Em apenas um dia, Ponta Grossa registrou quatro casos de violência contra a mulher. Os crimes ocorreram entre às 11h30 do último domingo (19) até a madrugada de segunda-feira (20) quando a última ocorrência foi registrada pela Polícia Militar por volta de 1h54. Crimes ligados à violência doméstica têm sido frequentes durante a pandemia e já mostraram aumento significativo durante este período.
Conforme boletim encaminhado pela PM, o primeiro crime registrado no domingo ocorreu no bairro Jardim Carvalho, no final da manhã, quando uma mulher, de 27 anos, sofreu ameaças de morte do seu companheiro, de 25 anos. O suspeito acabou preso em flagrante e foi levado à delegacia.
Já no período da tarde, às 16h40, uma mulher, de 37 anos, foi agredida e ameaçada com uma foice pelo próprio marido. O crime foi registrado no bairro Contorno. “O autor, de 40 anos, estava em posse de uma foice e tentou atentar com a mesma contra a vida da vítima”, informou a polícia. O suspeito também foi preso.
No início da noite, às 19h38, a PM foi novamente acionada no bairro Contorno após receber denúncia de que uma mulher, de 33 anos, foi ameaçada de morte pelo ex-namorador, de 27 anos. “A equipe logrou êxito na localização do autor que foi encaminhado à delegacia”, disse a polícia.
Ainda na noite de domingo, por volta das 22h50, uma mulher, de 31 anos, precisou ser socorrida pelo Siate e depois foi encaminhada ao hospital após ter sido agredida pelo companheiro no bairro de Oficinas. O suspeito fugiu momentos depois e não foi localizado. Na madrugada de segunda-feira (19), no bairro de Uvaranas, uma mulher, de 33 anos, também foi agredida pelo seu convivente. O suspeito, de 42 anos, foi preso em flagrante e levado à delegacia.
Preocupante
Dados divulgados a partir de um balanço semestral do 1° Batalhão da Polícia Militar apontam que os crimes relacionados à violência contra a mulher tiveram um aumento de 18,55% durante a pandemia. Os números abrangem os municípios de Ponta Grossa, Castro, Carambeí, Arapoti, Jaguariaíva, Piraí do Sul e Sengés. Os dados surpreenderam a PM.
“É uma pena. Nos primeiros meses da pandemia, março e abril, estávamos acompanhando uma redução de casos. Isso se deu por conta do fechamento de bares, o que impedia o consumo alto de bebidas alcoólicas e, por consequência, a violência. Após a reabertura de alguns locais, efetivamente a violência acabou aumentando”, relatou o tenente-coronel Leonel Beserra, comandante do 1° BPM.
Núcleo Maria da Penha
Dados divulgados pelo projeto de extensão Núcleo Maria da Penha (Numape), da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), responsável por atender mulheres vítimas de violência, mostraram que, desde o dia 17 de março até o dia 20 de julho, foram realizados mais de 100 atendimentos pelas equipes.
Desses 100 atendimentos, 68 deles foi feito por telefone e os demais través de e-mails e redes sociais, como Facebook e Instagram. Entre os atendimentos realizados pelo órgão estão orientações para as vítimas, no sentido de encaminhamentos à Delegacia da Mulher e ao Ministério Público.
“Por conta da pandemia, os atendimentos pelo Numape passaram a ser remotos. Mesmo assim, percebemos que a procura das mulheres tem sido bem grande, no sentido de denunciar e serem orientadas como agir. A denúncia é fundamental para que elas busquem uma solução para o problema. A mulher não pode esperar que o agressor mude o seu comportamento”, comentou a coordenadora do projeto e professora do curso de Direito, Maria Cristina Rauch Baranoski.
Denuncie
O plantão do Numape funciona de segunda a sexta-feira, das 9 às 11 horas, pelos números (42) 3220-3475, 2102-8614 e 2102-8615. As denúncias também podem ser feitas na Delegacia da Mulher pelo (42) 3309-1300, Polícia Militar pelo 190 ou Guarda Municipal através do telefone 153.