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O menino coletor de açaí

Dizem que o Brasil é o país do futebol. É também. A habilidade dos pés de tantos jogadores e jogadoras percebe-se pela ginga, pelo drible, pelas embaixadinhas caprichadas que mesmo com a bola enorme comparada ao tamanho das crianças, faz-nos brilhar os olhos. Parece que algumas dessas nossas crianças já nascem com a bola nos pés.  

            Mas o Brasil não é só isso! O Brasil é também o país dos habilidosos pés de menino que nos encantam com seu hábil modo sincronizado para alçar quase um voo até chegar ao topo de um enorme pé de açaí que aos olhos de quem vê parece infinito. Suas mãos encaixam-se perfeitamente na palmeira fina e exuberante. Seu rosto aconchega-se do tronco a cada novo passo. Menino filho do Brasil, menino filho do Maranhão, menino nosso filho. 

            Sem demora, lá está ele. Bem contabilizadas, talvez tenham sido dez manobras até chegar ao topo. Aquela visão que é somente dele eu jamais terei. Uma pelo medo que tenho de subir tão alto, outra pela habilidade da doce infância que ele tem e de mim já é distante.  

            Como é olhar de cima de um pé açaí? Qual a sensação ao vislumbrar daquelas alturas tudo o que está aqui embaixo? Como é ser apenas um no abraço com a palmeira?

            Descer parece fácil… Para aquele menino, sim… Em sua inocência pueril não sente os perigos que aos olhos dos adultos poderiam ocorrer. Dez passos para subir, sete passos para descer.  Uma bela palmeira que se torna belíssima quando o menino se transforma em parte dela. Uma perfeita harmonia entre o ser humano e a natureza.  Ambos divinos, ambos humanos! E Deus os fez um para o outro.

            A palmeira continua lá, elegante e generosa, oferecendo seu saboroso e rico fruto, encantando os nossos olhos admirados.

            Ambos sentem-se sós estando longe um do outro.

A saudade permanece no coração do menino até o próximo encontro. A palmeira trabalha sua saudade gerando outros frutos. O menino trabalha sua saudade na esperança do reencontro enquanto aguarda o trabalho da natureza no amadurecimento dos frutos que colaboram no seu sustento.

            Sentem-se unidos quando, num abraço cheio de ternura, o menino renovará mais um encontro preparado na natureza pelo Criador dos dois. É um novo ciclo. A saudade foi necessária para que houvesse um novo deslumbramento no reencontro que solidificará a união da natureza com a humanidade.

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