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Entrevista com Domenico De Masi, o pai do ócio criativo

 

O sociólogo italiano Domenico de Masi esteve em Curitiba para realizar uma palestra nas Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil, onde abordou os temas: Educação, trabalho e criatividade. Professor de Sociologia do Trabalho da universidade romana de La Sapienza, De Masi se tornou internacionalmente conhecido em 2000, com o lançamento de O Ócio Criativo. Na obra, o autor defende a redução das jornadas de trabalho e a flexibilização do tempo livre, em um contexto mais adequado à globalização e à sociedade pós-industrial.

 

O que o Brasil tem a contribuir ao mundo, mesmo com os contrastes entre pobreza e riqueza?

Em meus discursos, falo sobre como criar um modelo de vida que traga felicidade aqui e agora. O modelo brasileiro não é o modelo ideal, mas tem muita coisa para ensinar ao mundo. Sou um admirador de Oscar Niemeyer e das obras de Darcy Ribeiro que, é um dos únicos que descreve o Brasil antes de 1500 e a perfeição do modo de vida dos índios que aqui viviam. Para ele, a riqueza do modo de vida brasileiro está na diversidade cultural, miscigenação de raças e etnias, a convivência em paz com todas as demais nações e o governo democrático.

 

O senhor afirma que o mundo está parado nos anos 60?

A sociedade atual se comporta como nos anos 60. Só os jovens que não. A presidente Dilma se comporta como nos anos 60, a mídia se comporta como nos anos 60. Estamos em uma sociedade nova, que se comporta como sociedade velha. Isso é cultural no mundo todo e se chama gap cultural. Curitiba foi vanguarda com Jaime Lerner, mas agora se comporta como antes. Google e Micrsoft produzem o futuro, mas são organizados como antigamente.

 

Como o senhor vê as leis trabalhistas brasileiras?

As leis trabalhistas brasileiras foram feitas para os empreendedores e para os sindicatos. Eles têm mentalidade industrial, não pós-industrial. Eles têm medo da organização pós-industrial, porque a confundem com a anarquia. Quando se produz parafusos, um minuto é importante. Mas quando se produz uma ideia, um minuto não significa nada, porque em um minuto eu posso ter uma grande ideia, e em um dia eu posso não ter ideia nenhuma.

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