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Douglas Mayer: conheça o artista que conta a história de PG

Pelo menos três murais do artista sintetizam parte da trajetória do município

Foto: Arquivo DC

Aos 70 anos de idade, o artista plástico Douglas Mayer adotou Matinhos como endereço. Mas traz na memória o tempo em que viveu em Ponta Grossa, cidade onde nasceu e permaneceu até o final da adolescência. Também é onde estão algumas de suas maiores obras.

Talvez, na correria que o dia a dia impõe aos cidadãos, sua arte passe despercebida. Mas, quem decide se deter alguns minutos diante do trabalho de Mayer se surpreende com o esmero de quem procura sintetizar parte da história e símbolos do município em painéis com traços de estilo bastante característicos.

Douglas Mayer

Pelo menos três das maiores obras de Douglas Mayer estão em locais estratégicos de Ponta Grossa. O Memorial do Tropeirismo pode ser visto na rotatória da Rua Silva Jardim, ligando o Centro a outros bairros da cidade.

Foto: José Aldinan

No Ponto Azul, no Centro, um painel colorido retrata um instante da vida no município diante do antigo ponto de parada dos ônibus.

Ponto Azul, antes de recente limpeza e revitalização / Arquivo DC

Outro grande painel dentro da Câmara Municipal, no Bairro Ronda, traz uma série de imagens que referenciam a importância da casa de leis para a cidade.

Foto: Arquivo DC

Versatilidade

A versatilidade de Mayer se mostra nos materiais que compõem suas obras: placas de cerâmica, totem em concreto, painel em madeira, escultura em metal. Hoje, após publicar charges e ilustrações em diversos jornais, tendo se formado em Artes depois dos 60 anos e lecionado na disciplina, ele fala sobre sua trajetória.

Vê com perplexidade como a visão de algumas de suas obras mudou com o tempo. Ao mesmo tempo, já não tem necessidade das tradicionais exposições, e se mostra realizado com o que a tecnologia hoje oferece a sua arte.

A virada de mesa

A arte de Douglas Mayer se intensificou no início da década de 1970. Ele fez curso técnico de eletricidade na Escola Tibúrcio Cavalcanti – “aquela que construíram um prédio dentro”, diz, em referência ao edifício Santos Dumont, erguido no local.

Trabalhava na Copel quando, em suas palavras, decidiu “virar a mesa” e pediu demissão para se dedicar à ilustração. “Pedir demissão da Copel seria algo impensável hoje”, recorda. Mas Mayer já havia feito alguns trabalhos de ilustração no jornal O Estado do Paraná, e gostou da experiência.

Charge e ilustração

Chegou ao jornal Panorama, de Londrina, em 1975. Bem no ano da Geada Negra, que dizimou os pés de café e praticamente acabou com o ciclo cafeeiro no país. O jornal acabou fechando. Dali, Mayer foi pulando de um jornal para o outro, ilustrando e fazendo charges.

Esteve no Jornal da Indústria & Comércio, Diário do Paraná e Gazeta do Povo, em Curitiba. Nesse último, foi um dos responsáveis pela criação do setor de charges políticas. Também ilustrou jornais em Piracicaba e Campinas (SP), e integrou equipe do jornal A Notícia, em Joinville (SC). “Todo o meu trabalho tem muito da minha trajetória no jornal,como ilustrador e chargista. Quem curte essa linguagem vai perceber isso”, comenta.

Saiba mais sobre a obra do artista

Redes sociais

Veio para Matinhos quando soube que tinha aberto uma universidade e, já com mais de 60 anos, se formou professor de Artes, mantendo o trabalho em jornais. No entanto, a pandemia interrompeu muitas atividades, e hoje ele se dedica à criação para si.

“Estou fazendo várias series de pintura em tela, e pretendo um dia fazer exposição. Mas confesso que não tenho mais a mesma vontade. Agora estou usando Facebook e Instagram para mostrar o trabalho. Pra mim, isso me satisfaz. Exposição é uma chatice do caramba; Agora eu tô fazendo tudo por satisfação. Sabe quando você faz o negócio só por tesão? É isso!”, diz.

Surpreso

De Ponta Grossa, ele guarda várias lembranças. A mais viva é de quando ele cruzava a pé, entre os trens em movimento diante da Estação Saudade, a caminho das aulas na Escola Tibúrcio Cavalcanti. De vez em quando, vê uma ou outra notícia a respeito de suas obras deixadas no município.

“Na Câmara, colocaram uma televisão na frente do mural. Eu fico indignado com o que fizeram. Isso é uma violência. Acho que Ponta Grossa tem que ter consciência de que isso não se faz!”, reclama.

Em recente recuperação do Ponto Azul, ficou ressentido de não ter sido mencionado, já que sua arte compõe a parte superior do imóvel. Sobre o Memorial do Tropeirismo, Mayer apenas revela estar impressionado. “Quando fiz a obra aquela era uma região abandonada, que agora está tomada por prédios, e é de uma importância vital”, diz.

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