Está em desenvolvimento um novo projeto para a saúde em Ponta Grossa que, se for consolidado pelos governos municipal e estadual, deve promover uma verdadeira revolução no atendimento a pacientes da cidade e da região em relação às consultas de especialidades médicas e cirurgias eletivas.
As mudanças, que as autoridades prometem tirar do papel em breve, devem promover uma sensação de alívio para as milhares de pessoas que costumam aguardar meses e até anos por um procedimento especializado.
O projeto em questão consiste em reunir governos estadual e municipal, envolvendo estruturas como o Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HU-UEPG), o Hospital Municipal Doutor Amadeu Puppi, e a UPA Sant’Ana – que ainda não foi inaugurada.
Como vai funcionar
Este projeto deve funcionar da seguinte maneira: o Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HU-UEPG) vai sediar, conforme já anunciado pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) no início de fevereiro e confirmado pela secretaria ao dcmais e ao jornal Diário dos Campos, o Ambulatório Médico de Especialidades (AME).
Segundo a Sesa, a secretaria está em tratativas para viabilizar o AME na região, sendo que o local ideal seria ao lado do HU-UEPG. “É uma prioridade do governo Ratinho Junior levar os serviços de saúde o mais próximo do cidadão, ampliando para a região o rol de especialidades”, disse a Sesa.
A estimativa é que o AME oferte 15 mil consultas mensais em diversas especialidades médicas, para pacientes de Ponta Grossa e região. A intenção, destacou o governador Ratinho Junior, em visita a Ponta Grossa nesta segunda-feira (22) é começar a construção nos próximos meses. “É mais capacidade de atendimento para diminuir as filas de espera por consultas especializadas”, ressaltou.
Cabendo ao Hospital Universitário o Ambulatório Médico de Especialidades, outra estrutura complementar ao AME seria então implantada no Hospital Municipal, que seria transformado em um centro de referência em cirurgia eletiva. “A intenção é termos um complexo educacional com residências multidisciplinares que possam preencher essa necessidade que é de mais de uma região, podendo abranger Telêmaco Borba e Irati”, afirma a Sesa.
Sobre o assunto, inclusive, matéria publicada pelo dcmais e Diário dos Campos no dia 16 de outubro de 2020, questionava os cinco candidatos à prefeitura de Ponta Grossa sobre diferentes estratégias que adotariam, caso fossem eleitos, para diminuir as filas para exames, consultas e cirurgias. Na ocasião, a então candidata e agora prefeita Elizabeth Schmidt (PSD) destacou, entre outros pontos, que caso fosse eleita, no Hospital Municipal seria implantada uma estrutura com seis centros cirúrgicos e capacidade para realizar até 1,3 mil cirurgias por mês.
Desta forma, se o projeto for efetivado, estas duas unidades – AME e centro de referência em cirurgia eletiva – atenderiam às demandas por consultas em determinadas especialidades e cirurgias eletivas, contribuindo para diminuir a fila de espera de pacientes de PG e região.
Com isso, além de ampliar o atendimento, a expectativa é que – ou o Estado assuma a gestão da estrutura do HM ou que o Município receba mais recursos, por meio de convênios, para este gerenciamento. Segundo a prefeitura já divulgou anteriormente, mensalmente, são investidos R$ 5 milhões no Hospital Municipal, sendo que boa parte são recursos do próprio Município.
Atendimento de Urgência
Mas, e quanto ao atendimento de urgência do Hospital Municipal? É, aí, conforme a Sesa e a prefeitura de Ponta Grossa, que entraria a UPA Sant’Ana.
Com a possível mudança no atendimento no Hospital Municipal, o Pronto Socorro do HM será transferido para a UPA Sant’Ana, que ainda não entrou em funcionamento. Ao que tudo indica, o atraso na inauguração da UPA, já que a intenção da antiga administração municipal era iniciar o atendimento ainda no final de 2020, se daria justamente por conta das mudanças na organização do atendimento à saúde no município.
A reportagem questionou a Secretaria de Saúde de Ponta Grossa sobre a inauguração da unidade, e foi informada que ainda não há previsão para o funcionamento. Com as mudanças, o atendimento às urgências e emergências pelo Município seriam centralizadas na UPA Santa Paula e UPA Sant’Ana.
Mais de 52 mil pacientes estão em lista de espera por exames
Segundo levantamento do Diário dos Campos em dezembro do ano passado, 52.122 pacientes estavam na fila de espera pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por procedimentos em 174 especialidades, em Ponta Grossa.
Entre as maiores demandas estavam as consultas e exames na área de cirurgia geral com 1.759 pessoas na fila; dermatologia com uma fila de 3.879 pacientes; gastroenterologia com 1.320, oftalmologia com a fila de 4.435 e, principalmente, neurologia adulta e pediátrica que somavam 3.273 pacientes.
Outros números que chamavam a atenção estavam as consultas pré-natal de risco intermediário com 414 mães na fila de espera; exames de ultrassonografia de órgãos contavam com 2.089 pessoas na fila. Com a pandemia, quando a prioridade do sistema de saúde passou a ser a covid, as filas aumentam a cada dia.