíra, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Pato Branco, União da Vitória, Umuarama, Guarapuava e Apucarana. Deve ficar parcialmente nublado nas regiões de Campo Mourão, Telêmaco Borba, Jaguariaíva, Ponta Grossa, Rio Negro, Cascavel e Curitiba. Nas regiões de Paranavaí, Londrina, Maringá, Jacarezinho, Paranaguá e Laranjeiras, o dia deve ser parcialmente nublado com chuvas. A temperatura mínima prevista é de 7 ºC em Guarapuava. A máxima deve atingir 26 ºC em Jacarezinho e Paranaguá.
O prognóstico dos modelos climáticos dinâmicos e estatísticos indica a intensificação do fenômeno La Niña com probabilidade de 80 a 90%, que influenciará o clima no Paraná. A temperatura média do ar ficará dentro da normalidade para a estação em quase todo o Estado, à exceção da Região Leste na qual deve situar-se ligeiramente abaixo da normal climatológica.
“Estão previstas grandes oscilações da temperatura do ar, com a continuação de variações bruscas semelhantes às registradas em agosto e na primeira quinzena de setembro, porém mais curtas e associadas à passagem de frentes frias sobre o Paraná”, observa o meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib.
“Entre os períodos sem chuva, os dias serão secos e de rápido aquecimento diurno, com ondas de calor, principalmente nas faixas norte e oeste do Estado. No leste, entre a Região Metropolitana de Curitiba e as praias, sistemas de precipitação com deslocamento lento e passagem de massas de ar frio próximas à costa sul do Brasil ocasionam dias com temperaturas amenas”, explica o meteorologista.
O cenário climático sugere que o volume de chuva ficará abaixo da normal climatológica em todo o Estado. Segundo Reinaldo Kneib, “na primavera costuma ocorrer o aumento gradual na quantidade de eventos meteorológicos e no volume de chuva”. A causa está na passagem de frentes frias e/ou quentes e outros sistemas de precipitação de curta duração. Desenvolvem-se em função das temperaturas altas e da maior quantidade de umidade no ar e em áreas próximas, como Paraguai, norte da Argentina e estados vizinhos.
Por ser considerada uma estação de transição entre os regimes climáticos do inverno e do verão, a primavera favorece a ocorrência de eventos meteorológicos severos como rajadas de ventos fortes, granizos, grande quantidade de raios e chuvas volumosas no Paraná. Também é esperada a atuação dos Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM) – aglomerados de nuvens de tempestade que se formam na região do Paraguai e ingressam no Paraná ou se desenvolvem no próprio Estado.
AGROMETEOROLOGIA
“O cenário de intensificação do fenômeno La Niña durante a primavera é preocupante para agricultores e pecuaristas”, assinala a agrometeorologista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar – Emater (IDR Paraná), Heverly Morais. Grandes culturas como soja, milho e feijão podem sofrer impactos, tais como atraso na semeadura, germinação desuniforme da lavoura, crescimento inadequado das plantas e mau desenvolvimento dos grãos. Algumas recomendações para enfrentar esses períodos secos são: escalonar a semeadura em talhões com cultivares de ciclos diferentes, não inserir população de plantas superior ao indicado, manter o equilíbrio nutricional das plantas, utilizar sementes de boa qualidade e cultivares adaptadas à região.
Como os períodos de estiagem durante a safra das grandes culturas têm sido recorrentes no Paraná, uma estratégia preventiva para melhorar a estrutura do solo e o armazenamento da água é cultivar e incorporar plantas de cobertura em sistema de plantio direto. “Essa técnica melhora os atributos físicos e químicos do solo, favorecendo o aumento de infiltração, aprofundando as raízes da cultura, reduzindo a temperatura e a evaporação do solo e mantendo a água disponível para as plantas em períodos de estiagem fraca e moderada”, explica a agrometeorologista. Deve ser planejada e conduzida com assistência técnica. Os benefícios são observados em médio e longo prazos.
As altas temperaturas da primavera devem prejudicar as hortaliças, principalmente as folhosas. Devido ao intenso calor, as olerícolas em geral demandarão muita água de irrigação. Com a previsão de chuva abaixo da normal climatológica e mal distribuídas ao longo da estação, há grande risco de culturas como café, cana-de-açúcar, mandioca e frutíferas serem prejudicadas, assim como as pastagens.
Outros eventos meteorológicos extremos recorrentes na primavera – como vendavais, granizo e raios – poderão causar prejuízos para a agricultura e a pecuária no Paraná.