O seminário do 9º Ciclo de Conscientização sobre saúde e segurança do produtor e proteção da criança e do adolescente reuniu um grande público no Centro de Eventos Martins, em Rio Azul, nesta quarta-feira, 05 de julho. Promovido pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e empresas associadas, com o apoio da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), o evento reuniu produtores de tabaco, autoridades, agentes de saúdes, professores e diretores de escolas, representantes de empresas e de entidades ligadas à agricultura, bem como a imprensa. Esta é a segunda vez que Rio Azul recebe o seminário do Ciclo que esteve no município também em 2011.
O presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, abriu o evento e falou sobre a necessidade dos produtores de tabaco atentarem aos temas. “A conscientização tem sido o objetivo destes encontros e ela é benéfica por diversas razões. Oportunizar educação aos filhos e preservar a saúde e a segurança dos produtores estão entre nossas prioridades, assim como preservar o nosso negócio, uma vez que cada vez mais o mercado internacional tem preferido produtos que observem aspectos relacionados à produção sustentável”, reforçou Schünke.
Os seminários atendem aos acordos firmados perante o MPT-RS e MPT-Brasília e acontecem desde 2009. Em sua nona edição, o Ciclo já percorreu mais de 50 municípios produtores de tabaco, reunindo um público superior a 20 mil pessoas. A Afubra, que também é signatária do acordo, esteve representada pelo diretor para Assuntos Ambientais, Adalberto Huve. “Agradecemos a presença de todos, especialmente os produtores de tabaco. A Afubra sempre esteve muito ativa nas questões sociais e ambientais. O trabalho infantil é um tema polêmico, que pode causar divergências, mas está claro que o setor precisa caminhar junto e estar em acordo com a legislação. Certamente será um dia muito proveitoso para todos os produtores que é a razão da nossa entidade existir”, reiterou Huve.
Rio Azul é o maior produtor de tabaco do Paraná e o 10º colocado no ranking da Região Sul do Brasil. Atualmente, 2.660 produtores são responsáveis pelas 10 mil toneladas produzidas. Para o prefeito do município, Rodrigo Solda, sem o tabaco o município não existiria. “Mais de 70% da receita do município vem do tabaco. Temos um mercado mundial e isso é o que gera renda e empregos para o nosso município. O nosso carro-chefe é o tabaco e vamos preservar essa cultura, especialmente importante considerando a crise que o País atravessa. O setor não gera apenas lucro financeiro, mas também lucro social e humano, considerando a qualidade de vida que nossos produtores têm e também as ações de cunho socioambientais desenvolvidas e que afetam diretamente nossas comunidades”, disse Solda.
A programação seguiu com a palestra sobre proteção da criança e do adolescente proferida pelo advogado e procurador do Trabalho jubilado, Dr. Veloir Dirceu Fürst. Segundo ele, o tabaco está interligado à história dos produtores e o trabalho está ligado a uma questão cultural. “O tabaco é um setor que chama a atenção pela organização da cadeia produtiva e pela sua lucratividade e tem em suas raízes uma questão cultural muito forte, que valoriza o trabalho. Enquanto não havia restrições nesse sentido, as famílias, que eram numerosas em filhos, viram no tabaco uma atividade econômica que gerava renda e permitia utilizar a mão de obra familiar disponível. Mas esse cenário mudou quando o Brasil regulamentou por meio do decreto 6481/2008 duas convenções internacionais, seguindo a recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e colocando o tabaco na lista de formas de trabalho proibidas para menores de 18 anos”, explicou Fürst, que é advogado e procurador do Trabalho jubilado pela Procuradoria do Trabalho de Santo Ângelo/RS (MPT/PRT 4ª Região).
Segundo Fürst, o trabalho infantil se caracteriza ao utilizar crianças ou adolescentes para substituir a mão de obra adulta necessária. “É preciso diferenciar trabalho infantil de convivência familiar. Se a criança apenas acompanha os pais e ajuda em pequenas e esporádicas atividades, não se caracteriza o trabalho infantil. Mas se o trabalho da criança ou adolescente é necessário sempre, privando-a de educação ou de momentos de lazer; isso se caracteriza exploração de mão de obra infantil”, esclareceu, reforçando ainda que o aprendizado familiar se destaca pelo exemplo. “Se o pai exerce uma atividade em que o filho percebe o gosto dos pais pelo que estão fazendo, naturalmente a sucessão acontece”, afirma.
SAÚDE E SEGURANÇA DO PRODUTOR
A programação seguiu com as informações do Dr. NikoTino sobre questões como a correta aplicação, manuseio e armazenagem de agrotóxicos, bem como sobre a utilização da vestimenta de colheita. Conheça alguns dos pontos destacados sobre o tema:
Somente utilizar agrotóxicos registrados, de acordo com a receita agronômica;
Manter o pulverizador em perfeitas condições de uso e sem vazamentos;
Durante o manuseio e aplicação de agrotóxicos, sempre utilizar o EPI;
Não permitir a aplicação de agrotóxicos por menores de 18 anos, idosos e gestantes;
Armazenar os agrotóxicos em armário feito de material resistente, chaveado e destinado somente para esse fim, com acesso restrito a trabalhadores orientados a manuseá-los;
Não reutilizar embalagens vazias de agrotóxicos para qualquer fim;
Realizar a tríplice lavagem da embalagem vazia de agrotóxico, utilizando o EPI;
Sinalizar áreas récem-tratadas com agrotóxicos com placa específica para este fim;
Usar sempre luvas impermeáveis e vestimenta específica para a colheita;
Evitar colher o tabaco quando as folhas estiverem molhadas pela chuva ou orvalho;
Dar preferência aos horários menos quentes do dia para a colheita do tabaco;
Além do momento da colheita, o produtor deve ficar atento durante o desponte, o carregamento e a cura/secagem das folhas.
Assista ao vídeo completo “O Mundo do Dr.NikoTino”
Saiba mais sobre a Doença da Folha Verde do Tabaco
RÁDIO FASCINAÇÃO – O tom lúdico do evento ficou por conta da peça teatral Rádio Fascinação, encenada pelo grupo de atores de Santa Cruz do Sul (RS), Espaço Camarim, que também interagiu com o público. Cinco jovens aprendizes formados no curso de Empreendedorismo em Agricultura Polivalente – Gestão Rural do Instituto Crescer Legal, participaram da apresentação. Iniciativa do SindiTabaco e de suas empresas associadas para oportunizar qualificação aos jovens rurais, o curso faz parte do Programa de Aprendizagem Profissional Rural, que já formou duas turmas e tem outras três em andamento. Saiba mais sobre o Instituto Crescer Legal em www.crescerlegal.com.br.
AGENDA – Depois de Venâncio Aires (RS), Guamiranga e Rio Azul (PR), o Ciclo segue para Pouso Redondo (SC) no dia 06 de julho; Pelotas, no Rio Grande do Sul, no dia 20 de julho; e encerra em Águas de Chapecó, em Santa Catarina, no dia 27 de julho.