Em comunicado encaminhado aos funcionários, a Viação Campos Gerais (VCG), concessionária responsável pelo transporte coletivo em Ponta Grossa, informou que, “muito provavelmente” no próximo dia 6 de outubro não terá condições de arcar com o valor integral da folha salarial. “Há uma grande chance de que neste mês a nossa folha seja novamente parcelada, sendo parcialmente paga no dia 6 de outubro e o restante pago até o dia 25 de outubro”, aponta a empresa, em nota encaminhada aos funcionários. A empresa afirma ainda que fará todos os esforços para que o atraso seja de menos dias, “para tornar a situação menos gravosa”.
No comunicado, a empresa afirma que vem enfrentando a pior crise de sua história, em virtude da pandemia de covid-19. “A pandemia retirou do sistema cerca de 50% dos passageiros nos últimos meses, chegando ao pico de perda de passageiros de 77% no momento mais grave da pandemia, no mesmo passo que somos obrigados a manter a frota operante, determinada pelo Poder Concedente”. Associado a isso, a empresa afirma que outros fatores tornam a operação desequilibrada, como a tarifa defasada – já que os valores pagos hoje têm por base fevereiro de 2019. “Fomos obrigados a paralisar totalmente nossa operação por semanas, os veículos têm rodado milhares de quilômetros vazios e nenhuma medida efetiva tem sido tomada para que a empresa possa operar em equilíbrio”, afirma a empresa no comunicado aos trabalhadores.
A empresa destaca ainda o esforço diário dos funcionários para manter a operação em andamento, “mesmo nos momentos mais agudos em que os salários foram parcelados e verbas trabalhistas atrasaram”.
Procurado pelo dcmais, o Sintropas, sindicato que representa a categoria, informou que ainda não foi comunicado sobre a possibilidade de parcelamento dos salários.
Salários
Os 1,1 mil funcionários da VCG vêm enfrentando problemas em relação ao pagamento de salários – seja com atraso ou parcelamento da folha – desde o ano passado. O último atraso ocorreu em maio; quase no final daquele mês a empresa pagou o salário referente a abril. Para o pagamento, a VCG utilizou os recursos de indenização pagos pela prefeitura de Ponta Grossa, no valor de R$ 1.718.363,37, pelos 18 dias que o transporte coletivo ficou suspenso em PG, por conta de decreto municipal, como medida de enfrentamento à covid-19, conforme acordo feito no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A indenização à VCG foi viabilizada por meio de projeto de lei de autoria do Executivo e que foi aprovado pela Câmara de Vereadores de PG.
Por conta do atraso nos salários, em abril, os funcionários da empresa chegaram a deflagrar greve, que foi encerrada com a regularização dos pagamentos.