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A história do advogado que buscou diamantes e acabou assassinado em PG

ARTE ABERTA_Mineração e garimpo

A história da advocacia em Ponta Grossa é permeada por acontecimentos interessantes e ao mesmo tempo trágicos, a par de nomes de profissionais que honraram sobremaneira a profissão. Como a história do advogado Miguel de Quadros.

Miguel de Quadros, tio do ex-governador de São Paulo e ex-presidente da República Jânio Quadros, deitou raízes em Ponta Grossa no ano de 1909, dedicando-se inteiramente à advocacia. Célebres foram algumas das causas que patrocinou, como a que envolveu as extensas terras da Fazenda das Campinas Belas,  latifúndio de quase trinta mil alqueires, que hoje enlaçaria parte dos municípios de Cândido de Abreu, Reserva, Grandes Rios.

Na década de 1930, manteve acesa polêmica em torno da empresa que fornecia luz elétrica à cidade, debatendo o assunto em Juízo e pelas páginas do jornal “Diário dos Campos”, mediante  cartas que respondia não apenas ao proprietário do periódico, José Hoffmann, como também ao Prefeito-interventor da época, Othon Mäder. Suas petições, feitas à máquina de escrever e muitas delas ainda manuscritas, demonstram o saber jurídico e combatividade do signatário que, corajoso, sem travas na língua, mas sempre no afã de defender seu constituinte, arrumava inimigos e suscitava antipatias.

Alguns de seus contemporâneos com quem tive a oportunidade de conversar, como o falecido dr. Germano Justus, diziam que Miguel de Quadros tinha algo de explosivo e de intolerante. No entanto, com virtudes e com defeitos, esse pioneiro da advocacia princesina não foi picado pela mosca azul da política partidária. Exerceu a advocacia, tão somente.

Sua atuação jurídica também se fez sentir em importantes questões locais: em junho de 1922 deu conformação legal ao Centro Comércio e Indústria de Ponta Grossa, embrião da futura Associação Comercial. Em 1924, organizou e fundou, em companhia do médico Francisco Búrzio e dos empresários José Pedro da Silva Carvalho e Ernesto Guimarães Vilela, a Empresa Paranaense de Mineração e Colonização, destinada à exploração de diamantes, ouro e carbonatos, no leito do Rio Tibagi.

No ano de 1932, quando os getulistas instauraram devassa na administração do ex-prefeito Victor Baptista, de viseira erguida, Quadros promoveu a defesa do acusado, mesmo debaixo de estrondosos petardos disparados por Juca Hoffmann, redator do “Diário dos Campos”.

Porém, o começo das dificuldades que o levaram à morte por assassinato, segundo voz corrente, teria acontecido ainda na ditadura de Vargas, quando ficou preso por alguns dias por suposta determinação do Interventor Manoel Ribas. Ambos eram amigos e o desentendimento tivera cunho pessoal. Depois, mercê do gênio altivo e irrequieto de Quadros, a situação descambou para outras esferas.

(continua)

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