em

Operário pretende representar contra árbitro na CBF; confira o que juiz colocou na súmula

Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro

* Por Felipe Liedmann

Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza é o personagem que a torcida do Operário elegeu como responsável por acabar precocemente com as chances de acesso na Série B. Ao anular erroneamente o segundo gol alvinegro, que daria vantagem em Belo Horizonte contra o Cruzeiro, o árbitro da Federação Paraibana despertou a ira de jogadores, integrantes da comissão técnica, diretores e torcedores. Tanto que o departamento jurídico deve preparar uma representação a ser protocolada na CBF contra a atuação do juiz.

O gol anulado aos 12 minutos do segundo tempo, logo depois que o Fantasma havia empatado, foi o estopim. A partir dali ficou evidente que a equipe perdeu a cabeça. Para se ter uma noção, o Operário cometeu duas faltas a mais do que o adversário, mas recebeu 11 cartões a mais.

Foram nove amarelos distribuídos pelo árbitro aos alvinegros e quatro vermelhos, o que também acarreta em problemas para o próximo compromisso do time, contra a Chapecoense.

A lista de expulsos durante a partida contempla o volante Jiménez, que estava no banco de reservas e chamou o árbitro de ‘ladrão’, segundo o que consta em súmula, logo após o gol anulado; o técnico Matheus Costa, que reclamou acintosamente e chegou a dizer que o juiz “estava estragando o trabalho de uma temporada”; e o atacante Diego Cardoso, que entrou no segundo tempo, teria xingado o árbitro aos 48 minutos e falado “você é muito ruim”.

Após o apito final, quando toda a delegação foi para cima do trio, Marcelo Aparecido Ribeiro ainda mostrou vermelho para o auxiliar Leandro Niehues, que também teria criticado a atuação com palavras duras.

Com os ânimos mais calmos, Matheus Costa avaliou o ‘homem do apito’ em entrevista coletiva. “É inacreditável o que aconteceu. Não podemos deixar de mencionar a grandeza do Cruzeiro. O Cruzeiro não precisava disso. Mas desde o início percebemos que o jogo seria ‘minado’ contra nós. Foi lamentável o que aconteceu. É inaceitável”, afirmou o treinador.

Até mesmo nas redes sociais, o clube demonstrou indignação. “Jogamos com raça até o fim, tivemos gol mal anulado e o trabalho de um ano inteiro é prejudicado pela incompetência de terceiros que deveriam apenas cumprir a regra”, postou o perfil oficial do Fantasma.

Também na internet, torcedores aproveitaram para alfinetar perfis que envolvem o nome do juiz. O experiente árbitro usava o Twitter no final do ano passado, quando se candidatou a vereador em São Paulo, recebeu 4.251 votos e não conseguiu se eleger. A torcida também aproveitou para fazer críticas na página de um bar do qual Marcelo seria proprietário na capital paulista.

Súmula

Além de relatar o motivo de cada expulsão, o árbitro acrescentou no documento oficial da partida a ocorrência de ‘invasão’ de campo por parte da comissão técnica e dirigentes do Operário. Na cena transmitida ao vivo, o que mais chamou a atenção é que seguranças do próprio Cruzeiro correram para proteger a arbitragem em um primeiro momento. No uniforme de pelo menos um deles estavam as estrelas que simbolizam a equipe mineira, o que o juiz não deixou claro no relato.

“Foram contidos por seguranças privados que estavam uniformizados com camisas azuis, por esse motivo dirigentes e jogadores começaram a alegar que se tratavam de seguranças da equipe local, aumentando a tensão e a reclamação. Após a chegada da segurança privada do estádio com coletes o tumulto foi contido e controlado”, escreveu Marcelo Aparecido Ribeiro, que ainda fez menção a xingamentos proferidos pelo dirigente Rubens Selski, o ‘Geada’, do Operário.

Matheus Costa também comentou sobre o momento de fúria logo depois do encerramento. “O final do jogo demonstrou que nós só queríamos justiça, e não foi o que houve em virtude da arbitragem péssima que aconteceu aqui”, declarou.

Punição

De acordo com o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, a participação em rixa, conflito ou tumulto durante a partida pode ser punida com suspensão de duas a dez partidas se praticada por atleta, treinador, médico ou membro da comissão técnica. Já para outras pessoas envolvidas na situação a suspensão pode ser pelo prazo de 15 a 180 dias.

Matheus Costa ‘joga a toalha’ para chance de acesso

Com a derrota por 2 a 1 em Minas Gerais, o Operário tem possibilidades mínimas de acesso. O Fantasma só pode chegar aos 57 pontos caso vença as duas partidas que restam e precisará torcer para que o CSA – atualmente com 56 na quarta colocação – não pontue mais.

Além disso, a equipe precisa ‘secar’ Juventude, Avaí, Sampaio Corrêa e Ponte Preta para que não alcancem a marca de 57 pontos. O técnico Matheus Costa ‘jogou a toalha’ para este campeonato, mas prevê um futuro positivo.

“O sonho não acabou. A gente só está adiando o sonho. O Operário, se continuar com essa postura, essa vontade de vencer e esse espírito de luta e entrega, terá muitas coisas boas pelo caminho e uma nova temporada brilhante que está por vir”, projeta.

VAR na Série B está só na promessa

A aplicação do árbitro de vídeo, que está desde 2019 no Brasileirão, nunca passou da promessa em relação à Série B. No final do ano retrasado, o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Leonardo Gaciba, comentou em audiência pública na Câmara dos Deputados que o uso da tecnologia atingiria em breve as divisões inferiores da competição.

“Acredito que a gente vai conseguir chegar a um estágio em que o árbitro de vídeo seja utilizado também na Série B, em todos os jogos. Não sei se para o ano que vem, mas em outro momento, e em jogos decisivos das outras séries do Campeonato Brasileiro”, disse no dia 19 de novembro de 2019.

Desde então poucas discussões públicas são realizadas sobre a implementação na segunda divisão. Um dos empecilhos é o custo do sistema. Em 2019, a CBF gastou R$ 12 milhões com o VAR na Série A. O número consta no balanço financeiro da entidade.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.