Morte de jovens entre 20 e 29 anos é a que mais cresce no Paraná

Flávia Maria Branco, 21 anos, auxiliar de cozinha, com três irmãs e moradora do Guaragi. Ermisson Leoncir Hilgemberg, 33 anos, cabeleireiro, morador de Uvaranas, com dezenas de familiares e amigos. Ambos ponta-grossenses, vencidos pela covid e que entram para uma estatística preocupante no estado: a morte de jovens desta faixa foi a que mais cresceu no último mês em decorrência da pandemia.

Se engana, inclusive, quem pensa que a faixa ‘mais velha’ lidera. Do início de maio até esta quarta-feira (2), os óbitos de pessoas que têm entre 20 e 29 anos de idade subiu 33,3% no Paraná. Logo depois aparece aqueles entre 30 e 39, com avanço de 32,9%. Os dados foram obtidos após levantamento junto aos boletins da Secretaria de Estado da Saúde (SESA-PR).

Em mais de um ano de pandemia, 172 pessoas com o perfil de Flávia perderam a vida pela infecção causada pelo coronavírus. 43 delas apenas no último mês. Ou seja, um a cada quatro óbitos daqueles com mais de 20 e menos de 30 anos ocorreu em maio.

Já na faixa de 30 a 39 são 658 mortes paranaenses desde o ano passado. 163 registradas entre maio e os dois primeiros dias de junho. Isso significa 24,7% do total em somente 33 dias. Entre elas está a perda de Ermisson, que era conhecido por amigos e clientes do salão como ‘Léo Hilgemberg’.

Todos eles estavam em orações desde que o cabeleireiro ponta-grossense contraiu a covid. Natural de Palmeira, ele estava no Hospital Municipal Dr. Amadeu Puppi. Lá não resistiu às complicações e morreu nesta quarta (2). O sepultamento aconteceu na manhã desta quinta no Cemitério São Vicente de Paula, de acordo com o Serviço Funerário.

“Com toda sua leveza, seu carinho, esse jeito divertido e cheio de histórias, você conquistou tantas pessoas. Hoje deixa um vazio, uma tristeza em nossos corações”, escreveu a amiga Shaiene.

Ponta Grossa tem piores índices na população entre 40 e 49 anos

Conforme apuração junto aos boletins da Fundação de Saúde, a reportagem constatou que Ponta Grossa não está com a mesma tendência do estado. No principal município dos Campos Gerais, a elevação mais significativa em maio ficou por conta dos óbitos de pessoas entre 40 e 49 anos de idade.

Foram divulgadas 19 mortes de pacientes deste público no quinto mês de 2021. Antes eram 70 e agora são 89 vítimas – elevação de 27%.

Logo em seguida aparece o público de 50 a 59, com crescimento de 19,6% na quantidade de óbitos, seguidos pelos sexagenários: 18,3%.

Número de jovens brasileiros cai ao menor nível em quase duas décadas, diz FGV

Estadão Conteúdo

A população brasileira com idade entre 15 e 29 anos será inferior a 50 milhões de pessoas até o fim deste ano, ficando abaixo desse patamar pela primeira vez desde 2002. A estimativa é de que o número decaia ainda mais nas próximas décadas e o contingente diminua em mais de um quarto em até 40 anos.

Os dados integram a pesquisa ‘Jovens: Projeções Populacionais, Percepções e Políticas Públicas’, do Centro de Políticas Públicas da FGV Social. O estudo faz parte do projeto Atlas das Juventudes, coordenado pelo ‘Em Movimento’, uma aliança formada por organizações voltadas ao desenvolvimento da juventude.

O País havia ultrapassado a marca de 50 milhões de jovens (15 a 29 anos) em 2002, atingindo o pico em 2009, quando 52,3 milhões de brasileiros integravam essa faixa etária. Essa diminuição da população mais jovem é considerada o “começo do fim” do bônus demográfico. Os dados preocupam porque significa que a população que (atualmente) se considera em idade ativa irá cair, ao mesmo tempo em que deverão aumentar os gastos com saúde e aposentadorias.

Óbitos de covid por faixa etária

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