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Famílias ainda sofrem perdas na fila da ‘UTI Covid’

A fila por um leito para casos suspeitos ou confirmados de covid-19 teve redução significativa no Paraná após o estado adotar medidas mais restritivas para combater a circulação do vírus. No entanto, a queda não ameniza o sofrimento de quem perdeu um ente próximo à espera de uma vaga. Em Ponta Grossa, nos últimos sete dias, sete pacientes morreram na UPA Santa Paula, por exemplo. Média de um óbito por dia.

Nesta estatística está o pai de Camila, Gaspar Wilmar Dihl, de 65 anos. O motorista autônomo teve queda de saturação poucos dias antes do falecimento. Para procurar atendimento, ele foi direto para a UPA na busca por ajuda. Havia necessidade de transferência para uma UTI. Na UPA, apesar da dedicação dos profissionais da linha de frente, não há a mesma estrutura e o mesmo corpo clínico de uma Unidade de Terapia Intensiva.

“Nos falavam que estavam tentando transferência para o Hospital Regional”, lembra a filha ao ser questionada se havia recebido alguma esperança de conseguir leito para o pai. Porém, não houve tempo. No dia 8 de abril, o estado de saúde de Gaspar piorou e ele não resistiu à batalha contra o coronavírus, entrando na lista daqueles que perderam a vida na fila por um leito.

“Até ele ser intubado nós conversávamos por celular. Ele falava para o médico que tinha medo de morrer. A assistente social me contou”, recorda Camila Dihl, que também contraiu a covid e precisou de oxigênio para se recuperar. A mãe, o irmão e a cunhada também contraíram a doença. “A situação é realmente caótica. As pessoas precisam se cuidar, pois infelizmente ainda não há leito para todos”, completa Camila.

Espera

Em reportagem publicada nesta quarta-feira (14), o DC mostrou que a fila de espera por ‘leitos covid’ caiu 58,7% no Paraná durante os primeiros 12 dias de abril. Em média, considerando o período analisado, a fila teve 36 pacientes a menos por dia. Entretanto, os hospitais continuam com superlotação em todas as macrorregiões do estado.

Em contato informal com funcionários que atuam na UPA Santa Paula, o DC obteve a informação de que, apesar dos sete óbitos acumulados em uma semana, a situação melhorou em relação ao cenário de março, quando a Unidade precisou até fechar as portas para novos atendimentos por conta da superlotação. Óbitos no local eram ainda mais constantes. Em tese, a movimentação na UPA Santa Paula é termômetro para mensurar o tamanho da fila por leitos.

Entretanto, os números e impressões apresentados nesta fase são resultado de ações ocorridas há aproximadamente duas semanas, quando Ponta Grossa adotou lockdown. Na UPA, os funcionários ainda consideram ‘muito cedo’ para uma conclusão. Existe preocupação em relação aos mais jovens, público que está sofrendo efeitos mais graves da doença em comparação com o início da pandemia.

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