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Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda vacinação contra covid em crianças de 5 a 11 anos

Foto: JEFF KOWALSKY / AFP

A Sociedade Brasileira de Pediatria faz defesa enfática da inclusão de crianças a partir dos 5 anos de idade na vacinação contra a covid. Em pelo menos 16 países, crianças já estão sendo imunizadas contra a doença. No Brasil, apesar da autorização da Anvisa desde o dia 16 de dezembro, o governo não incluiu oficialmente essa faixa etária no Programa Nacional de Imunizações.

Nesta segunda-feira (3), o ministro Marcelo Queiroga, por sua vez, deu os primeiros indicativos de que a vacinação contra covid para crianças vai começar em janeiro.

“Na segunda quinzena de janeiro, as vacinas [para crianças] começam a chegar e serão distribuídas como nós temos distribuído”, disse o ministro da Saúde sem dar detalhes sobre quantidade.

A Sociedade Brasileira de Pediatria publicou em carta (veja abaixo) junto à Sociedade de Imunizações e à Sociedade de Infectologia que “apoiam a autorização da vacina Comirnaty (Pfizer) para as crianças na faixa etária solicitada pelo fabricante”.

“Quando se decide pela introdução de uma vacina num programa de imunizações, não se deve somente olhar para o número de óbitos evitáveis, mas para dor, sofrimento, hospitalização, consulta a serviços de saúde, ocupação de leitos em terapia intensiva, transmissão e uso de medicamentos”, diz o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri.

Nota de alerta

Em nota, a Sociedade Brasileira de Pediatria mostra que mais de 2.500 crianças e adolescentes morreram de covid no Brasil. Entre crianças e adolescentes hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por covid-19 no Brasil, a taxa de letalidade foi de 7%.

“Vacina-se para prevenir hospitalizações, sequelas, uso de antibióticos, visitas aos serviços de saúde, ocupação de leitos em UTI, entre outros”, cita o documento da Sociedade Brasileira de Pediatria.

“A presença de uma variante como a Ômicron, com maior transmissibilidade, mesmo se comprovada sua menor gravidade, torna grupos não vacinados (como crianças menores de 12 anos) mais vulneráveis ao risco da infecção e suas complicações, conforme vem sendo observado em outros países com presença desta variante. Neste contexto epidemiológico, estamos convencidos que ampliar o benefício da vacinação a este grupo etário é sim uma prioridade”, conclui.

O pedido da entidade caminha junto com as informações repassadas na última semana pelo pediatra ponta-grossense, Ângelo Luiz De Col Defino. Em entrevista ao DC, o médico enfatizou que quase 600 crianças com covid-19 morreram no Brasil desde o início da pandemia. Mas as mortes não representam a única justificativa para a aplicação do imunizante.

“A vacina também protege das formas graves da doença. E, na criança, além da situação aguda, existe também a síndrome multi sistêmica, que pode aparecer como sequela semanas depois de ter a covid”, diz, se referindo à inflamação que atinge diferentes órgãos do corpo. “Temos que pesar os custos e os benefícios. Nos últimos meses tivemos mais mortes de crianças por covid que por meningite”, relatou.

Ministério encerra consulta pública

Foi encerrada no domingo (2) uma consulta pública aberta pelo Ministério da Saúde sobre a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos. Nesta terça-feira (4) haverá uma audiência pública com especialistas de diversas correntes sobre o assunto na sede da pasta, em Brasília.

A lista oficial de participantes ainda não foi divulgada pela pasta. Representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) vão participar do debate. Na quarta (5) a Saúde vai formalizar decisão sobre o assunto.

Questionado sobre o tema nesta segunda (3), o ministro Marcelo Queiroga ressaltou que a consulta pública não foi um “referendo” e nem um “plebiscito”.

“Nem é referendo, nem plebiscito. É uma consulta pública, seguida de uma audiência pública na qual os especialistas das diversas correntes vão poder discutir para a sociedade tomar conhecimento. O objetivo disso qual é? Oferecer aos pais as informações necessárias para que eles possam tomar as melhores decisões para os filhos”, explicou.

A consulta pública para vacinação de crianças foi contestada no Supremo Tribunal Federal (STF). A ministra Cármen Lúcia deu prazo de cinco dias para que o presidente Jair Bolsonaro e Queiroga prestem informações sobre a medida.

“Retardar a vacinação de crianças no programa de imunizações significa colocar em risco as crianças, que a partir de uma nova onda podem ser gravemente acometidas. É um direito das nossas crianças serem vacinadas. Temos razões éticas, epidemiológicas, sanitárias e de saúde pública para iniciar o mais breve possível a vacinação das crianças”, comenta o presidente do DC de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri.

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