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Casa da Memória transfere acervo com história de PG

A Casa da Memória, instalada na antiga Estação Paraná, imóvel histórico de Ponta Grossa, será temporariamente fechada para obras de restauro. A Fundação Municipal de Cultura confirmou que, para realização da recuperação estrutural do prédio, todo o acervo precisará ser transferido para imóvel alugado. O transporte, por exigir cuidados especiais, deve demorar todo o mês de junho.

O edifício foi inaugurado em 1894, sediou a primeira estação ferroviária de Ponta Grossa e, em 1995, passou por melhorias e se tornou sede da Casa da Memória, destinada à preservação do acervo histórico-documental de Ponta Grossa e região.

A agente cultural, Carla Scariotte, diz que a importância desse espaço museológico é, muitas vezes, subestimada. “A Casa da Memória está para Ponta Grossa, assim como o Museu Nacional para o Rio de Janeiro. Guardadas as devidas proporções, se houvesse um acidente aqui, perderíamos 200 anos de história. Fotos, negativos, jornais e documentos sobre a formação e crescimento da cidade”, detalha, lembrando que a contribuição de imigrantes alemães, poloneses, italianos e ucranianos para a formação do município está toda registrada no acervo da casa.

O diretor da Casa da Memória, Alan Fernando de Almeida, explica que existe a intenção de digitalizar todo o acervo da casa. “Até o momento, apenas o acervo fotográfico recebeu esse cuidado, e jornais entre os anos de 1909 e 1924. Mesmo assim, os materiais não estão on-line, e só podem ser consultados na Casa da Memória”, diz. Atualmente, pela internet, é possível apenas conferir a identificação de quais fotos de Bianchi estão disponíveis para consulta física, graças a um projeto realizado em parceria com a UEPG, via Museu Campos Gerais.

 

Pesquisas

O espaço costuma ser mais frequentado por acadêmicos universitários e pesquisadores, muitos que vêm de outras cidades. Nas próximas semanas, a consulta ao acervo deve ser interrompida até que tudo esteja realocado em novo endereço, na rua Ermelino de Leão, 1333, Centro, próximo ao espaço da feirinha da Benjamin Constant. A licitação para o restauro ainda está em elaboração. A expectativa é que também seja contemplada recuperação da Maria Fumaça, monumento que fica ao lado do prédio.

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Tesouros históricos

Jornais

A Casa da Memória possui quase todas as edições de jornais impressos publicados na cidade desde 1907 até os dias de hoje. A primeira edição é do jornal O Progresso, que em 1912 passou a se chamar Diário dos Campos. São importantes registros das mudanças ocorridas ao longo dos anos.

Fotos

O acervo contem uma vasta coleção de fotos, a maioria feita por Luis Bianchi ao longo de 60 anos. Entre as preciosidades está a inauguração da pedra fundamental do hospital Santa Casa. Ele também foi o fotógrafo contratado para documentar o trabalho das ferrovias da região. Em 1912 instalou moradia e seu atelier na cidade, onde fez os registros com ajuda de sua família.

Documentos

Entre os documentos públicos, disponíveis para consulta, estão livros de impostos de casas, terrenos, veículos. Neles é possível constatar curiosidades, como a cobrança de imposto sobre propriedade de cavalo e sobre propriedade de cachorro. Detalhes que revelam uma outra Ponta Grossa, além dos nomes e fotos de pessoas que viveram nessas terras.

Vinis e gibis

Embora não seja algo diretamente relacionado à história de Ponta Grossa, a produção cultural de uma época ajuda a entender o contexto de acontecimentos. No local estão guardados vinis com vários estilos musicais, revistas em quadrinhos da década de 1960 e revistas de costumes. A mais antiga é de 1929, com reportagens que debocham do feminismo.

Objetos

A Casa da Memória também possui objetos que lembram a importância das ferrovias para o crescimento da cidade. Não e à toa que o espaço museológico está na Estação Paraná há 24 anos. A história do município se confunde com chegadas e partidas de trem. Para atestar isso, estão no acervo o carimbador de bilhetes, um telégrafo e bonés de funcionários da estação.

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Poréns…

– A licitação para restauro da Estação Paraná ainda está em fase de elaboração. Não há detalhes oficiais sobre investimento, prazo de execução ou quais itens devem passar por recuperação.

– A preservação também depende da população. Recentemente a prefeitura instalou placas com informações em prédios históricos. Seis meses depois, parte delas já estava depredada.

– A Casa da Memória tem a intenção de disponibilizar seu acervo fotográfico e de jornais digitalizado pela internet. Mas, por enquanto, uma parcela pequena está disponível para consulta. A dificuldade esbarra na falta de pessoal. O local é administrado por três pessoas e a zeladora.

Foto: José Aldinan

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