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Estudante baleado na UEPG faz desabafo em carta enviada ao DC

O estudante peruano Eric Navarro, 28 anos, enviou uma carta ao jornal Diário dos Campos, na qual descreve um pouco do que aconteceu nos últimos dias, enquanto se recuperava de um tiro disparado contra seu tórax em uma tentativa de assalto ocorrida no campus de Uvaranas na noite do dia 24.

Navarro teve alta nessa quarta-feira (31), do Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais, e usou da carta para agradecer o apoio de todos nesse período difícil, além de endossar os pedidos por mais segurança no campus de Uvaranas.

Confira o texto na íntegra:

 

Luz na escuridão

Meu nome é Eric Acuna Navarro, sou o estudante peruano que saindo de suas aulas de natação levou um tiro de bala num ponto de ônibus dentro do Campus UEPG Uvaranas. Sim, eu levei um tiro no tórax na escuridão, mas graças a Deus ainda estou aqui com vocês. E agora é meu dever agradecer a cada uma das pessoas envolvidas em minha pronta recuperação, desde doutores, enfermeiras, até os motoristas do SAMU, enfim, todos os funcionários do Hospital Regional De Ponta Grossa que me ajudaram a poder estar escrevendo isto hoje.

Eu quero também agradecer a meus amigos da pós-graduação em Odontologia, aos acadêmicos e professores da UEPG, algumas pessoas que eu não tinha o prazer de conhecer ainda, mas que minha história bateu em seus corações. Quero agradecer a Ponta Grossa, agradecer todas as orações, bençãos, bons desejos, boas energias, todas as mostras de carinho sincero, chocolates escondidos e bolos proibidos (se alguma enfermeira está lendo, eu juro, não comi nada).

Hoje posso dizer-lhes que todas me ajudaram na minha milagrosa recuperação, nunca me senti tão querido assim, e nunca vou esquecer disso. Como toda Ponta Grossa sabe o meu caso não é um caso isolado, é mais um trágico capítulo das histórias que acontecem no Campus Uvaranas. Violência não é só quando alguém te dispara um tiro pedindo teu celular, violência é o fato de viver teu dia a dia, sem saber se vai voltar para casa hoje. Eu fiquei decepcionado ouvindo como os responsáveis por nossa segurança tentavam justificar a violência: “O que você faz de noite no Campus? Por que não deu teu celular?”.

O mesmo triste discurso das pessoas que falam que uma mulher não pode viajar sozinha porque é mulher, será realmente que um estudante não pode caminhar no seu centro de estudos com segurança? Eu não concordo com as declarações desses nossos responsáveis, que justificam os problemas e não reconhecem os desafios de sermos estudantes da UEPG nas condições em que ela se encontra.

Eu considero justas as manifestações dos alunos, me emocionei pelos atos pacíficos realizados, e quero pedir desde aqui que não esqueçam o ocorrido, fiquem atentos nas ações da Universidade e do Estado, e se precisar temos que seguir cobrando segurança sempre de forma pacífica para que mais ninguém sofra o que eu passei nesta quarta-feira dentro do campus universitário.

Deixo pra o final, um agradecimento para meus pais e irmãos, que talvez são as pessoas quem mais sofreram nesta historia. Mas nem tudo é triste, eu fico com o melhor desta cidade. E talvez quando o momento chegar e eu tiver filhos, eu não penso em evitar que realizem uma viagem tão maravilhosa como significa estudar fora, sobretudo se for a um país tão maravilhoso como o Brasil.

 

Ponta Grossa, 31 de maio de 2017

Eric Dario Acuña Navarro

Divulgação
Crime ocorrreu na semana passada

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