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Mabel prioriza cálculo criterioso de recursos e governo próximo da comunidade

Candidata do PSC encerra primeira rodada de entrevistas

Foto: José Aldinan de Oliveira

A primeira rodada de entrevistas do portal dcmais e do jornal Diário dos Campos com os candidatos à Prefeitura de Ponta Grossa terminou nesta sexta-feira (2) com a deputada Mabel Canto, do Partido Social Cristão (PSC).

É a primeira vez que a advogada e radialista tenta a cadeira do executivo. Atualmente, ela está na Assembleia Legislativa do Paraná. Mabel fez 35.036 votos na disputa de 2018, o que representa 0,62% dos válidos. Foi a concorrente com o maior número de votos em Ponta Grossa, com 16,73% do eleitorado (28.606 votos na cidade).

Mabel Corá Canto nasceu em Clevelândia (PR), tem 35 anos, é casada, possui ensino superior completo e está em chapa majoritária composta por PSC, Podemos, PSB, Cidadania, PDT, MDB, PMB e PP (Ponta Grossa em primeiro lugar). O vice é o vereador e professor Pietro Arnaud Santos da Silva, de 37 anos.

Mabel é filha do ex-prefeito de Ponta Grossa e ex-deputado estadual Jocelito Canto.

Questões do DC

Por que quer ser prefeita da cidade?

“Quero o melhor para a minha cidade e cuidar das pessoas. Não pensar em grandes obras, não pensar só em nós mesmos ou em grupos. Queremos uma cidade para todos os ponta-grossenses de forma igual. Cuidar do bairro para o Centro”.

Por que o seu plano de governo não constava no site do TSE?

“Ele consta no site do TSE. Protocolamos um dia após o registro da candidatura. Se ele não consta na plataforma aberta do TSE, é um problema do TSE e não da nossa coligação”.

Como e por quem foi elaborado o seu plano de governo?

“Ele é elaborado a partir da convivência com a comunidade. Não fizemos esse plano em meses. Faz 20 anos que estamos construindo. Desde que ando com o meu pai, desde que ando com as pessoas e conversando com a comunidade, a gente procura saber o que de fato está acontecendo todos os dias. Não só em época de campanha. Tanto eu quanto o meu vice, o Pietro, temos atuado firmemente nestas questões de fiscalização e sabemos do que os ponta-grossenses precisam, o que anseiam e o que falta em nossa cidade”.

Caso eleita, qual será a influência do ex-prefeito Jocelito Canto e do deputado federal Aliel Machado, que também declarou apoio à candidatura?

“Quero dizer a todos que a prefeita vai ser a Mabel. Porque a Mabel até tem posicionamentos diferentes do próprio pai. O Jocelito vai ser um conselheiro por toda a experiência que já tem. O Aliel Machado é um menino que começou a vida lá pertinho da gente. Temos uma convivência, gostamos do Aliel, a gente se separou uma época por rumos diferentes, temos posicionamentos às vezes diversos, mas o Aliel – assim como eu – pensa na cidade. Ele pensa primeiro nas pessoas. Por isso fizemos essa união”.

Se as palavras que foram assinadas no cartório acabaram alteradas após a candidata prometer seguir deputada por quatro anos, como garantir que as palavras de agora e propostas serão cumpridas?

“Preciso dizer que não existe só este compromisso naquele documento. Existe lá a doação de 50% do salário como deputada, existe economia do dinheiro público, existe transparência e existe trabalho. E tudo isso eu venho cumprindo certinho, integralmente. A questão de cumprir os quatro anos de mandato, de fato, foi uma decisão muito difícil de tomar. Na verdade, não estou descumprindo. Eu fiz um aditivo naquele contrato de trabalhar mais pela população, pois nesse momento aqui os grupos políticos que se apresentam não pensam diretamente na população. Não estou pensando em mim. Seria muito cômodo para a Mabel como deputada ficar lá com menos trabalho, pois na Prefeitura a gente precisa trabalhar praticamente 24 horas por dia. Eu, mesmo com todas as críticas que estou recebendo, assumo as consequências de me colocar à disposição: sejam elas negativas ou positivas”.

Foto: José Aldinan de Oliveira

Uma das propostas é acabar com a fila do ultrassom de gestantes. Como fazer?

“Em três meses vamos acabar com a fila do ultrassom para as gestantes, deixando tudo em dia. Será feito com mutirões, contratando as empresas. Estamos num momento de pandemia em que a fila aumentou muito. Vamos precisar fazer uma exceção neste momento em início de governo, mas vamos fazer todos esses exames”.

De que forma resolver a falta de interesse do credenciamento de empresas para a realização desses exames?

“O que eu sei é que há falta de pagamento do Cimsaúde, que também é responsável e que deixou de realizar por falta de pagamento da Prefeitura”.

No seu plano de governo há proposta de cortes em cargos comissionados, mas a criação de secretarias. Considerando isso, como diminuir o número de comissionados e, ao mesmo tempo, aumentar secretarias?

