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Aulas estão suspensas e comércio aberto: como ficam as crianças?

Por Bruna Kosmenko e Naiâne Jagnow

Ponta Grossa teve o comércio fechado apenas por 15 dias, na segunda quinzena de março. Após este período, as lojas voltaram a abrir em regime de escala, inicialmente por dia e atualmente por hora, que na prática fica próximo da normalidade. As escolas, porém, estão sem aulas presenciais desde o dia 16 de março e sem previsão de volta.

Desde então, as mulheres se desdobram ainda mais na dupla jornada entre o trabalho e o lar. De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicada em junho deste ano, as mulheres trabalham 10,4 horas semanais a mais que os homens em afazeres domésticos ou no cuidado com as pessoas. A pandemia mostra com mais clareza essas desigualdades.

Uma das alternativas encontradas pelas mães é recorrer à pessoas da rede familiar disponível, muitas vezes mais velhas, que se aposentaram. Mas os virologistas alertam sobre a necessidade de manter a segurança dos avós no período de pandemia, pois as crianças podem não desenvolver formas graves da infecção, mas é provável que transmitam o vírus sem sintomas.

Com as atividades escolares presenciais suspensas, as mães que trabalham no comércio enfrentam dificuldades quanto aos cuidados dos filhos. É o caso da vendedora Crislayne Rodrigues de Oliveira, que trabalha há três anos em uma loja de acessórios, todos os dias da semana, das 9h às 16h nesse período de escala por horário.

Crislayne tem três filhos, um menino de nove anos e gêmeos de quatro, que ficam sob o cuidado da avó, Neidivina Pires Rodrigues Vaz, para que ela possa trabalhar. “A maior dificuldade em deixar as crianças é que, às vezes, minha mãe tem algum compromisso e precisa sair, aí eu preciso faltar no serviço para ficar com eles”, se queixa Crislayne.

A avó das crianças, por outro lado, não vê problemas em cuidar dos netos e, também, cuida do filho da vizinha em seu tempo de serviço. “Não tenho dificuldades, pois sou acostumada a cuidar de crianças. Sempre gostei e, nesse momento, principalmente, sei que as mães precisam de alguém que cuide bem dos filhos”, considera.

Na casa de Neidivina residem duas pessoas do grupo de risco, ela e o marido, que também trabalha fora. “Se considerar pressão alta, problema nos rins, sim, tem gente de risco onde as crianças ficam. Já, na minha casa, não”, esclarece a mãe das crianças.

A mãe, Crislayne, ainda reclama sobre a dificuldade das aulas remotas para os filhos: “Nós pais temos que trabalhar e quando chegamos em casa acabamos deixando as atividades dos pequenos para o final de semana, porque não conseguimos conciliar tantas coisas ao mesmo tempo”.

Demissões

O presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Ponta Grossa e Região, João Vendelin Kieltyka, diz que a busca por orientação sobre pedidos de demissão de funcionários para cuidar dos filhos passa de cem atendimentos por semana. “Na maioria querem saber como pedir a conta, quanto vai dar o acerto, como não pagar o aviso”, conta.

Acrescenta que o sindicato tem atuado no sentido de prestar apoio aos trabalhadores. “As orientações são tentar negociar o horário de trabalho, conciliado ao do esposo ou alguém da família, para que os filhos não fiquem sozinhos ou negociar férias e horas para descontar no horário natalino”, diz.

A maioria das queixas são feitas pelo telefone e principalmente por mulheres. “A maioria absoluta são de mães. Dos homens, são minoria”.

Reportagem produzida pelas estudantes do último ano de Jornalismo Bruna Kosmenko, da Universidade Estadual de Ponta Grossa e Naiâne Jagnow, da Unisecal, estagiárias regulamentadas do Diário dos Campos, sob supervisão do editor-chefe Walter Téle Menechino.

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