Assim como carros e caminhões, quem quer comprar máquinas agrícolas têm enfrentado filas de espera. Mas, no caso dos equipamentos utilizados no campo, o tempo tem sido ainda maior devido ao aumento de faturamento dos produtores que aproveitaram o “boom” dos preços das commodities para investir na sua estrutura – o que, aliado às dificuldades de produção impostas pela pandemia, tem provocado uma demanda maior do que a oferta.
Para entender a realidade regional, a reportagem do jornal Diário dos Campos e portal dcmais conversou com três concessionárias de máquinas agrícolas de Ponta Grossa que representam diferentes marcas.
Na Tratornew/New Holland a situação é a mais branda entre as três consultadas. “Nosso tempo de espera varia conforme o modelo específico da máquina, ficando em torno de 90, 120 dias. Aquelas de grande porte estão demorando mais”, conta o diretor comercial Carlos Possati.
“Com a pandemia houve quebra de muitos fornecedores e há dificuldades em importar componentes, o que tem reduzido a entrega. A demanda também está acima do normal de julho do ano passado para cá e a tendência do mercado é que a situação deva se arrastar até meados de junho de 2022 para então, talvez, normalizar”, avalia ele, contando que as vendas cresceram mais de 25%.
Venda concentrada
A DHL/Valtra registrou uma venda concentrada de máquinas agrícolas: o que normalmente seria vendido em 6 meses esgotou em 2. “A procura foi muito grande principalmente por conta dos preços de exportações. Hoje, dependendo muito do produto, está levando até 6 meses de espera. Há muitos modelos que não temos mais para esse ano”, afirma Douglas Duda, gerente comercial da concessionária ponta-grossense.
Ele também conta que está deixando de fazer muitas vendas por conta dessa demora das montadoras. “Estou comercializando produtos para o próximo ano, embora não tenha uma política comercial de valores. Tiro o pedido, mas não garanto o preço”, ressalta.
Suspensão de vendas específicas
Em algumas marcas as vendas até mesmo foram suspensas para determinados modelos: é o caso da Tratorcase/Case, que sem a programação de entrega de algumas máquinas opta por nem fazer a venda. “Um exemplo é a colheitadeira 6150: a gente programou no ano passado algumas compras, elas foram entregues e vendidas, mas não temos programação para este ano de a fábrica entregar porque ela já cumpriu a cota dela. Estamos vendendo apenas modelos que temos programação de recebimento”, relata o gerente de vendas, Galvane Souza.