A condutora que se acidentou com o motoboy Alessandro Pereira na manhã da última terça-feira (13), no bairro Uvaranas, em Ponta Grossa, se apresentou à Polícia Civil dois dias depois da colisão. Acompanhada de advogado, ela prestou depoimento ao delegado Marcus Vinícius Sebastião na tarde de hoje. A motorista, que tem 39 anos de idade, disse que não percebeu o que ou quem havia atingido o carro e que saiu do local por nervosismo. Alessandro morreu poucas horas depois do acidente na UPA Santana.
De acordo com a Polícia Civil, a condutora não falou muito durante o interrogatório. Ela relatou que estava na casa de uma amiga antes da batida. Pouco depois de sair da visita, ela cruzou a esquina das ruas Rodrigo Silva com a Pontes Lemes na Vila Marina e sentiu o impacto. A motorista disse que chegou a ser atingida por estilhaços do vidro.
“Ela relatou que ficou meio atordoada, tentou sair do veículo, mas não conseguiu. Disse que ficou muito nervosa e acabou saindo do local. Ela disse que não percebeu quem ou o que atingiu o veículo”, conta o delegado que cuida do caso.
Uma câmera de segurança flagrou o acidente. Nas imagens é possível ver ao fundo que o motoboy acerta a lateral do Fiat Uno e é arremessado por cima do veículo. O Uno estava com os faróis acesos e ‘descia’ a Rua Pontes Lemes. Ali a preferencial é de quem trafega pela Rua Rodrigo Silva. Era por onde vinha a moto guiada por Alessandro.
Logo depois da colisão, o Uno chega a frear rapidamente. O veículo segue reto pela Pontes Lemes, mas com velocidade reduzida. Há um momento em que o carro desvia da trajetória e se aproxima do meio-fio. No entanto, a motorista retoma o trajeto e dobra à direita na Rua Ferreira de Araújo.
Ela disse durante o depoimento, segundo a Polícia Civil, que seguiu para casa, ligou para o marido e contou o que havia acontecido. “Ela relatou que ficou sabendo da vítima pela imprensa. O casal procurou então um advogado para que se apresentasse. Disse que não ingeriu bebida alcoólica, mas que toma medicamentos. Ela está com algumas lesões”, detalha o delegado Marcus Vinícius Sebastião.
O carro envolvido no acidente – Uno de cor preta – está no pátio da 13ª Subdivisão Policial e vai passar por perícia assim como a motocicleta de Alessandro. O veículo foi apreendido no dia anterior ao depoimento, conduzido por familiares da autora. O inquérito policial está em tramitação, mas não há previsão de prisão preventiva da motorista. Ela deve responder em liberdade. Outras testemunhas devem ser ouvidas nos próximos dias.
Sinalização na região é deficitária
Durante o depoimento à Polícia Civil, a motorista disse que não viu nenhuma placa de sinalização de via preferencial ou pare no cruzamento. A reportagem do Diário dos Campos esteve no local na tarde de ontem e constatou que há somente uma placa de preferencial na esquina. No entanto, ela está posicionada no lado oposto ao sentido que o Uno seguia. Também não há pintura no asfalto indicando preferencial.
Foi possível perceber que os veículos que trafegam no sentido em que o carro da autora estava param no cruzamento, seja por precaução, por conhecerem a região ou por perceberem a placa triangular do outro lado.
Alessandro deixa um filho adolescente
Natural da cidade de Reserva, nos Campos Gerais, Alessandro Pereira tinha 37 anos e atuava com entregas em Ponta Grossa. Há alguns anos havia perdido um irmão, o que já havia mexido com a família. Atualmente, ele residia na Vila Francelina, a 750 metros de onde aconteceu o acidente fatal, por volta das 7h da manhã.
Naquele dia, o motoboy foi atendido pelo Siate/Corpo de Bombeiros e a triagem inicial mostrava ferimentos moderados, sem risco à vida. Alessandro foi levado à UPA Santana. No entanto, o estado de saúde se agravou e ele morreu horas depois na terça-feira (13). O Instituto Médico Legal recolheu o corpo, sepultado na tarde seguinte no Cemitério São Vicente de Paula.
Alessandro deixa o filho Marlon, adolescente de 13 anos.