Ponta Grossa e o Paraná vivem uma explosão no número de dengue, com um recorde histórico de casos confirmados. É o maior número de ocorrências verificadas pela Secretaria de Estado de Saúde (SESA) desde o primeiro boletim, elaborado em 2009.
De lá para cá, houve mudança no formato e na metodologia de coleta de informações. Porém, para efeito comparativo, a reportagem do Diário dos Campos e portal DCmais verificou cada um dos boletins correspondentes ao período entre final de fevereiro e início de março de cada ano. E os dados são alarmantes.
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Dengue no Paraná
O informe divulgado esta semana aponta que o Paraná tem 58.567 casos de dengue confirmados. Para que se tenha ideia do aumento, no ano anterior, em período semelhante, havia 4.794 casos confirmados. Anteriormente, o maior número de casos havia sido registrado em 2020, com 34.905 casos. Naquela ocasião, a alta de contágios não recebeu o devido destaque, em parte, devido às notícias de covid-19 que começavam a tomar conta dos jornais.
Do total de casos confirmados no Paraná no mais recente período sazonal 2023/2024, 1.412 foram considerados dengue com sinais de alarme e 70 da forma grave. Ao todo, 23 mortes foram registradas até o momento no Estado.
Para a SESA, o aumento da quantidade de mosquitos é que faz crescer o número de casos de dengue. Em nota enviada ao Portal DCmais e Diário dos Campos, o “fenômeno El Nino tem impactado fortemente o Paraná como um todo e as regiões que historicamente apresentavam baixa circulação viral neste momento apresentam um cenário de impacto. O aumento da pluviosidade e das temperaturas médias tem sido importantíssimos para a proliferação do Aedes, fazendo com que a densidade vetorial aumente, o que reflete incremento na transmissão da dengue”.
Dengue em Ponta Grossa
O último informe publicado pela Sesa, nesta semana, mostra que a cidade registrou 59 casos de dengue, sendo cinco deles considerados mais graves. Ainda não há confirmação de mortes, mas há óbitos sob investigação. Os dados são considerados desde agosto de 2023, quando tem início o ciclo de contagem de casos pela Secretaria. Veja o infográfico abaixo:
Até então, o máximo de casos notificados no município, para o mesmo período de comparação, havia sido em 2016, com 12 confirmações. Aquele ano ficou marcado pelo aumento de casos de zika vírus e a chikungunya, que, assim como a dengue, também são transmitidos pelo mosquito Aedes Aegypti.
O boletim da SESA chama atenção também para outro dado: os casos autóctones (quando a doença é transmitida dentro da cidade). Das 59 pessoas acometidas pela dengue em Ponta Grossa, 34 foram contaminadas no município e 15 fora da cidade. Ou seja, há mosquitos com dengue circulando por Ponta Grossa.
Historicamente, Ponta Grossa nunca foi um dos municípios destaque em contágios pela dengue, perto de outros da região Norte e Oeste. Tanto que, até o momento, está de fora da lista de cidades que devem receber a primeira distribuição de inédita vacina contra a dengue – a Qdenga.
Retorno
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Ponta Grossa e também com a SESA buscando comentários sobre esses números, as causas do avanço e medidas adotadas até o momento. A Secretaria encaminhou uma nota (veja abaixo), já o governo municipal ainda não deu retorno.
Nota da SESA sobre casos de dengue
A Secretaria de Estado da Saúde monitora de maneira constante o quadro epidemiológico no Estado. É válido destacar que o Estado não tem medido esforços para controlar e amenizar os casos da doença em todo seu território.
As equipes de especialistas biólogos e entomólogos estão a campo orientando os ACE na identificação de criadouros de grande monta que podem sustentar aumentos na infestação vetorial, bem como na organização de ações de mutirão e de mobilização da população na remoção e eliminação mecânica de criadouros; especialistas médicos e enfermeiros tem apoiado os serviços de atenção à saúde em visitas in loco para orientar os profissionais, bem como a promoção de capacitações on line para esclarecer dúvidas sobre manejo clínico de pacientes suspeitos por dengue e assim minimizar as formas severas da doença; reativamos o Comitê Estadual Intersetorial de Dengue em que todas as secretarias de estado, instituições parceiras e representantes da sociedade civil se uniram no combate à dengue, promovendo ações articuladas em suas instituições para mobilizar a sociedade civil e órgãos de governo na luta contra a doença; as equipes de da Diretoria de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa tem realizado diariamente videoconferências com municípios com maior enfrentamento da doença, a fim de corrigir fragilidades e apoiar o trabalho que deve ser desenvolvido de forma conjunta.