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Pela primeira vez, Ponta Grossa soma mais óbitos que nascimentos

Arte: dcmais

A pandemia da covid-19 traz reflexos impactantes e diversos em todo o país. Em Ponta Grossa, o número de óbitos superou o de nascimentos pela primeira vez em março deste ano desde o início da série histórica do Portal da Transparência do Registro Civil Nacional, em 2015, fonte dessa reportagem, assim como os boletins oficiais da Fundação Municipal de Saúde sobre a covid e do Serviço Funerário Municipal.

Em março deste ano, o município de cerca de 355 mil habitantes registrou um total de 509 mortes, sendo aproximadamente 40% delas causadas por complicações da infecção no novo coronavírus. Por outro lado, foram computados 419 nascimentos. O saldo entre falecimentos e nascimentos é de 90 vidas perdidas a mais do que crianças que vieram à luz.

A tendência é que abril tenha o mesmo cenário caso não haja reversão na situação da pandemia. De 1° a 8 de abril, Ponta Grossa somou 77 nascimentos contra 100 óbitos. As estatísticas são preliminares, pois os cartórios possuem prazo de dez dias para o registro das certidões de nascimentos e óbitos.

Apesar desse fator, a tendência de aproximação entre os números vem se desenhando desde o ano passado no Brasil e no Paraná. No ano passado, o país já havia batido o recorde de falecimentos, superando a marca de 1,4 milhão. No estado ocorreu o mesmo movimento, ultrapassando 78 mil e chegando ao mês de abril/2021 com mais óbitos do que nascimentos (1.844 a 1.765).

Ponta Grossa conseguiu conter o agravamento nos primeiros meses da pandemia. Tanto que a cidade oficializou a primeira morte por covid-19 apenas em junho/2020. Assim, o ano passado ainda teve menos óbitos do que 2019 no geral. No entanto, a circulação do vírus saiu de controle na virada do ano. A quantidade de falecimentos explodiu e a aproximação entre os números começou em janeiro. A ‘virada’ veio em março e por enquanto persiste nos primeiros dias de abril.

Baixa natalidade

Há duas semanas o DC mostrou questões de alerta sobre a natalidade em Ponta Grossa. No ano passado, a taxa caiu 11,6% em comparação com o ano anterior. Segundo o Registro Civil, em 2020 nasceram 5.129 crianças, 670 a menos do que em 2019, quando 5.799 nasceram na cidade. As estatísticas municipais comprovam que o número de nascimentos vem caindo pelo menos desde 2015.

O comparativo mostra que o último ano teve a maior redução. O chefe da 3ª Regional de Saúde, Robson Xavier, falou no último mês, durante coletiva de imprensa com representantes da saúde, sobre como a pandemia tem impactado na baixa da natalidade. “O vírus trouxe sérias consequências e, por exemplo, 2020 foi o ano que teve menos nascimentos nos Campos Gerais nas últimas duas décadas”, relatou. Xavier afirmou que a baixa na natalidade acaba impactando socialmente, economicamente e na taxa de reprodução da população no futuro.

Fenômeno inédito deve atingir o Brasil

Especialistas apontam que a redução populacional deve atingir o país como um todo ainda neste mês. Por enquanto o Brasil consegue ter mais nascimentos do que mortes em abril, mas a diferença é pequena, apenas 671. Como a nação vem batendo 4 mil óbitos só por covid diariamente a ‘ultrapassagem’ deve acontecer nos próximos dias.

De acordo com dados históricos, a população do Brasil só cresce nos últimos 120 anos. Mas a natalidade vem caindo aos poucos. Os números apresentados pelo Registro Civil e que constam na reportagem comprovam esse fator.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) previa que as mortes superariam os nascimentos pra valer a partir de 2047, quando iniciaria a redução populacional no Brasil. Contudo, a pandemia de covid-19 pouco controlada deve acelerar esse fenômeno em anos.

Muitos brincavam que os casais teriam mais tempo para ter filhos ficando em casa. Porém, a verdade apontada por estudiosos da área é que a preocupação com a situação sanitária e econômica faz homens e mulheres adiarem os planos, derrubando ainda mais a natalidade.

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