Luís Felipe Manvailer, acusado de matar e jogar a esposa Tatiane Spitzner do quarto andar de um edifício, iria a júri popular a partir desta quinta-feira (3), em Guarapuava, na região Centro-Sul do Paraná. Porém, a sessão foi cancelada no início da tarde desta quarta (2) – com menos de 24 horas para o início do julgamento. Um dos advogados de defesa foi diagnosticado com covid-19.
No pedido enviado à justiça, os defensores do réu alegam que estiveram reunidos nos últimos dias e que não se sabe quando o infectado contraiu o novo coronavírus. Assim, de acordo com os profissionais, há incerteza se mais pessoas envolvidas na defesa estão contaminadas.
A justiça acatou a solicitação e deve remarcar para janeiro o júri popular em Guarapuava. Um novo sorteio de jurados será realizado nos próximos dias.
O crime
O caso repercutiu nacionalmente em 2018. No dia 22 de julho daquele ano, o casal havia saído para comemorar com pessoas próximas o aniversário de Manvailer. Na volta ao apartamento, o sistema de monitoramento do prédio filmou a briga e discussão de Tatiane com Luís Felipe.
As imagens divulgadas mostraram o homem agredindo a esposa do lado de fora e no interior da garagem. A advogada correu para o elevador na tentativa de fuga, mas Manvailer entrou junto. O acusado aparenta forçar Tatiane a descer no andar do apartamento em que moravam.
Depois disso, a jovem cai do quarto andar do edifício. Luís Felipe Manvailer desce, sobe com o corpo da esposa até o apartamento e foge. Ele foi preso horas depois no oeste do estado ao sofrer um acidente com o carro. Desde então está na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG).
A gravidade dos fatos levaram à edição de lei que estabeleceu a data do crime – 22 de julho – como o Dia de Combate ao Feminicídio no estado.
Denúncia
Conforme a denúncia criminal oferecida pelo Ministério Público do Paraná, por meio da 10ª e da 12ª Promotorias de Justiça da comarca, ao final das agressões, segundo a ação penal, Tatiane Spitzner teria sido lançada da sacada do apartamento pelo denunciado.
No julgamento, o Ministério Público sustentará a tese de homicídio qualificado (feminicídio, motivo fútil e morte mediante asfixia) e fraude processual (por ter removido o corpo da vítima do local da queda e limpado vestígios de sangue deixados no elevador).
A tese do MPPR é de que a vítima foi jogada da sacada quando já estava morta.
Defesa
A defesa de Luís Felipe Manvailer, que é encabeçada pelo advogado Cláudio Dalledone Júnior, tenta provar a inocência do acusado, questionando as ações que ocorreram dentro do apartamento antes da queda de Tatiane.
O grupo de advogados trabalha com a tese de que Manvailer não matou e não jogou a advogada do edifício. A vítima teria se jogado, o que ocasionou a morte.
Durante o processo, os advogados tentaram alterar o local do júri, o que não foi acatado. A alegação era de que o ambiente em Guarapuava seria parcial e que existiria um clima acirrado.