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Falsos Heróis

Laércio Lopes de Araujo*

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Os Estados Unidos têm um dia de afirmação da nacionalidade, o 4 de julho. A França tem o 14 de julho, a queda da Bastilha. O Brasil tem o 21 de abril, o 7 de setembro e o 15 de novembro. Haverá um problema nisso?

Estamos acompanhando o Processo de Cassação da Chapa Dilma-Temer se tornar um teatro de fancaria. Uma forma didática de desacreditar as instituições e de demonstrar a absoluta inoperância, ineficácia e irrelevância de uma coisa chamada Justiça Eleitoral.

Enfim, nossos heróis são falsos, nosso Sebastianismo, herdado do Bandarra em Portugal, é uma busca do herói às avessas, é uma procura atávica pelo Macunaíma.

Em 21 de abril saudamos a memória de um Alferes do Exército Português, que tinha como atribuição a proteção da Estrada Real entre a Corte do vice-reinado e a capital da província das Minas Gerais. O Alferes não só traiu os seus deveres, como foi infiel à farda que vestia, morto por traição, buscando a independência das Minas Gerais, foi tornado herói e assimilado à figura de Cristo por uma República ilegítima e perjura. 21 de abril é a lembrança de um anti-herói estilizado.

O 15 de novembro recorda com dois dias de antecedência o ato de um marechal gotoso, ciumento, irascível e manipulável, que para impedir Silveira Martins, um desafeto de amores antigos, e após ter dado um Golpe de Estado para destituir o Visconde de Ouro Preto, se submete à vontade de um professor de matemática medíocre. Baixa, então, um decreto estabelecendo a República.

Temos ainda o Rui Barbosa, ainda louvado e cantado nas formaturas de direito, como o exemplo de político e diplomata, mas que foi perjuro, traiu o Imperador a quem servia, morreu com a patente de general, concedida pelo Generalíssimo em 1890, e se arrependeu tarde demais da participação na instalação de um sistema político perverso e oligárquico.

Não obstante isso, nós os brasileiros, continuamos buscando um salvador da Pátria. Primeiro foi Collor, que tornou a república um imenso quintal da dinda, depois o Lula da Silva, que trouxe todas as mazelas mais escabrosas para o centro da administração pública e, de forma cândida, diz que não há brasileiro mais honesto do que ele.

Precisamos repensar o que queremos deste país, se queremos sempre novos salvadores da pátria, vários feriados que fabricam e renovam mentiras históricas, se desejamos que a população pague sempre pelas invenções lunáticas de anti-heróis que não se vexam em falar candidamente sobre seus feitos nunca antes realizados na história do país, mas que o devolvem ao passado, não a um futuro digno e promissor e cobram a fatura do povo que paga impostos.

Cada vez que vemos a comemoração do que não é verdadeiro, mas propaganda para legitimar o poder de uma oligarquia que se perpetua desde o fim do império, quando vemos heróis que são perjuros, heróis que não queriam o que se lhes atribui, heróis que são maus caráteres, heróis que não sabem nem quanto ganham, porque justificam suas estripulias com uma biografia fabricada, percebemos que o Brasil precisa de outros dias de feriado nacional, talvez o do nascimento da Velhinha de Taubaté.

Está na hora de o brasileiro não mais acreditar no Estado como solução para todos os seus problemas, de reescrever a sua história, e de deixar de perseguir a figura mítica de Dom Sebastião. Está na hora de o Brasil mostrar a sua cara!

Ou será esta que está aí?

 

 

 

*O autor é médico e bacharel em direito formado pela Universidade Federal do Paraná, atua em psiquiatria há 27 anos, Mestre em Filosofia e especialista em Magistério Superior.

 

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