O júri popular em Ponta Grossa condenou Marcelo Ávila pela morte da esposa, a professora Luciane Ávila, a 18 anos e 8 meses de reclusão. A sessão aconteceu nesta terça (13) e durou cerca de 8 horas, terminando por volta das 16h. O caso gerou bastante comoção na cidade dos Campos Gerais, visto que o assassinato a facadas ocorreu à luz do dia e em frente à escola em que Luciane lecionava. O crime foi em frente ao filho do casal, então com 8 anos de idade.
Dezenas de mulheres e familiares se manifestaram ao longo dos últimos dias clamando por justiça em memória da professora. Flores e cartazes foram colocados em frente ao Fórum. Frases como “Justiça por Luciane”, “Nem uma a menos” e “Saudade da nossa profª Lu” estavam escritas.
O réu, no entanto, não estava presente. Ele foi ouvido por videoconferência direto do Complexo Médico Penal, que fica na Região Metropolitana de Curitiba. De máscara preta e com blusa escura sobre o uniforme laranja, Marcelo depôs por aproximadamente 40 minutos. Disse estar arrependido e que não lembra do crime.
A sessão teve longa duração nos debates entre Ministério Público, Defesa e Acusação. Após quase 8 horas, o juiz Luiz Carlos Fortes Bittencourt proferiu a sentença, condenando Marcelo Ávila a 18 anos e 8 meses em regime fechado por homicídio com tripla qualificação (meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e feminicídio).
A pena original seria 28 anos, mas durante o processo a defesa conseguiu provar que o autor do feminicídio é parcialmente incapaz, o que foi acatado pelo jurados e reduziu a sentença final em um terço. Marcelo Ávila vai permanecer preso no Complexo Médico Penal.
Detenção
O marido também foi condenado pelos crimes de lesão corporal – por ferir a faca um homem que tentou ajudar a professora – e submissão de criança a constrangimento – por cometer o assassinato na frente do filho. Nestes dois casos, ele vai cumprir detenção de 6 meses e 22 dias em regime semiaberto.
Recurso
A defesa de Marcelo Ávila, comandada pelo advogado Gustavo Madureira, sustenta a incapacidade do réu e vai recorrer da decisão proferida pela Justiça em Ponta Grossa.
“A pena arbitrada pelo juiz está excessiva, principalmente no que tange à primeira fase da dosimetria da pena, que é relacionada com as circunstâncias do crime”, diz o defensor.
Relembre o crime
O assassinato ocorreu no dia 4 de dezembro de 2019. Naquela data, o marido se armou com uma faca e surpreendeu Luciane na frente da escola em que ela trabalhava, no bairro Órfãs (esquina da Avenida Anita Garibaldi com a Rua Assis Brasil). Era início da tarde quando o ataque aconteceu.
A professora de 42 anos estava com um dos filhos do casal, de apenas 8 anos de idade, ao lado. O menino era estudante do mesmo colégio. Marcelo esfaqueou a esposa mais de dez vezes enquanto ela atravessava a rua. Ele ainda feriu um homem que tentou ajudar a professora e fugiu. Luciane morreu no local. No dia anterior ao crime, ela havia solicitado medida protetiva contra o marido. O casal estava em processo de divórcio.
A professora morreu deixando para trás três filhos. Todos garotos: o pequeno Danilo, Igor e Lucas.