“Na verdade não vamos aumentar. Vamos redistribuir. As secretarias serão 15. Vamos diminuir as secretarias e fazer algumas transformações. Por exemplo: a Controladoria vai virar Secretaria de Transparência e Governança. Isso para dar mais transparência aos atos públicos. Queremos que o site de transparência seja de fácil acesso ao cidadão. A criação da Secretaria da Mulher vem no mesmo sentido. Os cargos em comissão de fato serão diminuídos. Isso representa em nossas contas uma diminuição de R$ 800 mil por mês”.

E em relação às Funções Gratificadas?

“Precisamos fazer o planejamento e ver os setores em que esses empregados estão. Precisamos de fato reestruturar isso. Não que a gente vá retirar do bom servidor. O bom servidor merece essa gratificação, mas temos que readequar. Vamos precisar enxugar a máquina e todo mundo vai precisar colaborar”.

Há uma proposta de criação do ‘vale-alimentação’ para o servidor. Como seria feito esse pagamento de vale? Seria retirado do salário dos servidores ou um pagamento a mais?

“Será um pagamento a mais, mas isso vai depender também da situação financeira da cidade. Por exemplo, não prometemos isso para o início do governo. Isso precisa de uma avaliação. Esse é um pedido do Sindicato há algum tempo. Não sabemos com exatidão o valor, se será para todos ou apenas para uma classe. Tudo isso será ajustado com o próprio Sindicato e conversando com os servidores”.

A candidata cita a criação da Secretaria da Mulher no plano de governo. Por que optar por uma secretaria específica e não por um departamento dentro de outra secretaria?

“Porque a mulher precisa ser valorizada. Há situações que só a mulher passa. Precisamos valorizar a figura da mulher e aumentar as políticas públicas. Em Guarapuava há uma secretaria da Mulher que funciona desde 2013. Lá conseguiram ajudar e capacitar mulheres. Há leis específicas para as mulheres, inclusive vítimas de violência doméstica”.

E outros públicos específicos como deficientes e idosos também devem ganhar secretarias?

“Não. Eles estão contemplados hoje a políticas mais consistentes do que as mulheres. Essas outras políticas estão mais consolidadas em nosso município e só precisam funcionar efetivamente”.

Caso a candidata seja eleita, haverá continuidade de obras no Lago de Olarias?

“O lago ficou lindo e nós queremos continuar todas as obras que estão neste governo. Assim como o presidente Bolsonaro vem terminando as obras que foram deixadas para trás. Lógico que precisamos fazer uma avaliação de tudo: quanto temos em caixa, quanto de recursos vieram, por exemplo, do governo do estado. Gosto da ideia do parque, mas não pensar só na região que tem o lago. Reabrir, por exemplo, o Parque Margherita Masini, que está abandonado”.

Qual a meta de pavimentação asfáltica caso seja eleita?

“Temos hoje cerca de 23% faltando de asfalto na cidade. Foi feito muito asfalto agora, mas precisamos adequar a distribuição dessa pavimentação. Ficou muito obscura na atual administração a escolha. Acho, por exemplo, que poderíamos escolher alguns bairros e fazer sorteios das ruas para haver justiça perante a população. Às vezes o asfalto passa em uma rua, mas não passa naquela do lado. E o morador quer entender porque a outra teve pavimentação e a dele não. Penso que é uma forma mais justa. Vamos precisar buscar recursos e também temos que pensar na possibilidade de pavimentações alternativas. Vamos precisar avaliar as vias, ver o solo para sabermos se os locais podem receber um asfaltamento mais barato”.

Há uma meta para pavimentação?

“Não fizemos uma meta porque realmente vamos depender de recursos externos. A Prefeitura hoje não tem condições de fazer sozinha”.

Foto: José Aldinan de Oliveira

Quantas escolas precisam ser construídas para que haja ‘garantia de que todos os alunos tenham acesso à educação’ como consta no plano de governo?

“Estimamos que vão migrar do sistema privado para o público – devido à pandemia – em torno de 3 a 4 mil alunos. Sem contar que vamos precisar fazer o protocolo de espaçamento por causa da pandemia. Então será preciso avaliar como vai ficar a estrutura das nossas escolas. O que me preocupa muito agora na área de educação é justamente este pós-pandemia. Quando vamos conseguir voltar com as aulas? Como vamos conseguir fazer isso? Protocolos precisarão ser criados e eles precisam ser debatidos com os pais, professores e outros servidores da área de educação. É um trabalho muito intenso. Quantos alunos vão poder ficar dentro de uma sala com a questão do distanciamento? Há salas menores e há salas maiores. Vai ser um sistema de rotação por grupos de alunos? Então vamos depender desta avaliação pós-pandemia para pensarmos em nossas escolas”.

Como seria feita a revitalização do Distrito Industrial que está no plano de governo?

“A iluminação precisa ser feita com PPPs. Guarapuava fez isso e deu certo. E a questão da conservação das vias é ter uma máquina lá pelo menos uma ou duas vezes por mês para ajeitar as ruas. O Distrito está abandonado há muito tempo. Essa questão da revitalização incorpora também a questão da segurança. Precisamos ter uma patrulha da Guarda Municipal percorrendo o Distrito Industrial para proteger os empresários e os trabalhadores”.

