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Um feliz encontro e as contradições do Brasil

Um feliz encontro e as contradições do Brasil

Neste momento em que a acentuada perda de competitividade ameaça a viabilidade econômica da indústria brasileira, colocando em risco também as suas vertentes social e ambiental, é interessante conhecer melhor a visão sobre sustentabilidade do canadense Maurice Strong, uma das maiores autoridades mundiais no assunto. Daí o significado dos entendimentos mantidos pela Fiesp, por meio de seu Departamento do Meio Ambiente e de seu Conselho Superior do Meio Ambiente, que congrega numerosos especialistas em ecologia, para a troca de informações e experiências.

Maurice Strong, inicialmente empresário do setor petrolífero, foi idealizador da primeira Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, na Suécia, em 1972.  Depois, desempenhou a função de secretário geral dos dois grandes eventos correlatos que se seguiram: a Eco-92 e o encontro da ONU em Joanesburgo. Atualmente, ele é consultor do governo chinês na área de desenvolvimento sustentável.

A interação de Strong com a Fiesp é um feliz e oportuno encontro, somando a experiência de um dos grandes especialistas mundiais no tema com lideranças e empresários industriais do país que tem as mais concretas soluções potenciais ante os desafios da sustentabilidade. O Brasil, a despeito da conjuntura mercadológica desfavorável que afeta hoje sua manufatura, premida pelos conhecidos ônus dos impostos, encargos trabalhistas, juros, burocracia e infraestrutura precária, aos quais se somam o problema do câmbio e o crescente assédio de exportadores, tem a maior área agricultável disponível do Planeta, condições inigualáveis de produzir biocombustíveis, tecnologia ímpar para sua utilização em larga escala, clima e solo favoráveis ao cultivo em todo o ano, indústria avançada e quase 200 milhões de consumidores. Como nenhuma outra nação, portanto, temos capacidade de fornecer energia limpa e renovável e alimentos, harmonizando tudo com a preservação ambiental. É a resposta que o mundo precisa!

Nesse contexto, é enriquecedor o olhar do especialista canadense sobre as práticas que vêm sendo desenvolvidas e aplicadas em países com liderança industrial no mercado internacional. É particularmente importante compartilhar a experiência da China, onde, desde a década de 80, ele tem atuado em auxílio aos atores públicos e privados na construção dos parâmetros de sustentabilidade econômica e socioambiental. Note-se que a nação asiática, a despeito dos grandes problemas ecológicos que ainda permeiam sua produção, apresenta os maiores avanços em tecnologias sustentáveis.

Strong tem participação direta nesse processo de mudanças, inimaginável há alguns anos. Assim, a sua abordagem sobre um dos mais relevantes temas da atualidade permitirá reflexão sobre as boas oportunidades do Brasil. Para aproveitá-las, porém, seria pertinente que as autoridades ficassem atentas a algumas lições de outros países, que nos ajudariam a vencer as contradições que continuam mitigando nosso imenso potencial de conquistar o desenvolvimento sustentável.

 

João Guilherme Sabino Ometto é engenheiro e vice-presidente da Federação das Indústrias no Estado de São Paulo  e coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da entidade

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