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Engenheiro formado na UEPG diz ser criador do VAR e vai à Justiça

Foto: Arquivo Pessoal

Fernando Mendez Rivero, de 66 anos, é boliviano e luta na Justiça para ser reconhecido como criador do árbitro de vídeo – o ‘VAR’, usado nas principais competições de futebol do mundo e, mais recentemente, no Campeonato Brasileiro. Há 39 anos, o hoje engenheiro civil caminhava pelo campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) com a pretensão de se tornar um profissional e sem imaginar a notoriedade que poderia alcançar.

Foram seis anos morando na principal cidade dos Campos Gerais. “Morava atrás do vagão”, conta. Vagão foi um tradicional bar em décadas passadas no Centro de Ponta Grossa.

A conclusão do curso de Engenharia Civil veio em 1982. Logo em seguida partiu para Vilhena, no estado de Rondônia, onde permaneceu por mais de uma década. A mudança não impediu de criar laços com o município de formação acadêmica.

“Morei 22 anos no Brasil. Casei com uma ponta-grossense, mas nos separamos depois de 20 anos. Tive três filhos brasileiros: um ponta-grossense e dois em Vilhena”, relata o engenheiro, que no próximo mês volta a trabalhar e morar no Brasil, mais precisamente em Praia Grande (SP).

O boliviano se orgulha da Universidade que cursou e acredita que a UEPG deve sentir o mesmo pelo feito conquistado por ele.

“A UEPG tem que se sentir muito orgulhosa de um filho dela ser o único criador do VAR”, afirma. Mas como e quando Rivero criou o VAR? E por que está na Justiça?

A disputa

O VAR é usado no Brasil desde 2017. Rivero ingressou ação contra a CBF em 2019. O objetivo era que a entidade apresentasse registro da criação do sistema no país. Isso porque, ainda em 2005, o engenheiro formado na UEPG protocolou um sistema de análise semelhante na Bolívia.

A ação ficou no Rio de Janeiro. O boliviano estimava reparação em cerca de US$ 500 mil, pois Brasil e Bolívia são signatários do Tratado de Berna, que fala em reconhecimento de direitos autorais em mais de 160 países.

Rivero guarda documentos, e-mails e reportagens antigas que exploram o tema e que mostram ele como criador do sistema. Porém, a CBF afirma em suas plataformas oficiais que o ex-árbitro Manoel Serapião Filho é idealizador do projeto base adotado pela International Football Association Board (IFAB).

O caso voltou à tona no último mês, quando Rivero entrou com novo processo exigindo que a Copa América e as competições da CBF deixem de usar o sistema de vídeo até que o caso que o envolve seja julgado. No entanto, nada mudou e a ferramenta segue aplicada nas referidas competições.

Na nova ação, o engenheiro acusa a CBF de plágio e cita os escândalos recentes da entidade. A indenização requerida tem estimativa de R$ 60 mil por partida em que o VAR foi aplicado no país. A intenção de Rivero é ser reconhecido com inventor da ferramenta que ajuda a corrigir as injustiças do futebol. A ação está em trâmite.

A criação

O egresso da UEPG é torcedor fanático do Oriente Petrolero, da Bolívia. Há quase 17 anos, após ver seu time de coração ser prejudicado pela arbitragem, Rivero montou projeto tecnológico para que os erros não voltassem a acontecer. Um dos programas usados foi o Autocad. Segundo o engenheiro, esse projeto chegou a ser enviado para dezenas de federações nacionais. No dia 4 de julho de 2005, Rivero protocolou o sistema inovador no Senapi (Serviço Nacional de Propriedade Intelectual) com o nome ‘Projeto Piloto de Arbitragem Eletrônica’. Desde então ele se denomina como criador da ferramenta.

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