O feito de Elizabeth Silveira Schmidt – a Professora Elizabeth (PSD) – vai além dos limites de Ponta Grossa. Ela é a primeira mulher eleita entre as principais cidades do Paraná em toda a história política. Municípios como Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu nunca tiveram uma mulher no comando, votada pela maioria especificamente para o cargo.
A professora de 69 anos já havia feito história ao ser eleita vice-prefeita de Ponta Grossa, na chapa de Marcelo Rangel. Escreveu mais um capítulo ao assumir o comando municipal interinamente na ausência do titular, fato exaltado no noticiário da época.
Meses depois, Elizabeth se tornou o nome da situação para concorrer ao pleito de 2020. Enfrentou desconfianças, mesmo já tendo ocupado anteriormente três secretarias municipais (Cultura, Turismo e Administração). Julgamentos sobre gênero e idade certamente contribuíram neste processo de ‘redução de forças’.
Mas o destino (e o eleitorado) colocaram a então candidata do PSD frente a frente com outra mulher no segundo turno: Mabel Canto (PSC). A disputa ganhou protagonismo nacional. Ponta Grossa tornou-se, então, a única cidade do país com segundo turno exclusivamente feminino.
Os 87.932 votos recebidos neste dia 29 de novembro fizeram a vice-prefeita virar o jogo sobre a opositora, primeira colocada no turno anterior, e se tornar a primeira mulher no comando de uma das principais cidades do Paraná. Em números absolutos, ela superou a volta de Pedro Wosgrau Filho (PSDB) à prefeitura em 2004, que somou 87.291. votos.
Luta feminina
A conquista de Professora Elizabeth faz parte de uma luta feminina considerada recente. O Código Eleitoral brasileiro só permitiu o direito de voto às mulheres no dia 3 de maio de 1933, na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte. Foram mais de 100 anos de disputa para este avanço.
Apesar do êxito há 87 anos, as mulheres demoraram a aparecer com sucesso no cenário político. As candidaturas aos cargos maiores eram raras e um novo passo começou a ser dado somente na década de 1990.
A Lei nº 9.100/1995 determinou que 20%, no mínimo, das vagas de cada partido ou coligação deveriam ser preenchidas por candidatas mulheres. Depois, esse limite mínimo passou para 30%.
Na história de PG
Elizabeth Silveira Schmidt (PSD) será a primeira mulher e a 42ª pessoa a ocupar o comando municipal. De acordo com pesquisa recente realizada pelo Plantão da Cidade, Ponta Grossa teve 41 homens à frente do cargo de prefeito. Esta sequência começou em 1891 com Coronel Cláudio, que dá nome a uma vila e ao Calçadão da cidade.
Na lista há outros conhecidos da população. Grande parte dos mais antigos dão nome a ruas, avenidas e locais públicos. São os casos de João Vargas Oliveira e Amadeu Puppi, que nomeiam hospitais.
Prefeitos de Ponta Grossa
Coronel Cláudio (1891 a 1892)
Vicente Bittencourt (1892 a 1895)
Theodoro Guimarães (1895)
Balduíno Taques (1895 a 1896)
Ernesto Vilela (1896 a 1908)
José Bonifácio (1908 a 1912)
Theodoro Rosas (1912 a 1916)
Brasílio Ribas (1916 a 1917; 1920 a 1924)
Abraham Glasser (1917 a 1920)
Coronel Vitor Batista (1924 a 1928)
Campos Mello (1928 a 1930)
Lysandro Araújo (1930)
Jorge Becher (1930)
Othon Mader (1931)
Pinheiro Machado (1932 a 1933)
Pedro Sherer Sobrinho (1933)
Albary Guimarães (1934 a 1945)
Peregrino Dias (1945)
Cláudio Mascarenhas (1945)
Joanino Gravina (1945 a 1946)
Theodoro Machado (1946)
Mena Barreto (1946 a 1947)
João Vargas Oliveira (1947 a 1951)
Heitor Ditzel (1951)
Petrônio Fernal (1951 a 1955)
José Hoffmann (1955 a 1959; 1963 a 1966)
Michel Namur (1959)
Eurico Rosas (1959 a 1963)
Fulton Macedo (1963)
Plauto Miró (1966 a 1969)
Cyro Martins (1969 a 1973)
Luiz Gonzaga (1973 a 1975)
Amadeu Puppi (1975 a 1977)
Luiz Carlos Zuk (1977 a 1982)
Romeu Ribas (1982 a 1983)
Otto Cunha (1983 a 1988)
Pedro Wosgrau Filho (1989 a 1992; 2005 a 2012)
Paulo Cunha (1993 a 1996)
Jocelito Canto (1997 a 2000)
Péricles de Mello (2001 a 2004)
Marcelo Rangel (2013 a 2020)