Uma das propostas é a criação de Praças da Integração do Transporte Coletivo. De que forma seriam feitas?

“É um sistema que pode ser feito em toda a cidade e não dá impacto na tarifa. Nós teremos vários pontos na cidade onde o usuário poderá descer do ônibus, pegar outro e otimizar o tempo, não precisando ir até um Terminal. Agora, as praças em si serão em alguns pontos específicos da cidade. Por exemplo: a praça Bom Jesus em Uvaranas está abandonada e ali pode ser um ponto de integração do transporte coletivo. Ao mesmo tempo, queremos estruturar essa praça para que tenha vida, um comércio, um parque para as crianças, para que de fato esteja integrado o bairro ali. Não é só o transporte coletivo, mas a praça em si”.

Essa implantação seria feita ainda no contrato vigente da VCG ou depois de 2022?

“Antes do prazo de uma nova empresa. É possível pelo atual contrato já fazer isso. E, em relação ao contrato, nós queremos sentar com a comunidade. Temos várias formas hoje: questão da tarifa zero, questão de quebrar o monopólio, tem até a possibilidade de motoristas de aplicativo estarem vinculados ao transporte público… são várias ideias pelo mundo. A gente precisa sentar e avaliar com a comunidade, com os empresários que pagam o vale-transporte. É desse entendimento que será feita a nova concessão do transporte”.

Questões de entidades

Leonardo Bernardi – Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa
Qual a importância que a candidata dá à rápida aprovação do Plano Diretor?

“A pandemia gerou esse atraso, mas é importante que ele seja aprovado. Inclusive, ele tem muitas coisas que nós utilizamos em nosso plano de governo. Então, precisamos que seja aprovado ainda neste ano para que consigamos trabalhar mais tranquilamente no próximo”.

Sandra Queiroz – ACIPG
Como a candidata pretende equalizar questões de imóveis próprios e aluguéis de imóveis por parte da Prefeitura?

“É justamente avaliando o patrimônio e sabendo de fato quantos imóveis temos. As informações são desencontradas. Após fazer isso, podemos avaliar. Há imóveis que podemos vender, pois estão parados. Há outros que podemos utilizar para colocar estruturas do governo, até porque queremos descentralizar o governo. Imóveis dos bairros podem servir para que a gente faça esses projetos”.

Jane Villaca – Conselho de Segurança
Há pretensão de parcerias público privadas (PPPs) para melhorar a política preventiva na área de segurança?

“Com certeza. Na questão da mulher, pensamos em parcerias e convênios para realizar o monitoramento eletrônico de agressores. Foi um dos meus pedidos e de outras deputadas na Assembleia para o governo do estado, que acabou não se interessando muito pelo tema. Mas aqui em Ponta Grossa temos juízas que já determinaram medidas neste sentido. Só que a Prefeitura precisa disponibilizar essas tornozeleiras. Cada uma custa por volta de R$ 250. Esse valor perto de uma vida é de fato algo que vale muito a pena. Em relação à segurança de forma geral, precisamos estar todos integrados: Polícia Civil, Militar, Guarda Municipal, Polícia Federal, as Rodoviárias e o Corpo de Bombeiros, que ajuda muito a nossa cidade e recebe poucos incentivos. Queremos fazer isso dentro de um Centro Integrado das nossas polícias. Vamos avaliar um local para fazer o projeto”.

Thaís Pius – Ponta Grossa Campos Gerais Convention & Visitors Bureau
Qual a sua avaliação sobre a lei para a realização de grandes eventos em Ponta Grossa?

“É um setor muito importante e quero resolver de maneira ‘macro’. Não podemos pensar só como Ponta Grossa e sim como região dos Campos Gerais. E hoje temos a facilidade que é o Aeroporto de Ponta Grossa. Eu tenho conversado com alguns candidatos da região e eles possuem o mesmo pensamento de ampliarmos e fazermos de fato uma ação voltada para os Campos Gerais. A pessoa chega aqui no aeroporto e fica três dias em Ponta Grossa, vai a Tibagi, vai a Carambeí. Temos que ampliar isso no momento de pós-pandemia, pois esse setor foi muito afetado. A lei dos grandes eventos precisa ser analisada e pensada. Eu gosto dos eventos regionais distribuídos em nossa cidade, levando às praças as feirinhas, os food trucks… sempre acontece no Centro e queremos distribuir por toda a cidade”. 

Considerações finais

“Quero convocar as mulheres e os homens para integrar a nossa cidade e trabalharmos unidos. A prefeita Mabel vai priorizar as pessoas. Queremos fazer um trabalho bonito, um trabalho que vai exigir muito da próxima administração, mas que nós entendemos que é necessário. Eu e meu vice, Pietro Arnaud, estamos comprometidos e encorajados em fazer uma nova cidade. Não estamos pensando em nossos interesses”.

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