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Cheia e com dificuldade de transferências, UPA Santana dá sinais de colapso

Foto: José Aldinan/Arquivo DC

Inaugurada há cerca de dois meses, a UPA Santana começa a emitir sinais de um possível colapso no sistema de saúde de Ponta Grossa. O Diário dos Campos recebeu no último final de semana informações de pacientes debilitados que passaram pelo menos três dias na sala de observação esperando a abertura de leitos. E, nesses episódios, não se tratam de pessoas com sintomas respiratórios. Elas apresentavam problemas que não tinham qualquer relação com a covid-19.

Uma das pacientes que manteve contato com a reportagem era uma idosa que aguardava internamento para exames e procedimentos vasculares. Ela havia dado entrada na UPA na quinta-feira da última semana e a disponibilização de leito no Hospital do Coração Bom Jesus apareceu apenas na tarde de sábado. Nesse período, ela vivenciou a dificuldade dos médicos em realizar o acompanhamento das pessoas na sala de observação.

“A Prefeitura de Ponta Grossa, através da Fundação Municipal de Saúde, informa que a UPA Santana tem absorvido toda a demanda do serviço de urgência e emergência de casos não-sintomáticos respiratórios, o que gera um grande fluxo de atendimentos que, em alguns momentos, ultrapassam média diária a qual as equipes suportam, acarretando uma sobrecarga na estrutura e dificultando a agilidade em alguns encaminhamentos”, admitiu a administração pública em nota enviada ao DC.

Enquanto não tinha encaminhamento, a paciente que necessitava dos procedimentos vasculares com urgência recebia soro para amenizar as dores. Era o possível a se fazer. A acompanhante da idosa diz que insistia em perguntar sobre a disponibilização de leitos e recebia como resposta: “Vai demorar. Não adianta ficar perguntando”.

Ela tem ciência de que a culpa não é dos profissionais da saúde. “Em tempos normais seria um atendimento muito bom. Mas por causa da pandemia está tudo travado de novo. Não há cadeiras para os acompanhantes. Ficam em pé o tempo todo. Os funcionários são todos bons, mas a infraestrutura da UPA ainda tem muito a desejar. Agora pouco saiu uma vaga para um paciente e as enfermeiras e o ‘doutor’ vibraram. Eles ficam torcendo pelos pacientes”, relata N.H, que pediu para não ser identificada por receio.

Sistema pressionado

Na nota enviada à reportagem, a Fundação Municipal de Saúde  reconhece que o setor está passando por dificuldades neste momento. “O Município tem trabalhado constantemente em ações voltadas à otimização e remanejamento de equipes para que, na medida do possível, possamos  suprir a demanda apresentada e as peculiaridades decorrentes da pandemia do coronavírus, que pressiona o sistema de saúde não só nos estabelecimentos do Município, mas também em outras esferas do poder público e da rede particular, o que repercute na dificuldade, inclusive, da transferência de pacientes para outros hospitais”, expõe.

UPA tem média de 240 atendimentos por dia

Desde a abertura em março, a UPA Santana registrou cerca de 240 atendimentos diários, o que totaliza média de 7 mil atendimentos ao mês. Um dos objetivos da nova unidade foi direcionar os atendimentos clínicos que antes eram atendidos na UPA Santa Paula. Essa, por sua vez, passou a atender somente casos de pacientes com covid-19.

De acordo com a Fundação Municipal de Saúde, a UPA Santana é 24 horas e conta com uma equipe formada por cinco médicos na escala de 12 horas durante o dia e quatro médicos na escala de 12 horas à noite. Em entrevista à repórter Luana Souza, o secretário de Saúde, Rodrigo Manjabosco, já havia mencionado o fluxo elevado de pacientes.

“Os números de atendimentos realizados na UPA Santana se mantêm altos, mais do que havíamos preconizado lá no começo. Em virtude da UPA Santa Paula estar focada nos atendimentos da covid, a nova unidade vem justamente como uma retaguarda aos atendimentos que a outra realiza”, apontou.

Manjabosco destacou que o serviço prestado na Santana ainda passa por adequações. “É um serviço jovem, inaugurado recentemente. Por isso estamos organizando os processos a cada dia que passa para trazermos melhorias à população. Os profissionais também vão receber treinamentos, seguindo os novos protocolos. Importante destacar que nós estamos com uma escassez de profissionais médicos que estão muito cansados e, muitas vezes, não conseguem completar suas escalas”, disse o secretário.

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