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Santo sem milagre – Parte 1

Sandro Ferreira

De início é bom frisar que o termo ‘santo’, é incompatível para qualquer político em toda a história do mundo, que dirá no Brasil. Nunca houve notícia de políticos que tenham sido canonizados por suas carreiras, mesmo porque a dinâmica da política é contrária a isso. Quem provavelmente tenha chegado mais perto deste merecimento, seja o líder sul-africano Nelson Mandela, que amargou 27 anos preso, 18 destes em uma penitenciária na Ilha Robben (Cidade do Cabo) e, ao sair de lá, perdoou seus algozes e uniu seu país, elegendo-se como o primeiro presidente negro, onde havia um dos mais violentos regimes de segregação racial de todos os tempos, o ‘apartheid’.

Portanto, não se pode levar ao pé da letra o slogan da bem sucedida campanha Santo de Casa faz milagre, liderada pela ACIPG, em 2009, no intuito de eleger um deputado federal de Ponta Grossa e dos Campos Gerais, que culminou com a eleição de Sandro Alex. Ressalvando que o mesmo não foi eleito somente devido à campanha, lançada pelo antigo aliado e atualmente opositor dos irmãos Oliveira na cidade e região, Marcio Pauliki. Não há dúvida que Sandro Alex também teve seus méritos e, reconheça-se que ele e o prefeito Marcelo Rangel possuem faro e senso de oportunidade política. Não foi à toa que chegaram onde estão; fato é que até o momento representam a maior força eleitoral da região. Fica a dúvida se irão continuar nessa franca ascensão ou se em algum momento enfrentarão reveses.

É notório que ambos não são de combate aberto, tendo sido exceção à regra o último debate da RPC/Globo para a prefeitura de Ponta Grossa em 2012, quando o então candidato Marcelo Rangel, partiu para o tudo ou nada contra o seu opositor Péricles Holleben, lhe dizendo coisas que em nenhum momento da campanha havia dito. Teve êxito, mesmo arriscando-se a perder a eleição, pois tradicionalmente nesta cidade, o candidato que partia para o ataque, era o derrotado nas urnas. No entanto, é provável que o resultado da eleição tenha mudado naquele debate. A postura de Rangel surpreendeu até o candidato do PT, que ficou na defensiva e não revidou à altura as críticas do rival, talvez crendo em vitória de véspera. Mas esta é outra história.

Quanto ao Santo de Casa, mesmo descontando o fato de Sandro Alex ser novato na política e na Câmara, como seu eleitor, manifesto que esperava mais do seu mandato em Brasília, pois um parlamentar não deve focar seu trabalho só em pedir verbas ao governo federal, visto que alguém votado por quase cem mil eleitores está legitimado a falar sobre os grandes temas nacionais, sem medo e com personalidade. A frase do deputado: Não faço oposição por oposição, pode até soar bonita, mas só demonstra a sua relutância em sair de cima do muro. Seu partido é abertamente antagônico ao desgoverno Dilma Rousseff; então que recrimine enfaticamente os reincidentes atentados à democracia cometidos pelo PT e seus asseclas, sem temer represálias.

O autor é cidadão de Ponta Grossa.

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