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Operação prende três suspeitos do assassinato de Lindolfo Kosmaski

Foto: Divulgação

A Polícia Civil do Paraná cumpriu nesta sexta-feira (7) três mandados de prisão e três buscas e apreensões referentes a suspeitos de envolvimento na morte do ativista Lindolfo Kosmaski, ocorrida há uma semana em São João do Triunfo, município dos Campos Gerais a 90 quilômetros de Ponta Grossa. Participaram da Operação, denominada ‘Bonus Magister’, policiais de São João do Triunfo com apoio da 3ª SDP, de São Mateus do Sul.

Os suspeitos presos têm 20, 33 e 39 anos de idade. De acordo com a Civil, também foram coletados elementos informativos que vão auxiliar na descrição de todo o crime. O ativista de 25 anos foi encontrado com o corpo carbonizado dentro do próprio carro em uma região de mata de São João do Triunfo.

O delegado responsável, Michel Leite Pereira da Silva, comentou sobre a força tarefa designada para atuar especialmente no caso. “O mérito é todo da equipe policial composta por investigadores e escrivães. Encerramos a primeira etapa da investigação, mas esta segue para que possamos entender com segurança e detalhes toda a senda criminosa que culminou com a morte de Lindolfo”, explica.

A Polícia vai ouvir os três suspeitos na próxima semana. Questionado pela reportagem do dcmais sobre o que teria ocorrido precisamente na noite/madrugada do crime, o delegado informou que a Civil ainda trabalha na reconstituição da cena para que possa repassar os detalhes.

Bonus Magister

A Operação realizada no âmbito da 3ª Subdivisão Policial ocorreu especificamente para encontrar os autores do crime contra Lindolfo Kosmaski. O nome da operação significa “bom mestre”, alusão ao cargo exercido pela vítima que era professor em São João do Triunfo.

Quem era Lindolfo?

A brutalidade do crime contra Lindolfo Kosmaski, de 25 anos, chocou diferentes comunidades. Pessoas próximas ao rapaz acreditam que a motivação foi ódio. O rapaz era gay e ligado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Lindolfo também era professor. Dava aulas em três colégios da pequena São João do Triunfo, de aproximadamente 15 mil habitantes.

Era estudante egresso da turma de Licenciatura em Educação do Campo da Escola Latina Americana de Agroecologia (ELAA), localizada no assentamento Contestado, em Lapa (PR). Participou de diversas atividades de formação do MST, como cursos e encontros do Coletivo LGBT Sem Terra e Jornadas de Agroecologia.

“Era um jovem humilde, solidário e cheio de sonhos. Estava dando sequência aos estudos cursando mestrado no Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e em Matemática na Universidade Federal do Paraná (UFPR)”, frisou o MST em nota de pesar no início da semana.

De acordo com amigos da família, Lindolfo era de origem humilde e bastante próximo dos pais. Ele os levava ao médico, fazia compras e executava serviços bancários. O pai de Lindolfo tem 83 anos de idade.

Nas últimas eleições, no ano passado, o professor se candidatou a vereador de São João do Triunfo pelo Partido dos Trabalhadores (PT). No entanto, com 65 votos, não conseguiu se eleger, ficando como suplente na Câmara Municipal.

O crime

Lindolfo Kosmaski foi encontrado na noite do último sábado (1°) dentro de um carro carbonizado na localidade de Coxilhão, próximo à PR-151, em São João do Triunfo. O veículo estava abandonado em região isolada e de mata. De acordo com informações preliminares, o corpo apresentava ainda perfurações por arma de fogo.

Foto: Divulgação

Segundo familiares, o rapaz estava desaparecido desde o dia anterior. Em consulta à placa do carro no sistema de registros, consta que o Fiat Palio em que estava o cadáver está em nome do próprio professor.

A Polícia Civil ainda não confirma oficialmente as motivações do assassinato. A oitiva dos suspeitos pode ajudar as autoridades na conclusão do caso.

Repercussão nacional

A morte de Lindolfo ganhou notoriedade nacional há uma semana. Após publicações do MST e de blogs ligados ao movimento LGBT, artistas e políticos se manifestaram sobre o assassinato. A cantora Daniela Maercury e o roqueiro Tico Santa Cruz publicaram nas redes sociais sobre o homicídio.

Na classe política, a deputada federal Maria do Rosário e a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, pediram por justiça e lamentaram a partida precoce do professor.

Ato

Durante toda a semana, ativistas manifestaram presencialmente pedidos de justiça por Lindolfo Kosmaski. Um deles ocorreu na própria cidade de origem do professor da Rede Estadual de Ensino. “Ato como forma de resistência. Lindolfo representa a luta pelas/os LGBTI+ pelas/os professoras/es e por todas/os as/os injustiçadas/os da nossa sociedade. Hoje fizemos memória, para jamais ficar no esquecimento”, publicou um dos responsáveis.

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