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Caldeirão Cultural

Divulgação

Na Bandeira do Paraná o Cruzeiro do Sul e os ramos do pinheiro e da erva-mate

Panela no fogo, borbulhando em fervura, adiciona os ingredientes, aguarda a cozedura, baixa o fogo, põe temperos e especiarias, serve com fartura. Quem fez do Paraná um caldeirão em sabor e alegoria? Seria o povo um prato original onde se misturaram as culturas? Quem adicionou as pitadas coloridas, imaginaria a iguaria? O olhar do espectador não tarda em admirar, da miscelânea uma identidade foi abarcar?

Quando os escravos finalmente foram libertos, nas fazendas de café do norte do Paraná eclodiram as demandas em mão de obra. A ex-província de São Paulo obtinha sua independência, o recém-criado Estado do Paraná, tão jovem, hoje, com pouco mais de 160 anos. Era necessário formar povo, fertilizar a terra primeira, com sementes humanas auspiciosas. O convite para outros povos, da Europa, do velho mundo, com sua força ancestral, interagirem nas novas terras em colonização. Como se plantam mãos? Quem seleciona mudas em forma de mãos? Corações e mentes desejosos em construção. Dos braços promissores surgia toda a riqueza em volição.

Dentre tanta pluralidade cultural presente no Brasil, porta o Paraná um dos mais variados mix de etnias da República Federativa. Quanta elegância! Um berço acolhedor a receber, a valorizar e imiscuir todas as etnias; como um artista plástico, que ousa em cores e, na tela, não teme pincelar do prússia ao limão. Poloneses, ucranianos, japoneses, alemães, holandeses, portugueses, italianos, espanhóis e tantos outros, totalizando 28 etnias. Quando o mix cultural é pouco diversificado predominam as características puras da origem, mesmo que através das peculiaridades das regiões de onde os povos imigraram. O perfil de hábitos e costumes adquire contornos mais rígidos, gerando expressões polarizadas, como no caso dos demais estados do Sul do país, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com predominância de descendência italiana e alemã. Foi “acusado”, o Paraná, de possuir pouca identidade devido à grande diversidade de influências e etnias culturais. Como poderia a diversidade e a tolerância à diversidade ser falta de identidade? Porque uma obra de arte utiliza uma paleta maior de cores, expressaria menos arte?

A paisagem se sobrepôs, a nobreza das araucárias, o Pinheiro do Paraná, mitos, lendas e heróis, ajudaram a fortalecer uma identidade. Nas décadas de 20 e 30, o Paranismo tomava corpo, valorizando do estado as belezas naturais e a geografia como cenário para os bons feitos do seu povo. Agora sim, o mix de tantas cores ganha forma em reconhecimento e valorização.

Na bandeira do Paraná, uma elegância e uma nobreza de rara altivez. Do branco da paz ao verde que tudo abarca, um espaço sagrado que acolhe a todos. Não obriga, não força, expressa, em vez disso, um convite distinto para compor uma cultura que tem por graça e benção divina arregimentar todos.

No conceito de cultura um conjunto de conhecimentos, artes, crenças, moral, leis e costumes de uma sociedade. No Paraná um estado de almas coloridas que se revelam na elegância que valoriza e compartilha a vida.

 

Renata é escritora, integrante da Academia de Letras dos Campos Gerais e da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes.

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